Os programas de auditório de TV são herdeiros diretos dos programas de auditório de rádio. Em relação a esses últimos, que tiveram seu auge nos anos 1950, aqueles realizados no Rio de Janeiro e São Paulo eram não apenas modelos para as produções regionais, mas também, eles próprios, conhecidos em todo país, com toda limitação da sintonia de rádio a milhares de quilômetros, por meio das chamadas ondas curtas. Veio a televisão que por razões óbvias chegou ao país a partir do eixo São Paulo-Rio, e esse tipo de espetáculo passou a entrar nas casas das pessoas com a imagem antes restrita aos participantes diretos, no ambiente do auditório. Com o surgimento, logo depois, do videoteipe e das redes nacionais de TV, os programas podiam ser vistos no Brasil inteiro e seus apresentadores tornaram-se figuras tão cotidianas do povo brasileiro que aos poucos eram confundidas com pessoas próximas.
Do rádio, a TV manteve o caráter de diversão e o conteúdo de variedades desses programas, mas alguns buscaram associar esse elemento ao jornalismo, fórmula que funcionou exclusivamente com Flávio Cavalcanti, que nos anos 60 juntou duas atrações semanais, que comandava, em um programa dominical de oito horas de duração, alternando as duas coisas. É dessa época que vem o Silvio Santos. Quando a audiência nacional se alternava entre o sensacionalismo de Flávio, a serenidade elegante de J. Silvestre, a condução segura de Blota Júnior, a anarquia do Chacrinha, Sílvio iniciava o que seria a mais longeva trajetória de um artista em sua área, provavelmente em todo o mundo. Juntava voz imponente, recurso então fundamental no rádio, incorporado aos valores da TV, dicção impecável e um carisma impressionante, que davam suporte a sua grande capacidade de entender o gosto popular que conquistava adaptando atrações descobertas entre espetáculos de várias parte do mundo as quais amalgamava com sua própria criatividade e a tudo acrescentava seu talento de vendedor que dava brilho de mestre à incipiente técnica do merchandising.
O empresário Abravanel teve particular importância na televisão do RN ao propiciar, através do então Deputado Carlos Alberto de Souza, a criação da primeira emissora de televisão comercial do Estado. Carlos Alberto, que teve curta carreira de apresentador de TV e, como Silvio, vinha do rádio, inspirava-se claramente no mestre, também como animador de auditório, nos gestos, entonação de voz e comunicação com a plateia. O apresentador Silvio Santos deu oportunidade e foi grande incentivador na carreira do cantor potiguar Gilliard.