Entrevista

Conversa da Semana com o Senador Jean Paul

O senador Jean Paul Prattes (PT/RN) tem exercido um mandato com a marca do republicanismo. Exemplo disso é que todos os municípios do Rio Grande do Norte foram beneficiados com pelo menos uma emenda sua. Sua atuação no Senado, sua visão sobre o trabalho da CPI da Pandemia, que se desenvolve naquela Casa, e a avaliação sobre o momento atual do governo Bolsonaro, eivado de denúncias de corrupção, sobretudo de copra de vacinas com preço superfaturado em plena pandemia, são alguns dos temas abordados pelo parlamentar nessa Conversa da Semana. Jean fala também, claro, sobre sua disposição de tentar a reeleição. Veja na íntegra:

Por Márcio Alexandre

PORTAL DO RN – Mais de 520 mil mortes por covid, quase 15 milhões de desempregados, gasolina a mais de 6 reais, transporte de drogas em aviões da FAB, escândalos de corrupção, como o tratoraço, compra superfaturada da Covaxin, cobrança de propina na compra da AstraZeneca. O que ainda sustenta Bolsonaro no cargo?

JEAN PAUL – Olha, Márcio, em primeiro lugar gostaria de saudar a todos que vão ter acesso a essa entrevista, parabenizar o trabalho de vocês, pela luta de se manter um portal de notícias de qualidade, com colunistas, colaboradores. Eu sei o quanto é difícil montar e, principalmente, manter um produto editorial de qualidade como vocês do Portal do RN tem feito, e eu queria deixar isso registrado logo de cara. Não conheço você pessoalmente, mas acompanho o trabalho de vocês, conheço o portal, a gente faz esse trabalho de acompanhamento de métricas e de méritos dos veículos de comunicação das regiões, do Estado, e até nacionais, e a gente tem as melhores indicações do trabalho de vocês. Você começou com uma colocação inspiradora, né, de que é difícil hoje em dia a gente atacar algum assunto que não seja deplorável, que não seja difícil, tenso, complexo e que não tenha várias razões para ocorrer, como acidente de avião, nunca é uma causa apenas, são várias coisas. E, nesse caso, o que sustenta Bolsonaro, é uma delas. Evidentemente que Bolsonaro emerge de um momento eleitoral de grande desilusão do eleitor brasileiro com toda as nuances políticas que passaram pelo governo, exceto uma, que só tinha passado na ditadura, mas em termos democráticos, nós não tínhamos experimentado ainda, que é o tal governo de direita, o governo ultra-neoliberal. Quando eu digo de direita é uma coisa, que é a nuance política, e ultra-neoliberal é a economia, a pauta econômica. Na pauta econômica, nós tivemos claro, governos que foram mais próximos às privatizações, mas próximos às regulamentações de setores para abrir o capital, como os governos Fernando Henrique, Collor, mas o máximo que eles chegaram a ser foi a liberal e neoliberal, que é a novidade reencampada do liberalismo lá do Adam Smith trazido para o tempo da Margareth Tatcher, do Reagan. De lá para cá, cunhou-se uma nova feição, o ultra-neoliberalismo, que é radicalmente contra a ação do Estado, qualquer Estado, de qualquer país, como motor do bem estar social e de evolução econômica, de intervenção para o bem, para regular a economia para que ela funcione sem o natural do ser humano que é ela ser lucrativa ao máximo, ser ganancioso ao máximo, o ser humano inevitavelmente apoia questões individuais, mas no conjunto ele procura sempre maximizar sua renda, sua receita, seu benefício, como dizia aquele velho comercial do Vila Rica (cigarro) protagonizado pelo Gérson (ex-jogador), levar vantagem em tudo. Isso não é coisa do brasileiro, é em geral, é do ser humano. Hobbes dizia que o homem é lobo do próprio homem. Então ele se sustenta primeiro nesses caras, é um setor da economia, ou vários representantes, que por mediocridade própria, não conseguem andar com suas próprias pernas, preconizam o Estado mínimo para os outros, e o Estado máximo para eles. São aquelas pessoas que querem socorro do Estado, que fazem empréstimo com prestações para pagar em 40 anos, para pagar empréstimos atrasados, grandes sonegações, inclusive de bancos, e na hora que vão falar em fazer hospital público, em escola pública querem voucherizar, dá um voucher para a pessoa escolher a escola privada, hospitais privados, plano de saúde, para que um popular que não pode pagar nem comida ter que pagar pela saúde com um voucher do governo. Isso é alimentar cartórios de gente incompetente, gente medíocre, que não consegue concorrer no mercado e precisa recorrer ao Estado para criar cartórios pra eles. Da mesma forma na energia, no petróleo, em todas as áreas. Então, ele se sustenta com essa gente, essas pessoas financiam o governo, financiam o centrão, e mantém Bolsonaro no poder, apesar do lado político já estar destruído. Porque no que diz respeito a experimentar um governo de direita, o Brasil já percebeu em sua maioria, afora os mais fanáticos, os mais convencidos que inocentemente, e às vezes por má-fé mesmo, de que avançaram o sinal e de que agora precisam ir em frente e não podem voltar atrás mais, se arrepender, reconhecer que votaram num camarada reconhecidamente despreparado, com uma agenda completamente maluca, desvairada mesmo, de matar, de fazer política de segurança liberando armas para as pessoas ao invés de dotar a polícia com inteligência, e equipamentos, de fazer política econômica através do liberou geral, deixa todo mundo rodar, botar o preço da gasolina que quiser, o preço da energia que quiser, e deixa o brasileiro se virar aí, para comer e ainda pagar essas coisas.

