A crise e a oportunidade

Estamos quase todos em isolamento (ou deveríamos). O rigor e a disciplina nessa etapa da nossa vivência vão aumentar as chances de que não sejamos contaminados pelo covid-19. Serão também nossa contribuição efetiva para que a crise da doença seja vencida o mais breve possível. É um afastamento compulsório da vida social em sentido amplo. Mas, como tudo na vida, é possível ver benefícios nessa condição.

É, por exemplo, a chance de ficar realmente perto de quem está próximo. É a oportunidade da verdadeira convivência efetiva familiar. De dar atenção. Do olho no olho. Do verdadeiro conhecer. De sentir o afeto e de valorizar.

É a oportunidade para colocar em prática, na nossa vida cotidiana em casa, alguns dos projetos que adiávamos pela nossa crônica falta de tempo: conversar mais com quem amamos, colocar leituras em dia, planejar ações que até então só fazíamos pela força da necessidade. É a chance para atividades comezinhas, mas muito importantes. Necessárias, mas sempre adiadas.

Nesses dias, falta de tempo não é desculpa para não dividir com companheira as tarefas de casa.

Não é mais necessário dar brinquedos – tecnológicos ou não – às crianças porque o trabalho não permite a troca de afetos.

É momento inclusive para encontro interior. Para autoanálise. Para autocrítica. Para autoconhecimento.

O isolamento social imposto pelo coronavírus é uma chance para que atendamos ao chamamento para um encontro com nós mesmos. E para reforçar os laços com aqueles com quem dividimos o teto, mas com que nem sempre convivemos.

RESPONSABILIDADE E CORAGEM

De muita responsabilidade e coragem o ato do médico Inavan Lopes ao declarar publicamente que foi testado positivamente para o coronavírus. Ele é o primeiro caso confirmado da doença na cidade. Responsável e corajoso. Como médico, por assumir que é também vulnerável e que todos nós estamos também suscetíveis nessa pandemia. Corajoso porque em tempos de preconceito e discriminação, tudo é motivo para segregação.

SEM COMEDIMENTO

Beira a histeria a forma como muita gente se comporta em relação ao atual momento vivido pela cidade em relação à pandemia do coronavírus. Os que agem assim tendem a se dividir em dois grupos. Um deles, compartilha tudo o que lhe chega: fotos, vídeos, áudios. Há uma necessidade de se achar importante porque repassou uma informação que, na maioria das vezes chega deturpada, fora de contexto e que ao final, mais atrapalha do que ajuda. Já o outro grupo é aquele composto pelos desconfiados crônicos. Gente quase paranoica, para quem muito está sendo escondido, para quem o quadro é de apocalipse, para quem todo mundo está doente e ninguém vai escapar. Igualmente, pouco ou nada contribui para a prevenção ou combate ao coronavírus.

ISOLAMENTO E PARCIMÔNIA

Nesse momento, o mais importante a se fazer é se isolar. Isolamento em casa, sem visitas, sem saídas – por mais curtas que sejam. Oura coisa necessária é manter a calma, a paciência e a parcimônia. Mesmo que um quadro futuro seja desanimador, desesperar-se não vai ajudar.

FINALMENTE

Manchete do Uol: “Presidente muda o tom, parabeniza governadores e pede união contra vírus”. Bolsonaro finalmente parece que vai cair na real. Parece. A mudança pode ser questão de bom senso. Mas pode também ser resultado da pressão. O tempo dirá.

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