AI-17 à vista, mas ainda evitável
Espero estar enganado, mas tenho motivos para acreditar que em breve teremos a face mais violenta e agressiva do estado ditatorial que hoje vigora no Brasil. Bolsonaro constrói, com régua e compasso, o seu AI 17. Não é apenas por seus arroubos totalitaristas. Quem põe em prática uma pauta tão criminosa, ardil e corrupta como a que ele comanda, tem a completa consciência que somente com um golpe será possível se manter no poder. Há uma questão bem prática que corrobora isso: Bolsonaro demitiu o ministro da Defesa porque este não quis embarcar nas barbáries golpistas do presidente. Isso significa dizer que quem aceitou o cargo concorda com essas propostas do ditador tupiniquim.
As atuais circunstâncias mostram que o golpe não está descartado e poderá acontecer. A preocupação de Bolsonaro não é garantir que seu atual mandato seja cumprido na integralidade. Ele não está pensando no agora, mas no futuro, sobretudo a partir de primeiro de janeiro de 2025. O presidente sabe que a sua ascensão ao poder foi resultado de uma conjunção de fatores que não se repetirá em 2024. Grande parte da mídia golpista já o abandonou. A Lava Jato sabemos, não terá como fazer o vergonhoso papel de tirar adversários do caminho de Bolsonaro. O Centrão só o acompanhará se perceber nele grandes chances de um novo sucesso eleitoral. Não é o que o horizonte aponta, pelo menos por enquanto. De certo, ao seu lado, o Escritório do Ódio a disseminar mentiras e propagar cizânias. Poderá, também, contar com a sorte de ser salvo por algum atentado à sua própria integridade física.
Para que o AI 17 não vire realidade será necessário percorrer um dos dois caminhos adiante. Um longo, de difícil trajeto, íngreme, doloroso, custoso, mas necessário: desfazer toda a costura amarrada por Bolsonaro na tessitura de seu projeto de ditadura sangrenta. Isso significa retirar Bia Kicis da presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Federal, barrar projetos autoritários, como o que lhe permitiria instituir estado de sítio ou de defesa; desmontar o Gabinete do Ódio, sepultar qualquer tentativa de se estabelecer o voto impresso, fazê-lo pagar pelos crimes que vem cometendo até agora, desaparelhar a Polícia Federal e responsabilizar o procurador geral da República pelas prevaricações que tem protagonizado desde que aceitou ser braço miliciano do presidente no Ministério Público Federal (MPF).
O outro não menos tortuoso – mas quase impossível de acontecer – é o processo de impeachment. Se um desses caminhos não for percorrido com êxito, teremos que conviver com a sanha absolutista de Bolsonaro não apenas por outros 4 anos de mais um mandato, mas por um período cuja extensão é difícil de mencionar. Março de 1964 nunca durou tanto tempo.
VOLTA PRESENCIAL
Pegou muita gente de surpresa a recomendação do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) de retomada das aulas de forma híbrida: metade dos alunos em sala de aula e metade de forma remota.
VOLTA PRESENCIAL II
O Rio Grande do Norte vive o pior momento da pandemia desde o surgimento da Covid. Soa desarrazoado demais uma proposta dessas em um momento tão crucial.
MAIS PERDAS
A rede municipal de ensino de Mossoró perdeu hoje a professora Ecílvia Batista de Araújo. Ela lutou bravamente contra a Covid, mas foi vencida pela doença. Lamentável. Aos familiares e amigos, nosso sentimento de pesar.
TRISTE CENÁRIO
Para registro e reflexão: chegamos a 3.950 mortes por covid apenas nesta quarta-feira, 31/3.