PRN – Esse modelo serve para o país?

JP – Não. Essa política da direita está provado que não serve para o Brasil. Pode até servir, ocasionalmente, para país rico, uma Dinamarca. Mesmo assim esses caras são tão conscientes que lá eles não votam em governos de ultradireita. Para nós, com certeza não serve. Um país cheio de desigualdades, cheio de dificuldades, não tem como sobreviver com um governo de direita mais quatro anos e mesmo assim  com muita tolerância porque esse aí tem mais de 100 pedidos de impeachment e hoje, exatamente nesta quarta-feira (30/6, dia em que foi feita a entrevista), nós estamos presenciando um megapedido de impeachment, que resume todos os pedidos de impeachment num só, para organizar isso e deixar o presidente da Câmara praticamente numa situação de uma encruzilhada entre o povo e o presidente que ele defende e que já está praticamente condenado a um fracasso, ao lixo da história, e ao fracasso eleitoral. Então essa é razão pela qual Bolsonaro se sustenta no cargo, basicamente economia para uns poucos que conseguem bancar financeiramente uma boa parte do parlamento através, ou de emendas, portanto dinheiro público, ou até mesmo facilidades e favores privados que só os grupos de lobby são capazes de prover a esse pessoal.

PRN – Quem tem blindado Bolsonaro sem pudor é o Procurador Geral da República (PGR). Mas a Lei do Impeachment prevê situações em que o PGR pode ser responsabilizado por prevaricação. Todas essas situações não são suficientes para enquadrar Augusto Aras por crime de responsabilidade?

