Crônica

CARROS DE PRAÇA

Denominação anterior para taxi e, mais recentemente, carro de aplicativo, a expressão “carro de praça” ou “carro de aluguel” identificou por muito tempo esse importante serviço na vida das cidades, o transporte particular de quem não possui, não pode ou não quer usar em algum momento o carro próprio. Tempo de poucos automóveis nas ruas, principalmente pela grande diferença entre o poder aquisitivo da maioria da população e o preço de um deles, veículos importados ou, caso de alguns modelos montados aqui pela Ford e General Motors desde a década de 1920, importadas todas as peças.

Os carros ficavam estacionados nas “praças” ou “postos” à espera de uma chamada telefônica ou da abordagem direta de um cliente. Os que se tornaram mais conhecidos foram o “Posto Cinco” na Pça. Rodolpho Fernandes, com seu fone 200 (os telefones em Mossoró tinham apenas 3 dígitos) e o “Posto Sta. Luzia, fone 700, ao lado da Catedral de Sta. Luzia. Era comum o chamado direcionado a algum motorista preferencial: Gatinho, Edmilson, Josafá, Zé Riachão, Severino, Simão, Mestre Ivo, entre outros.

Não havia padronização de cor dos veículos ou faixas de identificação, como taxis, e as marcas eram várias: Ford, Chevrolet, Prefect, Citroën. Com os anos 60 vieram o DKW, da Vemag cujas portas dianteiras abriam-se para trás e cujo motor de 2 tempos produzia característica fumaça; o Dauphine e Gordine, da Renault e o popular Fusca, da Volkswagen. No segmento de Jeeps os da Willys já faziam parte do time de carros de aluguel. O Posto Candango surge como exclusivo desse modelo da Vemag que homenageia os construtores de Brasília e, como os demais dessa marca, durou pouco no mercado brasileiro. O candango de Neuzo foi um dos primeiros nesse segmento.

Andar de carro de praça podia ser considerado luxo. Em alguns casos, até esnobação. Como foi dito, a renda da maioria das pessoas era modesta e, assim, o serviço tornava-se caro. Era costume andar-se a pé, de bicicleta ou ainda em montaria animal. Entretanto, tratava-se, de fato, de um serviço de indiscutível utilidade se alguém precisava ir a um atendimento de saúde, voltar de uma internação hospitalar, chegar ao local de embarque para uma viagem, deslocar-se com certa quantidade de volumes ou simplesmente tinha pressa em chegar ao destino. Hoje, entre muitas outras vantagens e necessidades, podem-se acrescentar as distâncias, muito maiores com a expansão urbana, e a segurança. Naquele tempo, admitamos, isso não era tão relevante em uma cidade entre pequena e média e quase toda de conhecidos.

 

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