Por: FÁTIMA FEITOSA
Gosto de foto nua e crua. mostrando as experiências que ganhei com o passar dos anos. Adoro ser reconhecida, pelas pessoas, conforme sou, sem filtro. Também não busco ângulo perfeito, porque gosto de todos os meus lados: o de dentro e o de fora. E, confesso, que tenho preferência pelo meu lado de dentro porque venho tentando melhorá-lo a cada dia, buscando ser mais gente, mais humana.
O meu lado de fora também cuido, mas o tempo deixa marcas implacáveis, pois a senhora lei da gravidade e o poderoso colágeno, mesmo aumentando a dosagem diária, não retira as marcas da nossa história. E eu gosto disso: ter a liberdade de ser eu mesma, contando a minha história através das marcas do tempo. Eu sim, nua e crua, porém linda.
Todos sabem que sou bem narcisista (no bom sentido), é que abri os olhos pra vida, na mais tenra idade, sendo elogiada por meus pais, familiares e pessoas em geral. Todos me tratavam como se eu fosse uma princesa. E eu acabei acreditando nisso. Daí a importância do elogio sincero, na vida das pessoas, especialmente durante a formação da sua personalidade, por volta dos sete ou oito anos; que é a base estrutural do ser humano. Fase esta em que a pessoa está sendo moldada. Porque nos tornarmos aquilo que nossos pais ou cuidadores dizem e fazem, mais um tanto da nossa personalidade.
Segundo Freud “podemos nos defender de um ataque, mas somos indefesos a um elogio.” Isso significa que podemos treinar muito e superar toda e qualquer crítica. Mas, no que tange aos elogios, é ainda mais difícil. Afinal, todos nós amamos tudo o que comprove o nosso valor.
Podemos nos defender de um ataque, mas somos indefesos a um elogio.
Freud
Devido a isso, tenho um apego amuado a minha pessoa porque tudo na minha vida, começa a partir de mim. Portanto, todo o cuidado é pouco com o meu lado de fora e o de dentro. Pois entendo que não posso cuidar do outro se não sei cuidar de mim. Daí a importância do autocuidado, autoaceitação, autoestima. Conhecimentos esses que você só adquire através de terapia com profissionais de saúde mental.
Aproveito a oportunidade para alertar, a população em geral, sobre a necessidade de se fazer terapia nos dias atuais, tanto por ser um processo de autoconhecimento, como pela catástrofe pandêmica (que mexeu com o psicológico de todos) que assolou o mundo, agravando mais ainda a saúde mental global. Vale salientar que fazer terapia não é só para quem tem problemas mentais. A terapia além de servir para o autoconhecimento, serve também como prevenção de doenças mentais. A prova deste fato são as campanhas, nas redes sociais, tv… sobre os meses denominados de cores (setembro amarelo, outubro rosa…) para alertar à população da prevenção de suicídio e prevenção do câncer de mama e tantas outras mais doenças mentais e físicas.
Os transtornos mentais, assim como tantas outras doenças surgiram a. C. e ao longo da história vêm sendo estudadas, pesquisadas e ampliadas as visões dos grandes estudiosos. Portanto, hoje, os tratamentos estão fáceis de diagnosticar e tratar de forma humanizada.
No Brasil, a psiquiatra Nise da Silveira, foi pioneira no trabalho humanizado. Foi ela quem deu os primeiros passos de valorização do humano no contexto psiquiátrico. E, o que percebemos hoje é que o estigma de doenças mentais está menos. É tanto que pessoas famosas expõem, na mídia, que têm diagnóstico de transtorno mental, como é o caso de Mariah Carey que foi diagnosticada com transtorno bipolar entre tantas outras.
Mas, voltando a questão do rejuvenescimento, morro de medo de tapar meus poros e marcas de existências com os produtos da indústria da beleza. É que abrindo às redes sociais, o que você mais vê são promessas milagrosas sobre rejuvenescer dez anos, emagrecer sem sacrifício… É uma apelação desregrada e enganosa, porque tudo tem o seu tempo. Por isso não quero rejuvenescer nem um dia, já que eu mataria o curso natural da vida, me dada por Deus. E eu sou muito grata por poder acordar e levantar, com disposição, todos os dias.
Hoje, o meu colágeno é um fujão, a lei da gravidade é traiçoeira. Já não tenho o viço da mocidade, mas o meu baú existencial está abarrotado de ricas experiências. Nele estão guardadas às minhas alegrias, do ladinho das minhas dores porque se cheguei até aqui, foi graças aos ensinamentos delas – as dores. Já que a dor é extremamente necessária para a evolução humana. Por isso reverencio:
_ Gratidão sra. Dor!