JP – Tem elementos, Márcio e isso está em andamento, só que tudo isso, de novo, depende de uma dinâmica e ritmo políticos dentro do parlamento. Não adianta eu achar isso, o Jaques Wagner (senador do PT da Bahia), achar isso, Rogério Carvalho (senador do PT de Sergipe), Humberto Costa (senador do PT de Pernambuco), o Randolfe Rodrigues (senador do Rede do Amapá) achar isso, a própria Simone Tebet (senadora do MDB do Mato Grosso do Sul) achar isso e nós sermos minoria ainda. Então você tem que trabalhar alguns convencimentos laterais, no Senado e principalmente na Câmara Federal, para que essa outra vertente, bem como aquela vertente judicial, que é lá no Supremo Tribunal Federal (STF), funcionem. Agora, veja, e é bom que se diga isso para aqueles que ainda simpatizam com o governo, que a gente está fazendo oposição por oposição. Não se trata disso. Se fosse assim, isso que você está falando já estaria num rolo compressor, estaríamos o tempo todo só falando nisso, e nós não estamos. Temos feito uma oposição responsável, pegando ministérios técnicos lá, que não fazem tanta política, todos fazem, mas que não fazem tanta política assim, tentando ajudar, e trazer, canalizar recursos para o Estado, para os municípios, apesar de tudo isso, mantendo a discussão política no âmbito político. A gente discorda cento e cinquenta por cento de Bolsonaro, mas nós estamos fazendo o trabalho via instituições que o Direito brasileiro e a política brasileiro proporcionam. Nada de golpismo, nada de fanatismo nada de panfletarismo, tudo dentro das regras, dentro das normas que, obviamente, asseguram à minoria, e asseguram àqueles que veem crimes de responsabilidade, por exemplo, crimes de prevaricação, crimes de corrupção no governo de, ou retirar o presidente antes do tempo dele ou de montar toda uma situação clara perante o eleitor, para que ele faça sua escolha e não incida no mesmo erro duas vezes, que é reeleger Bolsonaro.

Um dos grandes líderes do centrão foi atacado, abalroado, atingido, mortalmente, a meu ver, pela CPI.

PRN – O senhor, particularmente, acredita que haverá impeachment do presidente Bolsonaro, mesmo com o presidente da Câmara se recusando veementemente a abrir o processo?

JP – Vai depender das circunstâncias. Agora, por exemplo, há uma coisa muito importante: um dos grandes líderes do centrão foi atacado, abalroado, atingido, mortalmente, a meu ver, pela CPI. E não foi a CPI que foi buscar, uma pessoa foi lá em confessou. Ele começou falando genericamente, depois acabou soprando o nome, que esse deputado domina o sistema de saúde desde a época em que ele foi ministro. E continuou sob os olhares complacentes do presidente da República, a fazer a mesma coisa. E não só dominava o setor de compras no Ministério da Saúde, como se aproveitou da pandemia, momento crítico onde o maior dos corruptos tem que parar e pensar, tem que ter um mínimo de consciência, e ele simplesmente foi ao contrário, ele se aproveitou da necessidade urgente de compras e saiu negociando e oferecendo propinas e recebendo propinas para fazer da pandemia um negócio para ele, um negócio bilionário, e é importante ressaltar que um bilhão são mil milhões, então não é um milhão ou dois milhões, é um bilhão, são mil milhões, da seara de nove zeros, muito dinheiro mesmo. Em cima de cada dose de vacina é um valor aparentemente pequeno, mas vamos lembrar que nós somos 215 milhões de habitantes, então você multiplica isso e tudo vira astronômico, qualquer 10 reais vezes 215 milhões vira um dinheirão. E é isso que ele fez: aproveitou-se, junto com mais alguns grupos específicos, de uma situação de pandemia, onde você tem que zerar todas as expectativas de ganhar alguma coisa, tirar proveito político, ganhar dinheiro, fazer sacanagem, você tem que zerar isso, dizer: para tudo que precisamos salvar a vida dos brasileiros, senão não tem mais Brasil, não tem mais o que fazer. Pois esses caras, mesmo assim, seguiram por esse caminho. Esse cara, esse deputado, é uma das bases desse centrão. Quando o centrão é abalado, um desses pilares de sustentação que cai, toda casa pode cair, e até o próprio presidente da Câmara, que é um dos representantes coroados do centrão, pode vir a chegar e dizer: olha, não dá mais, presidente, o preço subiu aqui mas chegou num preço que a gente não consegue mais segurar, não vou perder meus mandatos, não vou ter mais cara para olhar para meus eleitores, não dá para ficar mantendo esse teatro aqui, vou aceitar o pedido de impeachment. É viável? É viável, mas depende das circunstâncias políticas.

PRN – A CPI d Pandemia tem avançado em pontos importante da investigação da conduta do presidente na pandemia. Parece, porém, que muitas das ações que a comissão vai realizar são anunciadas com muita antecedência. Isso não traz prejuízo ao trabalho?

