Em cada dia, uma lição!
Há dias que as incertezas tomam conta de nós. Parece que já está chegando o fim das coisas e já embriagados de impotências, se desfaz em nós a esperança, a perseverança e o olhar para novos horizontes. São instantes nefastos e ébrios de infelicidade, instantes permeados pela loucura e a insensatez que nos conduz ao caminho da falta de ânimo e fé.
Assim, estava pensando não apenas na fúria cega, muito bem dissecada por Érico Veríssimo, mas sobretudo nas intempéries nebulosas da vida longe da geografia humana, todavia pertencente ao território inacessível: o coração. Às vezes, fico pensando que não apenas o coração, mas a mente é terreno obscuro, dileto e incontável.
Daí, ser tão difícil alguns dias, não por nós. Mas, penso que pelos outros é mais complexo ainda. Principalmente, quando se faz um investimento na acreditação, na confiança, e em processos de comprometimento que são construídos e quando menos se espera, o ser humano está diante da escassez de amizade, de companheirismo e segurança.
Contudo, tenho observado que no mar da poesia se pode naufragar na nau da solidão. Não porque estejamos de fatos sozinhos, todavia pela redundância inescrupulosa das pessoas maculando pensamentos, ações e intermitentes percalços.
A gênese da insegurança é a falta de cobertura espiritual, arregimentada pela fé e pela sinergia. O aporte âncora, depende de nossa relação com outras pessoas, o convívio nos torna mais forte, mais humano, mais dependente e com ela a humildade, a tolerância e a capacidade de perceber as fragilidades que vão ajudar no reparo e na construção de uma grande fortaleza interior.
Em um dado momento da vida, Érico Veríssimo nos adverte ainda :” precisamos dar um sentido humano às nossas construções. E, quando o amor ao dinheiro, ao sucesso nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu.” Para adquirirmos a essência da vida com a simplicidade da natureza, do ambiente que nos rodeia e acima de tudo para visualizarmos nossas falhas, consertarmos nossos erros e seguir tranquilo frente as indiferenças no limbo que concentra a diversidade de situações.
Não que enfrentar as agruras seja tão simples assim. Mas, é preciso ter a resiliência imbuída em cada atitude, na forma de agir e pensar. Afinal, a vida é tão cheia de mistérios e limitações que a sua complexidade pode começar a ser melhor compreendida, na simplicidade da lida e nas condições de vida por ela mesma intitulada, saber viver é bem é o nosso maior desafio.
A longanimidade dos fatos geradores de sofrimento e dor, dependem de um processo de aprendizagem contínua. E a lição só chega ao fim, quando o nosso melhor professor, o tempo, é capaz de discernir se a resistência em nós manifesta, foi capaz de nos tornar mais forte e capacitado para o aperfeiçoamento contínuo da sabedoria nossa de cada dia.