Entrevista

Conversa da semana com Ludimilla Oliveira

No dia 31 de agosto, completou um ano de gestão da reitora Ludimilla Oliveira, à frente da Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Em balanço oficial divulgado pela instituição durante a semana, constam ações e projetos que avançaram e muitos que foram criados na atual administração. Apesar de toda a polêmica e rejeição que envolvem o mandato da atual reitora, Ludmilla demonstra altivez e segurança no comando da Ufersa. Ludimilla Oliveira é a entrevistada de hoje, 4, do quadro Conversa da Semana, e vai contar um pouco de sua trajetória a frente da UFERSA e detalhar os obstáculos que vem enfrentando para conseguir seguir dirigindo a universidade que é referência e serve de modelos para muitas outras instituições de ensino superior Brasil a fora. Durante a entrevista, a reitora Ludimilla destacou as ações desenvolvidas sob sua direção e os projetos futuros para Ufersa, que inclui a expansão de cursos e a possibilidade de abertura de um novo campus na Serra de São Bento.

PORTAL DO RN – Ludimilla, você está completando um ano como reitora da Ufersa, entre as ações sob seu comando está o projeto ‘Uma só Ufersa’, o que quer dizer uma só Ufersa?

LUDiMILLA OLIVEIRA – Primeiro, é uma satisfação estar participando da Conversa da Semana do Portal do RN, do qual também sou colaboradora, e ter esse espaço para falar sobre o nosso trabalho. Eu vou começar explicando, por que escolhemos  “Uma só Ufersa” para ser o foco da nossa gestão. Quando nós começamos a fazer a campanha e a fazer visitas nos campus fora da sede, nós percebemos que havia um sentimento de um maior e outro menor, um sentimento de ser inferior a sede, era como se as coisas acontecessem em Mossoró e não em Angicos, Caraúbas e Pau dos Ferros e isso me deu uma inspiração, que foi não somente fazer uma gestão transparente e inclusiva, mas que trabalhasse de maneira única. Nesse projeto nós nos propusemos a fazer a ‘Reitoria Itinerante’ e todos os meses nós realizamos visitas em todos os campus para ouvir as demandas e avaliar as ações. Então quando nós falamos em uma só Ufersa, estamos falando de uma universidade que venha a fazer a diferença na vida dos estudantes e na vida de quem está em casa, não importa onde este aluno está, a Ufersa tem a missão e o compromisso de fazer a diferença na vida desse aluno.

PRN – Você assume a Reitoria da Ufersa em um ano de pandemia, como você descreve esse desafio?

LUDIMILLA OLIVEIRA – Eu digo que foi no melhor tempo. Por que foi o tempo que Deus me deu. Tempo da dificuldade, tempo do desafio, o tempo de fazer a diferença. Eu assumi no dia 31 de agosto do ano passado em um ano de pandemia com data para início das aulas, 28 de setembro, e não tinha nada pronto. Eu, juntamente com minha equipe fizemos tudo. Quando nós começamos não existia uma resolução, um protocolo de segurança, nada e nós fizemos tudo. Mas eu vou além da sua pergunta, assumir a universidade no meio de uma pandemia não foi o mais desafiador, nós tivemos um enfrentamento político, um enfrentamento aguerrido, um enfrentamento que era capaz de tudo. Mas só podia ser em Mossoró, por que Mossoró é terra de pioneirismo, terra de mulheres guerreiras e nós estamos fazendo a nossa história sim. Eu sou a primeira mulher reitora da Ufersa e me considero uma mulher pioneira sim. E continuo de cabeça erguida assumindo o meu papel de reitora, por que eu não só fui nomeada pelo residente da República, estava numa lista e lista não é fila, tradição não é lei, não existe ausência de legitimidade, o que está faltando é respeito. Por isso eu faço um chamamento, não lute contra Ludmilla, lute por melhorias para a universidade.

PRN – Você destaca os momentos difíceis enfrentados, principalmente pela revolta de estudantes e servidores, qual a sua postura diante das agressões sofridas?

LUDIMILLA OLIVEIRA – Eu fui agredida verbalmente, e felizmente, por conta do local onde eu estava não sofri agressão física. Mas no auge das agressões, os jovens estudantes recebiam incentivos para fazer mais. Por isso eu digo que assumir a Ufersa no meio de uma pandemia, foi tranquilo, o difícil foi enfrentar as agressões, mas em resposta as agressões que eu sofri, eu mostrei trabalho. E o que eu posso dizer a esses jovens é que lutem por causas que realmente importam. Por exemplo, neste ano dois estudantes aqui da Ufersa cometeram suicídio, e cadê a luta dos estudantes para garantir a saúde mental dos colegas? Portanto a minha palavra para os jovens que promovem agressões contra mim é que estudem, se especializem, façam mestrado, sejam referência no estudo, no ensino e na pesquisa.