JP – Olhe, pode ser que em algumas situações a CPI telegrafe o lance, para utilizar um jargão do futebol. Indica para quem vai passar a bola para quem vai fazer a jogada e tal. Mas faz parte da transparência. Quando você está numa CPI dessas, transmitida nacionalmente, as pessoas ficam todas assistindo, com toda expectativa, então essa questão de votar os requerimentos, de transmitir até a própria sessão interna, de votação dos requerimentos, onde você ver os argumentos de cada lado, para tirar alguém, colocar outro, acho que isso é válido. Tem um custo, talvez, de às vezes você não estar ali numa sala fechada. Acho que essa transparência tem algum custo, mas tem algumas vantagens. Os membros da comissão indicam, como você disse, as linhas de investigação da CPI, e elas estão muito claras, desde o início. Evidentemente elas vão mudando à medida que a CPI vai evoluindo.

Para se dar bem, deixaram morrer mais de 2 mil pessoas por dia. 

PRN – Qual mudança mais significativa até agora?

JP – Um exemplo: a CPI começou investigando claramente crimes culposos, basicamente a negligência do governo, a negação da pandemia, a incompetência para conduzir as testagens, a falta de monitoramento dessas testagens, depois aquelas teorias sobre remédios totalmente ineficazes vendidos como uma razão para as pessoas saírem para trabalhar normalmente, o efeito disso. Mas até aí poderia se alegar que aquilo era de caráter culposo. No direito, o crime culposo é aquele que você comete sem a intenção de produzir o resultado. O homicídio culposo, por exemplo, é aquele em que você mata sem querer. Um acidente de carro, você é negligente na direção ou comete uma ultrapassagem errada e mata pessoas. Você não queria matar aquelas pessoas, mas agiu com negligência e permitiu, deu margem a que se morresse alguém. Isso é crime culposo. Já o crime doloso é aquele em que você vai com a intenção mesmo de cometer o crime contra aquelas pessoas. Essa evolução, no caso do governo Bolsonaro, passou a existir com as denúncias de corrupção ou de prevaricação (que é deixar cometer o crime ou de deixar de vigiar uma situação que você deveria vigiar) e isso levou à morte porque você claramente acreditou que o estava fazendo é deliberadamente para aquele fim, por exemplo, facilitar uma vacina que não estava aprovada, enquanto outra vacina estava lá batendo a porta, desesperadamente,  fornecedor qualificado, inequivocamente um fornecedor internacional qualificado, batendo à porta querendo vender as vacinas, com um preço razoável e você favorecendo um outro menos qualificado, não aprovado, e com preço ainda maior. Então, isso é deliberado. Parece que alguém disse assim: vou deixar de propósito a Pfizer lá esperando e vou tentar conseguir aqui com meus amigos intermediar, porque a Pfizer não tem intermediários, ela vende para o governo brasileiro, com pessoas do Brasil, tem empregados no Brasil, tem estrutura no Brasil, e ela vende, para se ter uma ideia, R$ 6 bilhões por ano em medicamentos e insumos para o SUS. Então, o Brasil é um cliente top da Pfizer, não precisa de intermediários. Não é um meia-boca que vai chegar lá e dizer: olha vou facilitar aqui. Como eles não tinham espaço nessa área, foram para um desconhecido na Índia, que os caras não sabem nem onde é o Brasil direito, e disseram: olha, vou aqui representar vocês, pode deixar comigo, que eu tenho amizade aqui com o presidente, vou na casa dele. Ah, então tá bom. E eles passam a trabalhar em cima dessas vacinas amigas e deixam de trabalhar as vacinas mais óbvias, como todos já estavam trabalhando e isso é crime doloso, é com a intenção deliberada de fazer morrer pessoas, em prol de um negócio próprio. Para se dar bem, deixaram morrer mais de 2 mil pessoas por dia. Esse é o resultado e a CPI vai por aí, e é inevitável fazer discussões abertas sobre as novas abordagens da comissão e que certamente vão levar a uma prorrogação dos trabalhos porque não há tempo hábil para essas novas vertentes que a CPI abriu e não esperava encontrar.

