A Polícia Militar tem sido, ao lado dos profissionais da Saúde, uma força em atuação ininterrupta nesses tempos de pandemia. Tanto na questão da segurança quanto na prevenção e combate à Covid-19. Além das dificuldades inerentes ao controle da violência e de redução da criminalidade, a nova realidade do cenário sanitário é mais um grande desafio. Para falar dessas e de outras questões relativas à segurança do Rio Grande do Norte, em especial do Oeste, o Portal do RN entrevista Juscelino Batalha, diretor da Associação de Praças de Mossoró e Região (APRAM). Juscelino é formado em História pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN – 2003), está PM desde 2001, e é sou sócio fundador da APRAM. Acompanhe a Conversa da Semana.
Por Márcio Alexandre
PORTAL DO RN – Como tem sido as condições de trabalho da polícia militar na região?
JUSCELINO BATALHA – Recentemente tivemos uma renovação parcial da frota de veículos mas vivenciamos uma série de dificuldades tais como as estruturas físicas dos quartéis que não apresentam condições adequadas de alojamento, vale refeição insuficiente e fardamento que contemple a todos os PMs.
PRN – E em relação ao trabalho na questão da pandemia, os profissionais estão tendo as condições necessárias?
JB – O governo através do comando da instituição vem distribuindo máscaras e álcool gel nas unidades. Também foi autorizada a realização de testes rápido através do HPM. Entretanto, compreendo que tais ações ainda são insuficientes na assistência aos profissionais que se encontram expostos à pandemia e no contato direto com a população.
PRN – Como estão as demandas da categoria? Estão sendo atendidas pelo governo do Estado?
JB – O governo vem cumprindo em partes. As parcelas de reposição do subsídio e promoções estão sendo implantadas. Resta ainda o pagamento dos níveis remuneratórios t parte dos PMs promovidos em 2019 e os de abril de 2020.
PRN – Do ponto de vista operacional, quais as dificuldades encontradas pela PM para desenvolver suas atribuições?
JB – Por si só o trabalho de combate ao crime é complexo e de risco. Isso é potencializado quando constatamos problemas como o grave déficit de efetivo e a falta de bases de segurança como apoio na atuação desses policiais nas comunidades.
PRN – Qual a situação do efetivo da PM para a região?
JB – É insuficiente para atender a demanda do policiamento e os que estão em atividade recebem uma sobrecarga, além de possuírem alta média de idade.
PRN – E como está a presença de mulheres no efetivo?
JB – Não temos mulheres compondo o policiamento ostensivo em nossa região. Há uma perspectiva de mudança desse quadro com o ingresso de contingente feminino do último concurso e que estão em formação na capital.
PRN – O Governo do Estado assinou termo de ajustamento de conduta para regularizar algumas situações do último concurso da PM. O governo está cumprindo com o que foi acordado?
JB – Sim. A última etapa do concurso que é o curso de formação vem transcorrendo na capital. Esperamos que a gestão encontre uma maneira de agilizar as disciplinas e que o cronograma seja de fato cumprido para que tenhamos os novos PMs em atuação dentro daquilo que foi pactuado.
PRN – Nesses tempos de pandemia, como a violência e a criminalidade tem se comportado em Mossoró e região na ótica dos policiais?
JB – Mesmo com esse problema de saúde é evidente a atuação de grupos que se organizam para a prática de crimes como roubos e homicídios. Paralelo a isso também constatamos uma retomada na incidência de ocorrências de violência doméstica tendo a mulher como vítima.
PRN – Suas considerações finais.
JB – Em nome da entidade e policiais militares da região oeste reforço pedido junto às autoridades governamentais no sentido de proporcionar valorização e condições adequadas de trabalho para garantirmos a manutenção da ordem pública e salvaguardar a integridade da população do nosso estado.