CRÔNICA

OS CLUBES DA JUVENTUDE

A palavra clube transmite-nos a noção de consórcio de gente interessada em determinado tipo de atividade, como esporte, cultura, filantropia, música, diversão. Ou simplesmente de reunião de pessoas para conversar. Os clubes sociais eram lugares de festas, bailes associados a comes e bebes.  Diferentemente de outros locais onde se podia fazer a mesma coisa, os clubes identificavam seus integrantes como pessoas especiais, pois eram ambientes privativos de sócios e convidados, indivíduos que se supunha de mesmo status (social, cultural etc).

Os Clubes da Juventude surgiram em Mossoró nos anos 1960, entre grupos jovens (como o nome identifica) que buscavam um modo de se relacionar e se divertir espelhado no tipo de associação tradicional clubística, mas com proposta coerente com a visão de mundo de sua geração e com o poder aquisitivo de estudantes, limitados às mesadas ou outro nome que tivesse o dinheiro recebido dos pais. Na denominação de clube encerravam o conceito de distinção entre os demais. Eram incentivados pela Igreja Católica e, desse modo, tinham sempre a aproximação física e a orientação de alguma paróquia. A do Alto de São Manoel e a de São José tiveram Clubes da Juventude destacados e de vida relativamente longa. Nesta última, o Pe. Amílcar Mota foi uma grande liderança, respeitado e querido de rapazes e moças, basicamente dos Paredões, Bom Jardim, Região Central da Cidade, Barrocas e Santo Antonio.

Não obstante as atividades dominantes desses clubes serem os bailes com músicas dançantes da época, o que equivale dizer grupos musicais como Renato e Seus Blue Caps, Fevers, Pholhas, os ingleses Beatles e Rolling Stones, americanos como The Mamas and The Papas, cantores como Roberto Carlos, Wanderleia e toda Jovem Guarda, o interesse de seus membros derivava por outras artes, por exemplo, pintura, teatro.

Nesses clubes, o embalo era do yê-yê-yê, que em certa mentalidade daquele tempo, se contrapunha à música de conotação política, de artistas que ficaram conhecidos como “esquerda festiva”. Na visão de alguns que preferiam a “música militante”, os outros, adeptos da nova moda da “dança solta” eram alienados e tolerantes com a entrega de nossas tradições à influência de culturas estrangeiras. Mera implicância que nem precisaria do passar do tempo para se mostrar sem sentido. Por outro lado, os sucessos dos “Festivais da Record”, nos quais imperava a música dita “de protesto”, logo se tornavam coqueluche entre praticamente toda aquela geração, sinal de que todos se norteavam por valores muito parecidos. Apenas, uns gostavam de dançar e outros nem tanto.

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