PRN – Como o senhor avalia o fato de o atual governo federal utilizar a mentira como estratégia política? É só a ideia de criar cortina de fumaça para esconder os problemas?

JP – Não, isso é esquizofrenia. Isso é uma doença. Essas pessoas são mitômanas e quem vai com elas também é. E isso não é por acaso, não é á toa que o apelido do presidente é mito. A despeito de alguns terem carinho ao dizer isso, dizer que ele é um cara inédito, diferente, que está sempre mitando, mas o mito é péssimo, é uma coisa que não existe, é uma mentira. Quando você grita mito pra ele, você está chamando ele de mentiroso. É um embuste, Bolsonaro é um embuste. Qual o país do mundo que larga a política de segurança na mão do próprio povo? Qual o país que preconiza que escola pública e saúde pública não servem? Qual o país que tira dos aposentados e deixa as empresas sonegarem à vontade ou dar vantagens tributárias que elas não precisam para estar no Brasil? Qual o país que faz isso tudo? O país do mito, o país do cara que quer tirar vantagem para um grupo em detrimento da população como maioria.  Esse governo não pode prosperar porque é um governo esquizofrênico, é um governo que quer ser demagógico nas palavras, quer achar que tem ideias malucas, que faz coisas que ninguém disse, que diz que a mulher é isso ou aquilo, que é ideologia de gênero é isso ou aquilo, que os LGBTQIA+ são aquilo, e que alguma pessoas, minoria apenas, graças a Deus, minoria do país (normalmente composta por pessoas muito decepcionadas com a política e querem mesmo ver o circo pegar fogo) até pessoas que realmente acreditam naquilo, pessoas de índole estranha, revoltados com a vida, recalcados (a turma de recalcados é muito grande) gente que é maltratada pela vida e acha que há conspiração de tudo contra eles, e essas pessoas são iguais a Bolsonaro. Elas acham que está todo mundo pensando só nelas e agindo contra elas. Aí apelam falsamente para Deus, falsos evangélicos, falsos cristãos, que apelam para Deus como quem diz: eu não tenho mais jeito, está todo mundo contra mim, só tenho Deus para me segurar. Deus não quer isso de ninguém. Deus dá as condições para você fazer as coisas, mas ele quer que você faça o seu papel. Você não pode ficar sentado, esperando e dizendo: Deus vai me dar comida, Deus vai me dar isso, Deus vai me dar aquilo, sem que você faça a sua parte. Olha pra cima e fazer oração não basta, você tem que atuar também. De noite você ora, mas durante o dia você trabalha.

PRN – Aliás, os ministros do governo Bolsonaro, oriundos do Rio Grade do Norte, quando veem ao Estado é para espalhar notícias falsas. Eles serão punidos apenas pela decisão do eleitor de não votar em quem usar a mentira para se dar bem ou será possível se utilizar algum instrumento legal que coloque freio nessas atitudes tão danosas desses ministros?

