O debate pastel de vento
*Por Márcio Alexandre
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) lançou mais uma ameaça – de novo. Agora, diz que vai pedir o impeachment dos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). O genocida está insatisfeito porque, acertadamente, o STF tem colocado freios às ações criminosas dos apoiadores do presidente.
No caso mais recente, Moraes atendeu a um pedido da Polícia Federal (PF) e autorizou a prisão do ex-deputado Roberto Jeferson (PTB). Vejam só: o pedido foi feito pela PF, portanto, por ignorância, maldade ou má-fé, quem diz que Moraes mandou prender Jeferson comete grave equívoco. Ele atendeu a um pedido da polícia, instituição que investiga Jeferson e que encontrou elementos que justificam o pedido de prisão.
Sobre Barroso, pesa, na avaliação de Bolsonaro, o fato de o ministro ter supostamente influenciado a que a Câmara Federal derrubasse a pauta cortina de fumaça do voto impresso. Ora, pois: a Câmara abriu debate e Barroso, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi lá e disse como conhecedor do assunto, que as urnas eletrônicas são confiaveis. Como não disse o que o miliciano queria ouvir, Barroso é visto como criminoso.
A partir dos vitupérios bolsonaristas, suas hordas digtais e pentecostais começaram a cair em campo, com notícias falsas, muito entusiasmo e pouca vergonha, a tentar, nas redes sociais e em alguns púlpitos, a achacar Moraes e Barroso.
Nas redes sociais, o questionamento feito, sobretudo por fundamentalisas funcionais, é se o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, deve ou não aceitar os pedidos a serem feitos pelo agitador da República.
Desonestos que são, os apoiadores do presidente que agem contra o STF não se dignam – por má-fé, maldade ou ignorância (de não saber o assunto) – a explicar as circustâncias em que se é possível abrir processo de impeachment contra ministros daquela Corte. Não citam uma mínima linha da Constituição Fedeeral – onde o tema tem guarida -, ou sequer fazem referência à Lei 1079/50, que regulamenta o procedimento.
Sem colocar as questões legais no embasamento da discussão sobre se Rodrigo Pacheco deve aceitar ou não os pedidos, o debate se mostra inócuo, insípido e inodoro. Tem, no máximo, sabor de pastel de vento. E, sim, não há razões técnicas para que o processo seja aberto. Bolsonaro tem muita vontade, mas Pacheco deve ter mais juízo.
HUMANIDADE E EDUCAÇÃO
A Semana de Humanidades da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais (FAFIC/UERN), que vai acontecer no próximo mês de outubro, vai colocar em discussão questões muto importantes para a conjuntura atual do Brasil, como negacionismo científico, intolerância à diversidade cultural e os ataques à democracia e aos direitos humanos. O tema central será “Ciências humanas e educação”.
QUEM TE VIU…
Partidos que se colocam como progressistas e alternativa a uma terceira via precisarão melhorar seu discurso – e principalmente a prática se não quiserem cair ainda mais no descrédito junto ao eleitor. Se apresentar como defensores da democracia e votar em pauta cortina de fumaça de Bolsonaro é de uma incoerência enorme.
…QUEM TE VÊ
É o que aconteceu por exemplo, com PV, Novo, PDT, MDB, PSB e PSDB que juntos ofertaram nada menos que 53 votos ao delírio golpista de Bolsonaro na votação da PEC do voto impresso. Foram 2 votos dos verdes, 5 do Novo, 6 do PDT, 11 do PSB, 14 do PSDB e 15 do MDB.
SEM ESCRÚPULOS
O deputado estadual Kelps Lima (Solidariedade) sabe – ou deveria saber – que o Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (AL/RN) proíbe, em seu artigo 79, parágrafo 2º, a transmissão das sessões das comissões, incluindo as CPI´s. Mesmo assim, desavergonhadamente, saiu divulgando que era o governo do Estado quem estava impedindo que houvesse a transmissão. Honestidade mandou lembrança.
ROBERTO JEFERSON
Quem tem um mínimo de senso crítico e de responsabilidade sabe que demorou para o ex-deputado Roberto Jeferson ser preso. O político tripudiou o quanto quis das instituições e dos brasileiros. Tanto tentou que acabou preso. Antes tarde do que nunca.