PRN – Ludimilla, concluído o primeiro ano de gestão, quais são os próximos passos da sua administração?

LUDIMILLA OLIVEIRA – Temos vários desafios pela frente.  A nossa gestão recebeu três solicitações para abertura de cursos e uma solicitação para instalação de um novo campus. E vamos dar continuidade ao plano de gestão inicial que é uma administração transparente, efetiva e inclusiva. Nós estamos trabalhando o retorno das atividades pós pandemia com destaque para os servidores que tiveram covid e ficaram com sequelas, estamos preocupados também com o processo de adoecimento mental de alunos, professores e servidores em geral. No momento, estamos viabilizando meios de promover um retorno tranquilo e seguro para todos que fazem a Ufersa.

PRN – A implantação do curso de Direito em Pau dos Ferros é uma meta da sua gestão?

LUDIMILLA OLIVEIRA – É uma meta e é uma realidade. É uma meta que eu já considero cumprida. Nós estamos aguardando os códigos de vagas chegarem do MEC, e podem chegar a qualquer momento, o projeto político-pedagógico já está nas mãos de uma comissão que nós nomeamos, e o curso vai ser iniciado como deve ser. Esses processos são importantes para que o curso já comece a funcionar com professores motivados.

PRN – Existe uma reivindicação para a criação de um novo campus da Ufersa na Serra de São Bento, existe a possibilidade da criação de mais essa unidade na sua gestão?

LUDIMILLA OLIVEIRA – Essa foi uma reivindicação que nos chegou de forma diferenciada. É uma demanda da prefeitura e da população e já existe um terreno doado pela Câmara de Vereadores do município para instalação do campus da Ufersa. Então, hoje nós temos em Serra de São Bento, uma estrutura nos esperando. Neste momento o estudo de viabilidade está sendo feito, nós vamos submeter a solicitação ao Conselho Universitário, por que nós não podemos criar um novo campus sem antes passar pelo conselho. Mas o que eu posso adiantar é que há uma expectativa positiva para que esse projeto seja concretizado. Foi muito interessante a forma como a população fez a reivindicação do campus, eles reuniram um grupo de pessoas e solicitaram a criação dos cursos de Agronomia, Turismo e Engenharia Ambiental, exatamente para atender as áreas que formam a economia do município.

PRN – A mulher Ludimilla expressa uma força, de onde vem essa força?

LUDIMILLA OLIVEIRA – De Deus. É difícil explicar, mas aos 9 anos de idade eu tive uma experiência espiritual e a partir daí eu nunca mais fui a mesma. Hoje eu sou uma pessoa de fé. Sou casada há mais de 30 anos, mãe de um filho (médico residente), tenho dois irmãos e venho de uma família simples. Fui mãe com 16 anos de idade, uma experiência muito difícil, que quase me custou a vida e tenho meu “acento” na Assembleia de Deus. Quando eu tinha 9 anos tive que conviver com o adoecimento mental do meu pai, e durante a minha infância, eu acompanhei todo o sofrimento da minha mãe e dos meus irmãos e foi uma infância muito difícil. Eu precisei amadurecer muito cedo. Eu tenho uma história de vida que contribuiu para que eu me tornasse uma mulher forte. Hoje eu vejo jovens da idade do meu filho, me agredindo e isso é uma situação que me deixa muito triste. A minha missão vai ser até quando Deus quiser, eu não vou recuar.

PRN – Ludimilla, fique à vontade para fazer suas considerações finais:

LUDIMILLA OLIVEIRA – Eu quero dizer que estou muito feliz, muito entusiasmada e o meu entusiasmo é ainda maior agora, porque no início da gestão, nós tínhamos apenas planos, hoje eu me emociono em ver a concretização dos projetos. Nessa semana eu vi um vídeo dos alunos recebendo os computadores e foi muito emocionante ver a concretização de um projeto. Hoje eu me sinto mais forte, mais firme e a Universidade Federal Rural do Semi-Árido pode esperar da reitora Ludimilla e sua equipe, trabalho. Eu quero dizer que, ser a primeira mulher reitora da Ufersa, é motivo de orgulho pra mim.

 

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