ARTIGO

TONY SILVA: A DIVA DA ARTE DE MOSSORÓ PARA O MUNDO

* TANIAMÁ VIEIRA BARRETO


Eis o reflexo de um raio de sol que ilumina, reluz e enobrece a arte de Mossoró com irradiações encandecentes para o Brasil e para o mundo.

Refiro-me a Atriz, Professora, Arte Educadora, com ênfase em Teatro, Oficineira de Iniciação Teatral, Antonia Lucia da Silva, mais conhecida no palco da vida e do mundo artístico por “Tony Silva”. É mulher mossoroense, de cor negra, de voz rouca, que tem demarcado sua vida na Rua Melo Franco.

Tony Silva nasceu no dia 14 de novembro de 1958, tendo como pais Francisco Nogueira da Silva Filho e Otacília Fernandes da Silva. É Licenciada em Educação Física pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), exercendo, além da profissão de atriz, o cargo de professora estatutária do setor público. É solteira, praticante da Religião Umbanda e vive em companhia de seus pais na Rua Melo Franco, 1398, Bairro Bom Jardim, em Mossoró.

Menina pobre, que brincava de cozinhar em panela de barro quando tinha comida em casa, teve uma infância como a maioria das meninas pobres; nunca teve um brinquedo que não fosse ganho no período do Natal.

Ganhava, anualmente, um vestido e um par de sapato de presente para ir à procissão de Santa Luzia. Passou fome dentro de casa com mais quatro irmãos, mas com dignidade; estudaram com muito sacrifício e hoje são senhores e senhoras, donos de seus destinos e respeitados. O pai era marceneiro e a mãe costureira.

Tony aprendeu a ler aos nove anos de idade estudando com um tio, todos os dias. Às vezes, por ela ser sapeca, briguenta, o tio perdia a paciência e lhe enchia de cocorote. Estudou na Escola Rotary, Ginásio Municipal Joaquim da Silveira Borges, Colégio Estadual Jerônimo Rosado, Colégio Elizeu Viana, onde concluiu o Ensino Médio. Fez Faculdade de Educação Física, foi bolsista da FEBEM durante 10 anos, exercendo a profissão na cidade de Baraúna, a 40 km de Mossoró.

Mulher extrovertida entrou para o teatro em 1980. No período em que fazia o Ensino Médio, no curso Técnicas Agrícolas, conheceu o professor Aécio Cândido, que a convidou para participar de uma peça de sua autoria intitulada: Circo Alegria do Povo. A partir daí nunca mais parou.

De início, não entendia muito, pois nunca tinha visto um espetáculo; porém, sua dedicação foi tanta, que foi a primeira a decorar o texto. Foram seis meses de ensaio, sendo hóspede de Aécio. Nesse período conheceu muita gente como João Liberalino, Iremar Leite, Aldenor Gomes, Crispiniano Neto, violeiros, músicos, atrizes, atores, artistas plásticos, desenhistas, políticos, etc, o que a fez se apaixonar ainda mais pelas artes cênicas.

Ao chegar o dia da estreia, três de novembro de 1980, foi que entendeu a situação que tinha se metido. Teve vergonha. Quase não entrava no palco do Epílogo de Campos. A plateia lotada e ela na coxia do palco tremendo.  Foi aí que Aécio empurrou e, uma vez no palco, nunca mais deixou de atuar. Passou dez anos no Grupo Terra de Teatro e três  na Companhia Escarcéu de teatro.

Em 1990 entrou no grupo Nocaute à Primeira Vista, daí saindo em 2000. Fez um curso com Moncho  Rodrigues, participando do espetáculo “Os Desencantos do Diabo”, que fez uma turnê por 21 cidades da Europa e quase todas as capitais nordestinas.

Em 2001 participou do longa-metragem nas Escadaria do Palácio, Lua Cambará, sob a direção de Josemberg Cariri. Participou do documentário sobre o  poeta da Liberdade Fabião das Queimadas, dirigido por Buca Dantas.

Foi a primeira pessoa a fazer propaganda comercial na cidade de Mossoró; realizou a caminhada dos deuses do teatro em prol da criação do Teatro Municipal e Fundação Municipal de Cultura. É a criadora da Louvação do Baobá, reunião dos terreiros de Umbanda de Mossoró. Criou também a Boneca Maria Ispaia Brasa, troça carnavalesca que sai toda terça-feira de carnaval, homenageando dois carnavalescos da cidade. Participou de todos os grandes espetáculos como: Oratório de santa Luzia, Chuva de Bala no País de Mossoró e o Auto da Liberdade, que contam a história da cidade de Mossoró.

Em 2007 ingressou na como sócia fundadora da Academia Feminina de Letras e Artes Mossoroense (AFLAM), ocupando a cadeira 26, que tem como patrona Ivonete de Paula. À frente da Companhia Máscara de Teatro sua participação tem sido ousada em inúmeros espetáculos.

Dirigiu recitais no projeto “Tarde de Domingo”, sob a coordenação do saudoso Felipe Caetano. Dirigiu esquetes para empresas. Conta com 40 anos de teatro. É coralista do Carcará, coral do município de Mossoró, cujo nome foi dado por ela. Foi homenageada no governo de Vilma de Faria, pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte, através do deputado Robinson Faria e pelo presidente da Fundação de Cultura José Augusto, Crispiniano Neto, por seu trabalho como atriz. Foi eleita melhor atriz coadjuvante no Festival de Inverno de Campina Grande, em 1991. Foi homenageada pela Câmara Municipal de Mossoró. Isto é só um pouco da vida dessa mulher que luta pela cidadania do  povo mossoroense.

São 41 anos de teatro, de vida em contínua formação, com a escola e com a arte de ser como sede de aprender e fazer arte; experiência de vida que a faz atriz de teatro, televisão e cinema. Além da formação acadêmica, busca, continuamente, aperfeiçoar-se, frequentando cursos de curta duração, fato que a faz impar.

Inigualável Tony Silva, a Diva da Arte nas Asas da Liberdade, do Sorriso e da Alegria.


* Taniamá Barreto é escritora, poetisa, artista plástica, pesquisadora, palestrante e professora aposentada da UERN. É sócia fundadora da Academia Feminina de Letras e Artes de Mossoró (AFLAM), ocupante da Cadeira 12, além de integrar outras instituições literárias.

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