Ministro do STF diz que a Lava Jato se tornou negócio lucrativo e criminoso
Para Gilmar Mendes, o Judiciário vive grave crise, acentuada porque os órgãos correcionais dos Tribunais e do MP não estão funcionando
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, alvo de ações ilegais da Lava Jato, conforme mostram mensagens vazadas e publicadas pelo Intercept Brasil, Veja e Folha, lamentou, em entrevista à Rádio Gaúcha, ontem (7/8), pela manhã, que tenha se formado uma força-tarefa (Lava Jato) para combater crimes e ela mesma tenha começado a cometer crimes.
Para o ministro, além ter exacerbado em suas ações e ter agido ao arrepio da lei, a Lava Jato se tornou um negócio lucrativo para os seus membros. “Essa coisa de combate à corrupção se tornou lucrativa para todos (os membros da Lava Jato). Em todos os sentidos. Se tornou extremamente lucrativa e irregular”, pontuou o ministro ao responder perguntas sobre as palestras remuneradas m ministradas pelos integrantes da força-tarefa.
As mensagens mais recentes vazadas dão conta de que os procuradores da Lava Jato buscavam, de forma ilegal, investigar Gilmar Mendes na tentativa de construir elementos que justificassem um pedido de impeachment do ministro. “Não se surpreenda se daqui a pouco vierem a falsear conta, ou me atribuir cartão de crédito”, destacou Mendes.
O ministro do STF lançou também dúvidas sobre a validade, legalidade e legitimidade das delações premiadas obtidas pela Lava Jato. “Eu fico a imaginar quantas pessoas foram delatadas a partir de induções desses agentes. Como podem ter manipulado as delações premiadas”. E arrematou lembrando que a maior gravidade da crise do sistema judiciário está no fato de que os órgãos correcionais dos Tribunais de Justiça e do MP não estão funcionando. “Nós estamos vivendo situação de anomia”, classificou.
Questionado sobre a possibilidade de afastamento do coordenador da Lava Jato, Deltan Dalagnol, Gilmar Mendes foi além. “Afastados ou não, eles já não tem mais condição de exercer as funções, porque obviamente se eles forem tomar qualquer ação já estão com onda de suspeitas”, afirmou, referindo-se ao procurador Deltan e ao ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro.