Vereadores tentam ´engolir´ adversários com conhecimento, mas ´vomitam´ desumanidade
Acompanhei a sessão da Câmara Municipal de Mossoró nesta terça-feira, 16 de junho, ocasião em foi votado o Projeto de Lei 1.235, através do qual a prefeita Rosalba Ciarlini deixará de repassar as contribuições patronais previdenciárias dos servidores públicos da prefeitura de Mossoró. Rosalba também deixará de pagar os parcelamentos e reparcelamentos de débitos anteriores, inclusive de sua gestão.
A maioria dos vereadores da situação passou a sessão quase toda querendo arrotar conhecimento sobre o regimento interno do Legislativo, sobre o funcionamento das Comissões Temáticas. Importante, e necessário, que saibam os trâmites burocráticos e legais do poder a que pertencem. Lamentável é utilizar esse conhecimento apenas para fazer valer a força do poder, a (má) vontade do governo, a destruição de conquistas.
Com todo respeito a vereadores capacitados, como Alex Moacir (PP), Sandra Rosado (PSDB), Aline Couto (PSDB), Francisco Carlos (PP), entre outros, mas é primordial que usem essa capacidade para o bem do povo. Permitir que a prefeita se exima de sua responsabilidade como gestora numa questão tão importante quanto a aposentadoria dos servidores beira o crime, só afastado pelo conhecimento técnico-orgânico que gabam de ser detentores.
Tão vergonhosa quanto essa postura de defender o indefensável é o silêncio subserviente de vereadores como Manoel Bezerra de Maria (PP), Tony Cabelos (PSD) e Maria das Malhas (PSD) que só falaram na sessão para dizer sim aos desejos palacianos. Didi de Arnor (PRTB) sequer se deu o trabalho de falar, apenas acenou com a mão. Rondinelli Carlos (PL) também poupou a retórica. Preferiu o servilismo ao poder.
Risível, para dizer o mínimo, foi o argumento apresentado pelo vereador Nogueira de Dodoca (PP). “Voto porque acredito na competência da prefeita Rosalba Ciarlini”, afirmou o parlamentar num misto de subserviência e desconhecimento da realidade. Caro vereador, se Rosalba tivesse essa competência toda, não estaria abrindo mão dessa importante responsabilidade.
Com riso, chacota, sarcasmo, ironia, conhecimento ou falta dele, o que os vereadores da situação fizeram ontem na sessão da Câmara Municipal foi vomitar desumanidade. Ninguém tem o direito de tripudiar com direito dos outros como a maioria deles fez ontem. Vergonhoso e lamentável.
DEVER DE JUSTIÇA
Sobre o comentário da abertura da coluna, é preciso fazer algumas ressalvas. Primeiro que o vereador Emílio Ferreira (PSD) não estava presente à sessão por causa de luto na família. A Izabel Montenegro coube conduzir a sessão. Como não houve empate, seu voto foi poupado.
DEVER DE JUSTIÇA II
É preciso reconhecer a forma altiva e aguerrida com que a oposição tentou evitar a catástrofe. E aqui citamos todos os vereadores oposicionistas. Nenhum deles votou a favor do projeto. Todos eles apresentaram seus argumentos contra essa barbárie: Gilberto Diógenes (PT), Ozaniel Mesquita (DEM), Alex do Frango (PV), Genilson Alves (PROS), Petras Vinícius (DEM) e Raério Araújo (PSD).
FORA DE TOM
Mesmo com todo apreço que tenho à professora Ludimila Oliveira, por sua luta e história, nossa colaboradora inclusive, discordo de sua declaração – e desejo, inclusive –, de assumir a Reitoria da Ufersa caso venha ser nomeada pelo presidente da República. Ludimila ficou em terceiro na consulta. O segundo colocado, professor Jean Berg Alves, já disse, acertadamente, que não aceitaria.
FORA DE TOM II
É pelo respeito e admiração que tenho pela professora Ludimila que afirmo que o gesto não condiz com sua história e que assumir a Reitoria nessas condições não acrescenta nada à brilhante biografia dela. Seus assessores, familiares e pessoas próximas deveriam dizer isso a ela. Não há nada de ilegal em assumir o cargo tendo ficado em terceiro na consulta, mas algo não precisa ferir a lei para ser feio e reprovável.