Crônica

CINEMAS DE RUA

O Pax lembra séries sequenciadas aos domingos. O Caiçara, grandes clássicos do cinema. O Jandaia, filmes de Carlitos e de Cantinflas. Do Cid vem o lembrar da inauguração, filme “Candelabro Italiano”, cujo tema musical acompanhou toda sua existência, abertura de cada seção diária. Lembranças aleatórias, apenas escolhidas algumas para introdução. Não estão esquecidos o Cine Centenário, o Cine Rivoli e o pequeno Cine São José. Outros vieram e se foram antes, conhecidos de outras gerações, como o Déa e o Almeida Castro. Referência de uma época, os cinemas de rua foram desaparecendo aos poucos das cidades do Brasil. Assim como em Mossoró, não há mais em Natal o Rex, Nordeste, Rio Grande, São Luiz, São Pedro, São Sebastião, Old, Panorama e 2 de Março; em Pau dos Ferros o Lourimar; o Miramar em Areia Branca; tampouco o Cine Teatro Pedro Amorim na praça Getúlio Vargas, em Assu. Caicó apenas recorda o Pax, Alvorada, São Francisco e Rio Branco. Olhando para fora do Rio Grande do Norte, o Cine São Luiz, na Praça do Ferreira, Fortaleza, é, talvez, a única exceção.

Para frequentadores habituais até a moça da bilheteria era algo familiar. O emprego era estável. Porteiros eram também conhecidos. Mesmo alguns “habitués” eram figuras marcantes. O “clima” do cinema irradiava-se por suas proximidades. Já em suas calçadas o colorido dos cartazes das próximas exibições e as balinhas, chicletes e pipocas compradas de humildes autônomos, antes de se tornarem negócio agregado das grandes redes. Dentro, precedendo os filmes, o ambiente irrequieto das seções matinais e vespertinas dos domingos contrastava com o silêncio quase solene, pontuado apenas por som ameno de grandes orquestras, nas seções noturnas, até que O Guarani, de Carlos Gomes, O Al di là ou um simples gongo convidasse todas as atenções para, primeiro o “Jornal”, depois os “trailers” e, finalmente, a película que levara o expectador, naquele dia a aquele cinema.

Os locais atraiam pessoas às ruas à noite. E propiciavam no seu entorno negócios relacionados à gastronomia ou entretenimento: bares, lanchonetes, sorveterias. O fim da seção nos cinemas do centro sugeria um sorvete na Oasis ou Stick Bom, um lanche no Pavilhão Vitoria, no Merendinha, um cachorro-quente no Fransquinho. Talvez uma ida à Churrascaria O Sujeito ou ao Bar Umoarama. A mesma lógica que vigorava entre os cinemas de bairro e sua vizinhança. Valia até voltar direto do cinema para casa. A pé.

 

Notícias semelhantes
Comentários
Loading...
Page Reader Press Enter to Read Page Content Out Loud Press Enter to Pause or Restart Reading Page Content Out Loud Press Enter to Stop Reading Page Content Out Loud Screen Reader Support