Centrão é comigo mesmo, TÁOKEI
Em abril de 2020 escrevi “Bolsonaro com Centrão, tem impeachment não”. Um ano e três meses depois volto a falar sobre o mesmo assunto, em volta de uma pitada de horror, que são as notícias recorrentes da manobra palaciana em aplicar um golpe de Estado numa eventual derrota de bolsonaro (com “b” minúsculo) nas eleições do ano que vem ou, o que parece ser uma piada, mas não é, caso as eleições não ocorram com cédulas impressas.
Que o governo continua sem merecer crédito, isso é fato. Claro, por parte de quem está sofrendo com essa esculhambação que está o país, já que uma pequena parcela está muito satisfeita com as medidas econômicas adotadas até agora. Vale lembrar que o vento sempre sopra em direção à Avenida Paulista.
E por falar em vento, ele não sopra só em direção à Paulista. Antes de chegar em São Paulo, ele passa pelo Congresso Nacional, pois tem um bloco lá que gosta de apreciar um bom vinho com dinheiro público. Chama-se Bloco do Centrão. E sabe quem é o Mestre-Sala? Ciro Nogueira (PP) e o Porta Bandeira? É ele mesmo, o MInTO (sem partido). Nesse bloco não tem Ala das Baianas, isso porque as baianas merecem todo nosso respeito e admiração e não se metem em roubadas.
E por que Ciro Nogueira é o mestre-sala? Porque gosta de transitar pelas belas salas do Palácio, ou vocês não se lembram do período em que o mestre-sala bajulava Lula Não faz muito tempo que o senador disse numa entrevista a TV Meio Norte que Lula foi “o melhor presidente do Brasil” e que “Bolsonaro é um fascista e preconceituoso”. Dá para confiar num homem desse? Claro que dá. É só perdoar a “ofensa” e confiar.
Afinal de contas, o Centrão é quem segura presidente nesse país. Dentre todas as MENTIRAS que bolsonaro já disse, todas as promessas vãs feitas durante a campanha e depois de eleito, a maior foi de que seu governo não se renderia a velha política do “toma lá, dá cá”. Ele não precisava dizer isso, pois o Brasil inteiro sabe que nenhum presidente(a), governador(a), prefeito(a) governa sem essa prática. É tudo em nome da governabilidade.
É o jogo da política, não tem nada de crime em se aliar a conservadores ou liberais, centro, esquerda ou direita. A questão é, qual a moeda que está sendo trocada? São cargos? tudo bem. Ministérios? Tudo bem. Emendas? Tudo bem.
O que o presidente recebe? Esses são outros quinhentos. Se dá, em troca de blindagem para os crimes, abusos, ameaças, desprezo, desvio de verbas, prevaricação e outros desmando que o presidente cometeu ou venha a cometer, aí o jogo deixa de ter uma conotação política de governabilidade para a de bandidagem.
Se for por essa linha, o histórico do Centrão é rico. A folha corrida de seus integrantes faz o leitor e o eleitor correr… para longe.
Ciro Nogueira na Casa Civil. Já se viu um negócio desses. É brincadeira. Estou imaginando o seguinte diálogo entre o MInTO e o MESTRE-SALA.
MInTO: – Você me chamou de fascista e preconceituoso?
MESTRE-SALA: – Foi um mal-entendido daquele jornalistazinho de merda, ele me induziu. É um comunista.
MInTO: – Táokei, Táokei, Táokei. Esses comunistas são todos iguais, quando o Centrão me livrar do impeachment vou acabar com todos eles.