Artista preta: uma memória na cena mossoroense
FRANCISCA LENILDA DA SILVA SANTOS
Francisca Lenilda da Silva Santos nasceu no sítio Alívio no ano de 1965, na época comunidade rural do Patu, localizada no Estado do Rio Grande do Norte. Mudou-se com a família para Mossoró no ano de 1968, foi batizada em Mossoró. Filha de Raimundo Paulino da Silva e Maria das Dores da Silva. É casada com Nonato Santos, mãe de Ilê dos Santos, Odara Inaê dos Santos e avó de Luanda Oliveira dos Santos. Teve nove irmãos, sendo três mulheres e os demais homens, dos quais dois morreram na infância e na fase adulta veio a falecer o artista Railson Paulino da Silva, in memoriam, Railson era bonequeiro, professor de arte, ademais fora Railson mais dois irmãos enveredaram pela arte, Rivá Paulino da banda Forró do Azunhado, Roberlilson Paulino ator, professor de arte e técnico em maquinaria cênica.
Lenilda Silva é mestra pelo POSENSINO (mestrado do colegiado UERN, UFERSA, IFRN) Graduada em pedagogia pela UERN, 2007, especialista em Ensino da Arte Pela FAVENI, graduanda do curso de Letras e Artes da FALA/ UERN.
Iniciou seu itinerário artístico no ano de 1983. Atuando em diversos espetáculos, tanto para a rua quanto para o palco à italiana. Dirigiu 10 espetáculos, sendo 02 da Escarcéu e os demais a convites de outras companhias do RN e CE. Participou de vários cursos, oficinas e festivais de teatro, nacionais e internacionais, seminários, conferências, em 2005 foi delegada na primeira conferência nacional de cultura representando o RN, no Distrito Federal, em 2010, foi delegada na Conferência de Igualdade racial representando o RN também em Brasília. Como atriz, conquistou o prêmio de melhor atriz em 1996 no Estado de Pernambuco, na cidade de Serra Talhada, interpretando a personagem Marquesinha no espetáculo Árvore dos Mamulengos.
Em 1997 foi indicada ao prêmio de melhor atriz em Betim/MG e no Festival Nordestino de Guaramiranga/CE, com a personagem Genoveva da Baviera no espetáculo Trupizupe o Raio da Silibrina.
Ainda nos anos 90, participou do processo de criação do Centro Feminista 08 de março, assumindo a coordenação e direção do Grupo de Teatro Feminista “Virago”. Essa ação inseriu ainda mais a artista no contexto dos movimentos artísticos e sociais, por meio, desse entrosamento voltada para a mobilização política, artística e cultural, assumiu o cargo de vice-presidente da Cooperativa de Artistas Técnicos e Produtores de Mossoró (COOCAR).
No ano 2000, atuou como assistente de direção no primeiro Auto da Liberdade assessorando o diretor Amir Haddad e na função de atriz, interpretou Santa Ágata no Oratório de Santa Luzia, espetáculo onde atuou por seis anos.
Interpretou Ana Floriano no Auto da Liberdade e outros personagens, bem como uma das carpideiras no espetáculo Chuva de Bala no País de Mossoró. Tanto no Auto da Liberdade quanto no “Chuva de Bala” continuou participando de cada edição ao longo dos anos.
Atualmente, está associada da Academia Feminina de Letras e Artes de Mossoró – AFLAM; Membro da Associação Literária e Artística de Mulheres Potiguares ALAMP; Foi membro do Conselho de Ensino e Pesquisa e Extensão CONSEPE /UFERSA; Foi professora de Teatro no COMFRACIMB, Conselho Fraterno das Comunidades Integradas de Mossoró e Baraúnas, durante esse período criou o projeto Natal Feliz, com participação de crianças, jovens e adolescentes de trinta comunidades rurais e assentamentos de Mossoró para a realização do espetáculo Auto de Natal na comunidade do Jucuri durantes seis anos consecutivos. Trabalhou como professora de teatro no GMA (Grupo Mulheres em Ação) Associação de Mulheres Feministas do conjunto Nova Vida, foi professora de Teatro do Programa de Criança Petrobras de 2009 a 2011. Professora do Ensino da Arte do SESI, Professora de Teatro da Escola de Artes de 2012 a 2014, na oportunidade criou o curso de teatro para a infância da Escola de Artes de Mossoró.
Foi Gerente do Patrimônio da Secretaria Municipal de Cultura do Município de Mossoró de 2015 a 2017.
Em 2019 foi assessora parlamentar da Deputada Isolda Dantas exercendo a função de ministrar oficinas de Teatro do Oprimido nas Escolas da rede Estadual de Mossoró. Tem vínculo com o NEABI (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas /UERN) e participou do Grupo de pesquisa do Contexto/UERN. De 2019 a 2021 atuou como professora polivalente na Escola Municipal José Benjamim.
Atualmente integra a montagem de dois espetáculos da Companhia Escarcéu; Nos Confins do Horizonte montado em 2018, e Onde as Histórias se Encontram, estreado em novembro de 2021.
No cinema, em março de 2015 atuou no documentário “Lembrança do idoso ao abrigo” produzido pela Promissum Pictures ganhando o prêmio de melhor atriz no Festival de Cinema de Natal. Dando continuidade a projetos da linguagem cinematográfica produziu em 2020 “Corpos Negros na Arte”, e em 2021 produziu “Os ventos de Oya”. Neste ano de 2022 foi premiado no Fest Curta Mossoró com o melhor documentário e melhor fotografia.
São muitos os projetos desenvolvidos no universo da arte, da cultura e da educação pela artista. Para não cansar o público ficaremos com essa breve apresentação.
Para a atriz Lenilda da Silva Santos a arte é a estratégia de luta e politização da população que vive à margem das oportunidades de trabalho e dignidade. Portanto, sua afirmação como artista e mulher negra na sociedade se deu, por meio da arte e da participação nos movimentos sociais.
E pela subjetividade, na resistência negra contra os opressores. Uma mulher negra que luta contra os preconceitos e a misoginia, que permeiam a vida das mulheres e de forma mais expressiva das mulheres pretas. Nesse sentido, sua memória afetiva, afirma a artista; em suas veias correm sangue negro e indígena, sem baixar a cabeça, pois ao longo desta caminhada, sempre esteve com o punho erguido.