ARTIGO

IVONETE DE PAULA

SÓCIA FUNDADORA DA AFLAM E PATRONA DA CADEIRA 26

TANIAMÁ VIEIRA DA SILVA BARRETO

– (cadeira 12 da AFLAM) –

A Atriz, Radialista, Jornalista, Colunista Social, Professora e Assistente Social, Ivonete Pereira de Paula Barros, filha de Francisco Pereira de Paula, agricultor, e Laura de Paula, dona de casa, nasceu em Upanema em 9 de dezembro de 1939; mas, tendo muito cedo migrado com seus pais para Mossoró em busca de melhor condição de vida, adotando Mossoró como município do seu coração.

Ivonete de Paula teve formação educacional esmerada, como normalista, pela Escola Normal de Mossoró, e Assistente Social, pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Sempre muito estudiosa, costumava estudar sob a luz de uma lamparina, energia era algo muito difícil à época.

Iniciou suas atividades profissionais como professora no Colégio Estadual Jerônimo Rosado, tendo passado no teste de admissão em primeiro lugar. Lá começou a aflorar todo o seu lado artístico.

Quando estudante na UERN atuou no grupo de artes cênicas chamado Teatro Universitário de Mossoró (TUM), nos seguintes espetáculos: Alvorecer, O Vaso Suspirado.

Ivonete também trabalhou como funcionária pública da UERN, de 01 de Junho de 1971 até 15 de dezembro de 2003, tendo começado como Assistente Administrativa, passando a Diretora do Departamento de Serviços Gerais, posteriormente, oficial de administração, e nos últimos anos como Assessora de Eventos do Gabinete da Reitoria.

Seu pai, um homem muito rígido, não lhe dava muita liberdade para as famosas noites da cidade; pois, para ele, o estudo não podia ser colocado de lado. Porém, ela sempre conseguia uma maneira de convencê-lo a sair com os amigos, mas sempre com a hora marcada para voltar, e ela que nem pensasse em chegar atrasada, senão era uma bronca daquelas, além do castigo e o impedimento de sair na próxima vez.

Se a estatura não a ajudava, ela compensava com talento que, segundo alguns amigos, logo se percebera que ela entendia “do riscado”. Ingressou no TEAM – grupo de Teatro Escola de Amadores de Mossoró – sob o comando do Padre Guimarães Neto, destacando-se como uma das figuras mais marcantes do grupo.

Devota de Santa Luzia, padroeira de Mossoró, Ivonete atuou nos anos de 2001 e 2002 no Oratório de Santa Luzia, vivendo, como atriz o papel de Eutychia, a mãe de Santa Luzia.

A Bibi Ferreira Mossoroense, como era denominada no meio artístico do TEAM, dentre os vários elencos que integrou podemos citar: Dona Xepa Pedro Bloch em 1962, protagonista; O Beijo do Asfalto, O Auto da Compadecida; Irene; A Pedra Irreparável; O Simpático Jeremias.

No radio, Ivonete Paula atou como atriz de rádio novelas e o cronista social, na Rádio Rural de Mossoró; também trabalhou como cronista na rádio Tapuio e rádio Libertadora. Enfim, teve uma carreira Espetacular na radiofonia local. Durante a década de 1970 fez o programa Encontro 2 na Rádio Difusora.

A Pequena Notável como jornalista escreveu a coluna Encontro do Jornal O Mossoroense entre 1968 e 1976. Também escreveu a “coluna Ivonete de Paula” no Jornal Gazeta do Oeste entre 1982 e 2000.

Ivonete era inteligente português escorreito e estilo próprio na escrita por vezes com fina ironia, marcou época no jornal e no rádio, também com uma voz inconfundível, foi uma das mais expressivas protagonistas dos eventos sociais da Elite Mossoroense durante quatro décadas 1960 a 2000.

A Pequena Notável de voz imponente, imortal na comunicação e no Colunismo Social, era hábil em transformar pessoas e fatos em manchetes de jornal.

“…Como na vida real, no palco ela era aquela criatura envolvente, aquela figurinha que se agigantava nos papéis fortes que fazia, ou a comediante que fazia rir quando era preciso. Tudo ela sabia fazer na ribalta com maestria. Fazer a plateia rir ou chorar, ela não tinha dificuldade alguma. Grande artista! O teatro de Mossoró muito lhe deve.” (Lauro Monte Filho – Caleidoscópio do TEAM)

Em 1982, Ivonete casou-se com o professor Aluísio Barros de Oliveira, a partir de então passou a chamar-se Ivonete Pereira de Paula Barros, sobrenome que esta jamais retirou, nem com o término do seu casamento no ano de 2002.

