Um exórdio para Galileu

Ludimilla Oliveira é Reitora da UFERSA

Naquela manhã de 09 de novembro de 1992, acordei cedo e o sentimento que invadia meu ser, tinha um misto de alegria, medo, ansiedade e fé. Logo percebi que meu corpo frágil, após nove meses de uma gestação de alto risco, que começou aos 16 anos e com pouco mais de 17 anos, não era o mesmo.

Às poucas dores, compensaram os noves meses de uma gravidez difícil, com pouco peso, sem nenhum registro fotográfico, com poucos exames, acompanhamento simples e público, muito enjoo, muitos desafios, nada de chás, nada de festinhas de saber o sexo do bebê. Mas, eu tinha certeza: era um menino.

O caminho para o hospital, levou meu coração preocupado com o futuro a palpitar muito mais, era chegada a hora de conhecer Galileu, de ver o seu rostinho. As horas que antecederam o parto, foram o prelúdio para tergiversar em plena sala de pré-parto. Muitas mulheres choravam, gritavam, e clamavam “meu Deus me ajude”, afinal eram as dores da vida. Lembro como se fosse hoje, que num ímpeto quando fiquei sozinha, assustada e sem saber o que fazer pedi a uma enfermeira algo curioso – deixe eu ligar para minha mãe, e eu liguei.

A conversa foi muito rápida, mas confortante em saber que dentro de algumas horas eu poderia já ter a criança em meus braços. De repente, uma imensurável sede com a angústia e o medo de passar por um parto normal, ali eu só tinha 17 anos e apesar da muita leitura, a experiência de vida era ínfima.  Ao desligar o telefone, me aproximei da janela olhei para o céu e orei, conversei com Deus sobre tanta coisa em pouco tempo, era necessário.

Quem era Ludimilla Oliveira, uma jovem que sempre gostou de ler, estudar, de ser sozinha, reservada, obesa até os 10 anos de idade, que foi criada ajudando seus pais, que sempre trabalhou e ficou adulta antes do tempo. Quando vejo mulheres, falando de mulheres defendendo direitos, enfim sempre penso na verdadeira luta de uma mulher, que poucas mulheres desconhecem, apenas um parêntese para a memória.

Passavam das 13:00hs e a entrada para a sala de cirurgia havia sido garantida, confesso que fiquei feliz, logo esqueci do copo gelado de água que havia tomado. O procedimento inicia, eu de olhos fitos corajosamente enfrentei tudo, com direito a vômito e tudo mais.  Mas, quando eu vi aquela criança envolta da pelica com olhos abertos, tranquilos, pouco choro, cabelos pretos eu senti nascer dentro de mim mesma outra pessoa.

O olhar de Galileu, já me animava, confortava, me aconselhava e me dizia mãe tenha calma. Sem dizer uma palavra aquela criança frágil parecia muito mais forte que eu. A primeira noite ao meu lado, já foi trazendo a paz, a esperança e o sentimento de acolhimento e amor.

Meu único filho, meu amigo de todas as horas, chistoso e jaez assim é Galileu. Adstrito, numa coalização de amor e confiança, realmente a minha história de vida se confunde com a dele. Pois, sempre fui dona de casa, fiz meus afazeres domésticos, estudei, trabalhei, fiz tudo para o que sou hoje com meu filho ao lado de minha família. Ser alegre mãe de filho é mesmo uma dádiva divina.

A maior idiossincrasia de sua chegada em nossas vidas, é a virtude que ele nos trouxe e a lição da determinação, do acreditar na vida e nos sonhos. Coragem pra vencer os desafios não faltam para o dr. Galileu Galilei, ipsis verbis. Então, bênçãos de Deus, saúde e paz, prosperidade é o que te desejo.

Subscreve, mainha!

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