Reitor pró-tempore diz que IFRN funciona no “piloto automático” e causa revolta
Instituição ainda segue com cargos vazios, dificultando atividades e preocupando comunidade acadêmica
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) ainda está com dezenas de cargos vagos, inclusive pró-reitorias, desde que o professo Josué Moreira foi nomeado reitor pró tempore, pelo Ministério da Educação (MEC) desrespeitando o resultado do processo eleitoral realizado pelo órgão.
Essas vacâncias tem atrapalhado o desenvolvimento das atividades do IFRN e preocupado os membros do Conselho Superior (CONSUP), órgão deliberativo máximo da instituição.
Em reunião do CONSUP da última sexta-feira, 29/5 os conselheiros alegaram que processos fundamentais para a instituição não vem sendo realizados. No encontro, o reitor pró tempore Josué Moreira ressaltou que não há descontinuidade nos trabalhos da Reitoria e que vê como natural a insatisfação por parte dos servidores, pois estes “aguardavam assumir funções e gratificações na gestão impedida de assumir”.
Entre as muitas declarações dadas por Josué Moreira durante a reunião, ter dito que o IFRN está funcionando no piloto automático causou indignação e revolta dos conselheiros. Os conselheiros também não concordaram com Josué Moreira ter dito que há uma “retórica política” dentro da instituição que o prejudica.
“Estamos caminhando com nossos projetos e a máquina está funcionando, parte em piloto automático. Tudo está acontecendo apesar dos insatisfeitos”, declarou o reitor pro tempore.
De acordo com relato da reunião feito pela equipe de comunicação do IFRN, o conselheiro Daniel foi um dos primeiros a rebater a fala de Josué Moreira.
“Estou aqui para ajudar à Instituição. Se o senhor também está, vamos caminhar juntos. Agora, se o senhor quer descumprir o Regimento e manter os cargos vagos na Instituição, se não quer dar encaminhamento à sindicância, teremos de apurar as responsabilidades desses descumprimentos. Porque assumir o bônus de uma CD-1, o bônus do prestígio do título, o bônus de dar entrevistas para órgãos jornalísticos e o bônus de ficar se encontrando com representantes do empresariado de Mossoró, vem com ônus de gerir a instituição. Diante dos prejuízos já percebidos, como as bolsas não pagas a 42 alunos em plena pandemia, é preciso se aferir responsabilidades”, argumentou Lobão.
Já o conselheiro Thiago Lima se disse extremamente ofendido com as afirmações do professor Josué Mofreira. “A insatisfação é com o atual estado de coisas e nisso não envolve questões político-partidárias. Nossa insatisfação se dá no âmbito institucional. Queremos uma gestão comprometida em manter o IFRN como referência nacional e sem interferência política, o que não é a realidade atual”.
Por outro lado, Flávio Ferreira, diretor-geral do Campus Canguaretama e conselheiro no Consup, refutou a tipificação de ‘retórica política’, afirmando tratar-se de descontentamento com a situação que o IFRN vive. “Nosso descontentamento foi expresso, inclusive, em dezenas de notas de repúdio e cartas abertas. Entre elas, destaco duas: aquela assinada por mais de 1500 servidores do Instituto e uma outra, assinada pelos ex-diretores e ex-reitores de Instituição.
O conselheiro Daniel Lobão rebateu as afirmações do reitor pro tempore destacando a vacância de funções na Reitoria, as mudança de gestores entre as pastas e o acúmulo de processos. “Se um processo fica 30 dias parado não é retórica, é fato. Contra fatos não há argumentos e nenhuma retórica salva”, pontuou.
A conselheira Dália Maia pediu a Josué Moreira respeito aos servidores e a despolitização da discussão. “Respeite os servidores do IFRN e pare de repetir que se trabalha aqui em piloto automático. No contexto de uma pandemia, em que todos são afetados e alguns já perderam parentes e pessoas próximas, estamos cumprindo nossas atividades com esforço mesmo diante das dificuldades. Ouvir uma pessoa dizer que funcionamos como piloto automático, como máquina sem sentimentos, é uma fala complicada e desrespeitosa. Peço que não repita essa frase ofensiva!”, disse. (Com informações da assessoria de Comunicação do IFRN)