JP – Esses caras prestam um desserviço gigantesco, principalmente no caso do Fábio (Faria, ministro das Comunicações) é uma coisa deplorável, pois ele conhece o Governo do Estado, o pai dele governou o Estado, sabe os desafios que existem, sabe a situação que o próprio pai dele deixou, uma situação financeira caótica, o servidor faltando receber quatro folhas salariais, deixou as contas que já estavam atrasadas ainda mais atrasadas, rapou o Fundo Previdenciário do Estado, então o que o Fábio Faria faz ao espalhar essas notícias falsas é completamente surreal. Agora, o que é que se pode fazer? Existem ações jurídicas possíveis, existem diversas manifestações nossas de parlamentares e do próprio governo no sentido contrário, para coibir essa guerra de desinformação que esse pessoal cria para desviar o foco e fazer com que a gente tenha que ficar explicando. A gente explica, a gente pede muitas vezes que as pessoas procurem a informação correta e fidedigna, mesmo que seja do outro lado, não tenham receio de procurar porque nem tudo tem um lado só. Você tem sempre que ouvir o outro lado, fazer o juízo de valor com sua própria inteligência, com sua própria cultura, com sua própria formação, não consumir a informação de um lado só, principalmente quando ela é estranha.  Será que tem quem ache que alguém governe deliberadamente para ser mal? Alguém governa deliberadamente para ser incompetente? Não, então quando alguma coisa sai diferente do que a gente espera, a gente ao invés de sair logo esbravejando, tem que procurar saber quais são as razões que fizeram aquilo acontecer, e havendo culpados, perguntar. O jogo político faz parte disso aí. Quem é medíocre, quem é ruim sai atacando mesmo, usando frases muito fortes, usando adjetivos de baixo calão, destratando as pessoas. Como não tem argumentos, acham melhor tumultuar. Acho que o saldo para essas pessoas é terrível porque é a descredibilização. Basta entrar até mesmo nos blogues amigáveis ao Governo Federal, e a gente sabe que ele financia, o próprio Ministério das Comunicações tem muito dinheiro para despejar em blogues amigos do Governo Federal para fazer oposição a Fátima, a mim, ao PT, tem gente que fica no lusco-fusco, está aqui e tá lá também, atua nos dois lados, então essa turma se alimenta disso e obviamente eles fazem o papel deles. Só que quando você olha os comentários nas próprias postagens oficialescas, chapas-brancas, você vê que os comentários são todos contrários. É a descredibilização pelo exagero. É isso o que acontece.

PRN – A estratégia parece que não tem colado Jean, haja visto nenhum deles aparecer com densidade eleitoral que os credencie a enfrentar a governadora Fátima Bezerra.

JP – Porque o povo com certeza está entendendo que a voz oficial está fazendo mais sentido que as fake News que os caras colocam. Quando se repõe a verdade e as pessoas voltam a ver o que eles colocaram, as pessoas pensam logo: esse cara está inventando moda para aparecer. Os próprios comentários nas postagens indicam isso.

Por que eu teria que declinar ou abrir mão de alguma coisa agora? 

PRN – Suplente de Fátima Bezerra, o senhor assumiu a vaga com a eleição dela para a Governadoria o que o coloca em condição natural para uma candidatura à reeleição. Que circunstâncias e/ou fatos o fariam não participar dessa disputa?

JP – Eu não tenho isso no radar até agora. E eu não tenho que ter isso. Eu não entendo muito bem porque as pessoas insistem – e eu não estou dizendo que é você, é natural que você pergunte isso – que se tenha que falar disso agora. Por que eu teria que declinar ou abrir mão de alguma coisa agora? Não tenho que fazer isso. Quem está desconfortável é quem não está em mandato ou quem está querendo essa cadeira. É esses quem tem que se anunciar, se fazer de bonito, mostrar realizações. Mostrar uma razão para uma substituição não sou eu quem tem que apresentar. Quem está com o cinturão no MMA está com o cinturão. Quem quer disputar tem que desafiar quem está com o cinturão. E não importa se entrou pela suplência. A suplência é uma coisa muito honrosa. É um vice-senador. O Senado é uma eleição majoritária, o senador representa o Estado. É a mesma eleição que a do governador. Não tem vice-governador para substituir o governador? No Senado é a mesma coisa, a cadeira não pode ficar vaga. O suplente é tão importante quanto o titular. E a lei brasileira, na eleição que a gente disputou lá em 2014, impôs na urna e na publicidade, que se colocasse o nome do suplente. Então, ninguém votou em Fátima sem saber quem era o suplente. Então o partido escolhe uma pessoa pata titular, o primeiro e segundo suplentes, e o suplente te condição de assumir honrosamente. No Senado temos pelo menos 5 colegas que são senadores por essa mesma trajetória e são excelentes senadores. Acho que a trajetória política que tive no Estado como secretário da então governadora Wilma de Faria, onde fui responsável diretamente pela entrada de mais de R$ 15 bihões em energia eólica, com a refinaria Clara Camarão, com a revitalização de campos de petróleo, com o programa de Biodiesel, acho que essas realizações são muito significativas, embora não tivesse concorrido a cargo nenhum, para me qualificar, como tenho me qualificado, a realizar um bom mandato pelo Estado do Rio Grande do Norte e eu tenho feito. Tenho certeza, olhando no olho de cada potiguar, de que estou fazendo um mandato sério, limpo, honesto e muito efetivo pelo Rio Grande do Norte.