Pouco tempo após o seu casamento, Ivonete, em meio a uma série de complicações no parto, deu à luz seu filho Camilo. O parto prematuro e a saúde frágil do bebê foi o início de outra jornada em sua vida. A de mãe.

Em 1987, foi detectado um aneurisma cerebral em seu filho Camilo. Ivonete e sua família mudaram-se pra São Paulo, onde seu filho passou 9 (nove) meses em coma em um hospital da cidade, sendo formadas correntes de oração por toda a cidade de Mossoró, pelos seus amigos e conhecidos, tendo esta vencido esta batalha e voltado a Mossoró com seu filho vivo e recuperado.

Em 28 de julho de 1989, Deus reconhece o esforço de Ivonete como mãe e a presenteia com uma menina, Flora chegava a essa família.

As festas promovidas pela colunista eram badaladíssimas e frequentadas pela alta sociedade mossoroense, uma vez que o requinte e o bom gosto da nobre colunista sempre foram muito admirados.

No ano de 2007, Ivonete participou ativamente de um grupo de mulheres sob a liderança da historiadora, poetisa e pesquisadora de Fátima Castro, do movimento de criação da Academia Feminina de Letras e Artes Mossoroense – AFLAM, da qual é sócia fundadora e patrona da cadeira 26. Neste mesmo ano sua filha Flora se casa com o primeiro agregado à família de Paula Barros, Fábio Holanda, tendo o casal dado à nossa Pequena Notável e ao professor Aluísio Barros o primeiro neto, Victor Matheus, nascido em 16 de julho de 2008.

Porém, antes da chegada do seu primeiro neto, Ivonete, que estava com início de Alzheimer, sofre um acidente vascular cerebral no dia 03 de abril de 2008, fato este que levou a mesma a UTI do Hospital Wilson Rosado por vários dias.

Ela foi abençoada por Deus com a conservação de sua vida e com a preservação de todos os seus movimentos, porém, o processo de perda de memória que antes do AVC já iniciara lentamente acelerou, e assim A Pequena Notável encerrou sua carreira no colunismo social. Sua vida agitada passou a ser calma e o seu precioso tempo passou a ser de sua família.

Pouco mais de um ano após parar de escrever, no dia 05 de dezembro de 2009, a Prefeitura Municipal de Mossoró homenageou Ivonete com uma linda apresentação dos seus colegas do TEAM, que se emocionou muito ao rever os tão queridos amigos.

No mesmo ano, o Hotel Thermas homenageou a colunista com o réveillon classe A, com as características das maravilhosas festas dadas pela jornalista.

Às vezes em que Ivonete saiu após o seu AVC causou alvoroço na imprensa, por se tratar de pessoa tão querida pelo meio. E no casamento do seu filho Camilo e sua nora Anna Patrícia, no dia 26 de fevereiro de 2010, não foi diferente. A imprensa e os amigos da colunista compareceram em peso para partilhar a alegria com a amiga.

Sua páscoa definitiva ocorreu no dia 13 de junho de 2016 deixando sua família, seu legado e seu exemplo de vida para todas nós mulheres, que semeou força, brilho e amor por onde passou.

 

* Várias foram as fontes utilizadas para a construção deste texto, dentre as quais, podemos destacar: Bibliografia das acadêmicas da AFLAM, Plaqueta da ACJUS de autoria da Dra. Átia Cilene


A Escritora, Poetisa e Artista Plástica Dra. Taniamá Vieira da Silva Barreto é sócia fundadora das seguintes academias: Academia Feminina de Letras e Artes de Mossoró (AFLAM), ocupante da Cadeira 12; Academia de Letras e Artes de Martins (ALAM), ocupante da Cadeira 01; e Academia de Ciências Jurídicas e Sociais (ACJUS), ocupante da Cadeira 03. É Titular da Cadeira 08 da Academia Mossoroense de Letras (AMOL) e Patronímica da Cadeira 57 do Conselho Internacional de Letras e Artes (CONINTER). Integra o Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP), a Sociedade Brasileira de Estudo do Cangaço (SBEC), o Museu do Sertão, a Associação Literária e Artística de Mulheres Potiguares (ALAMP) e a Associação dos Escritores Mossoroenses (ASCRIM), além de Sócia Correspondente da Academia de Letras de Apodi (AAPOL).
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