CRÔNICA

HOMENAGENS REVISTAS

Não é incomum a prática de se retirar homenagem antes prestada a uma figura pública cujo nome identificava rua, praça, monumento, instituição, prédio, projeto, etc. O novo homenageado pode ser tão meritório ou mais que o antigo. Mas pode ser discutível a perda da honraria prestada ao anterior. Há exemplos em Natal e Mossoró.

Em Natal, o principal estádio de futebol, originariamente denominado Humberto de Alencar Castelo Branco foi rebatizado como João Claudio de Vasconcelos Machado, o popular “Machadão”. A mudança, nesse caso, soou natural. Se o antigo patrono não tinha menor relação com o futebol potiguar, João Machado era a própria cara do cartola-raiz, “reinando” inconteste por mais de 30 anos na federação que congrega os times do RN, atuando também na crônica esportiva, com sua figura superlativa e suas “tiradas” nem sempre sutis que levaram, inclusive, à suspensão temporária ou retirada do ar de emissora de rádio em que trabalhou. Mas o tempo passou e eis que do “Machadão” restam apenas lembranças que tendem a desaparecer com a geração que o conheceu. O que se construiu em seu lugar tem nome de uma casa de jogos virtuais, mediante patrocínio comercial.

Augusto Severo também deixou de ser o nome do aeroporto de Natal. É difícil imaginar, no Rio Grande do Norte, algo mais apropriado para lembrar Augusto Severo de Albuquerque Maranhão. O insigne norte-rio-grandense homenageado em Paris como inventor e um dos mártires dos primórdios da aviação é pouco conhecido em seu Estado.

Mossoró tem o caso da troca de denominação da rodoviária. A primeira tinha o nome do ex-prefeito Antonio Rodrigues de Carvalho. A segunda versão, construída em outro lugar, apagou o nome do antigo alcaide. Toinho faleceu magoado, mas talvez ficasse mais aborrecido se visse o estado atual da estação de passageiros que levava seu nome.

Há casos em que não houve mudança de nome, mas por alguma razão ou desconhecimento a pessoa homenageada é preterida. É o caso da Praça Pedro Velho, em Natal, que um dia referida por alguém de Praça Cívica, tem esse nome não oficial incentivado pela imprensa e por administradores municipais, que até poderiam fazer a troca, se entendem que o político potiguar (por coincidência irmão de Augusto Severo e de Alberto Maranhão) deve ter seu nome suprimido do logradouro. Aproveito e pergunto: a antiga escola onde os alunos do Colégio Estadual eram iniciados em trabalhos manuais ainda existe e se chama Artesanato Vingt Rosado? E o Hospital da Mulher, ainda ostenta o nome da velha parteira das Barrocas, Maria Correia?

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