Entidades reivindicam lockdown nacional de 21 dias
Em ação conjunta, Conselhos de Saúde e Frente pela Vida assinam documento que exige ainda auxílio emergencial de R$ 600, apoio às empresas e aceleração da vacinação para todos
Enquanto o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) teta boicotar as medidas restritivas adotadas pelos governadores, os Conselhos Estaduais de Saúde defendem uma proposta ainda mais forte: adoção de lockdown nacional por 21 dias.
Deliberação nesse sentido ocorreu em reunião da mesa diretora do Conselho Nacional de Saúde (CNS) com representantes dos Conselhos Estaduais de Saúde (CES) e Conselhos Municipais de Saúde (CMS) das capitais na quinta-feira (18/03).
Na oportunidade, as entidades assinaram carta conjunta com a Frente pela Vida e se somaram ao movimento Fórum Nacional de Governadores, reforçando uma união nacional em defesa dos brasileiros.
Com isso, conselheiros de saúde de todos os estados reafirmam a urgência de uma ação coordenada entre as três esferas de governo para diminuir o número de pessoas contaminadas e óbitos causados pela Covid-19. O documento exige adoção imediata de medidas restritivas rígidas da circulação de pessoas com a implementação de um lockdown nacional por 21 dias para redução da transmissão.
Também exige a garantia do auxílio emergencial no valor de R$ 600 às pessoas em situação de vulnerabilidade, até o final da pandemia, e apoio às empresas em dificuldades de manter empregos e salários. As medidas devem estar associadas à aceleração da vacinação para toda a população, sob a coordenação do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
“Precisamos reforçar as medidas que podem frear o colapso que estamos vivendo no SUS e esta tragédia humanitária que virou o nosso país”, afirma o presidente do CNS, Fernando Pigatto.
“É um momento importante para nos reunir e afinar nosso discurso, porque a situação é muito calamitosa. Não imaginávamos, nem nos nossos piores pesadelos, que teríamos governos praticando o genocídio da população”, avalia o conselheiro municipal de saúde de Natal (RN) Sedru Cavalcanti.
Falta de diálogo – Diante da mais grave crise sanitária, social, política e econômica instalada no país, os brasileiros enfrentam a superlotação dos hospitais, a fila de espera para leitos de UTI, o risco da falta de medicamentos necessários para intubação e o colapso dos serviços de saúde em todos os estados.
Alguns conselheiros de saúde destacam ainda a dificuldade para dialogar com os gestores (municipais e estaduais) sobre ações para enfrentamento à pandemia. “Precisamos do lockdown imediato, mas temos um problema com a gestão municipal que é a falta de diálogo. Queremos parcerias com os conselhos porque sentimos que o fortalecimento da democracia agora depende muito de nós”, afirma Marco Pinar, do Conselho Municipal de Saúde (CMS) de Florianópolis (SC).
“Nosso sistema de saúde já está colapsado e há uma retaliação. O estado tem tentado engessar o conselho estadual de saúde, não somos convidados a participar de nenhuma ação e só sabemos das notícias pela televisão”, denuncia Idelfonso Silva do Conselho Estadual de Saúde (CES) do Amapá.
Na reunião, os conselheiros de saúde fizeram uma análise da conjuntura e conversaram sobre os desafios do controle social no enfrentamento da pandemia. “Vivemos uma situação de guerra, sem oxigênio, sem medicamentos para intubação, sem respiradores. Os médicos estão precisando decidir quem vai viver e quem vai morrer”, informa a conselheira Inara Ruas, do Conselho Estadual de Saúde (CES) do Rio Grande do Sul.
Vacina – A luta para acelerar o processo de vacinação em todas as regiões e garantir que todos os brasileiros sejam vacinados contra a Covid-19 rapidamente está entre os principais apelos dos conselheiros de saúde. É possível acompanhar informações atualizadas periodicamente sobre a vacinação contra a Covid-19 no Brasil no “vacinômetro”, disponível no site do CNS.
“Queremos vacina para todos. Exigimos do governo federal as devidas providências”, afirma Celidalva Bitencourt, do Conselho Municipal de Saúde (CMS) de Goiânia (GO). “Não queremos armas, queremos vacinas porque armas matam e vacinas salvam vidas”, completa Asevedo Quirino, do Conselho Estadual de Saúde (CES) do Ceará.
Semana da Saúde – Para marcar o Dia Mundial da Saúde, celebrado no dia 7 de abril, o CNS, as entidades que compõem o CNS e os conselhos estaduais e municipais organizam uma série de atividades que serão realizadas entre os dias 5 e 11 de abril. O tema da semana será “Todas e Todos juntos em Defesa do SUS”.