PRN – O senhor tem tifo atuação destacada em relação à destinação de recursos para a saúde dos municípios do RN. Que outras ações o senhor destacaria?

JP – Vou falar mais da região Oeste e Mossoró em geral. Teve uma coisa que aconteceu que, obviamente, é inexorável: tivemos a pandemia no meio do plano. Quando eu assumi, eu encarei 4 anos com realizações e fui me programando, com minha assessoria técnica, os investimentos de acordo com as áreas que são mais necessárias para o Rio Grande do Norte e também as que a gente tem condições de transitar. Claro, colocamos saúde, educação, segurança pública, e depois viemos para o lado da agricultura familiar, turismo, cultura, esporte, infraestrutura, áreas que a gente tinha condições de ajudar. Aí no meio da história surgiu a pandemia. Ora, quando apareceu a pandemia em 2020 para 2021, nós tivemos em 2020 que fazer um esforço muito grande, concentrando, no caso da região Oeste, R$ 2,2 milhões para 8 cidades só na saúde. Vou falar as cidades: Mossoró, Apodi, Governador Dix-sept Rosado, Felipe Guerra, Grossos, Severiano Melo, Tibau e Upanema. Esses municípios receberam dinheiro para a saúde por conta da covid a tempo de ajudar muito nesses processos todos que essas cidades viveram. Tivemos cerca de R$ 5 milhões para atender outras demandas da saúde, como cirurgias eletivas, aquisição de insumos para os hospitais regionais. O de Mossoró (Tarcísio Maia) recebeu parte desses recursos. Por que os hospitais regionais? Porque eles atendem alta e média complexidade, que eram exatamente a os atendimentos pesados da covid, e ficava faltando o resto porque as pessoas não pararam de adoecer. Então o resto todo ficou descoberto e nós ajudamos a cobrir isso. Destinamos mais R$ 6 milhões para aquisição de equipamentos, via Sesap (Secretaria Estadual de Saúde do RN), para a saúde. O hospital Tarcísio Maia também foi contemplado. E dizemos emendas individuais que já mencionei aqui, para as cidades na área de saúde. Então saúde foi o carro-chefe. Liderei um movimento na bancada para remanejamento das emendas individuais, dos deputados e senadores, para a saúde, para uma rubrica específica, que abriu um orçamento especifico para combate à covid. A bancada inteira realocou suas emendas. Além da saúde, atendemos também ao transporte escolar, estamos fazendo um projeto que vai começar com 15 escolas, denominado Escolas Solares, que junta minha expertise em energia com a questão das escolas, então são laboratórios de ciência para algumas escolas estaduais e que vão gerar energia para elas. O projeto, que se constitui de miniusinas, vai contribuir para o ensino de ciências e para gerar energia para reduzir a conta de energia das escolas, a maior parte delas está recebendo ar-condicionado e a conta de luz vai para os píncaros. A agricultura familiar é uma questão muito presente em nosso mandato até pela origem do mandato, que é do partido, e é bom lembrar  que eu também respondo às necessidades dos companheiros e companheiras que estão em nossas cidades, vereadores, lideranças, prefeitos, aliados também, embora eu trate republicanamente todas as cidades e o exemplo disso é que no segundo ano da minha vida político-eleitoral já atendi todos os municípios do Rio Grande do Norte. Nenhum município do Rio Grande do Norte ficou sem emenda do senador Jean Paul. Mossoró, afora esses recursos, recebeu R$ 2 milhões, e aí tem ônibus, equipamentos agrícolas, equipamentos para a atenção psicossocial, tem os equipamentos para as escolas municipais por indicação da vereadora Marleide Cunha (de Mossoró) e é muito importante termos essa parceria com o mandato da companheira Marleide. Temos uma relação muito boa, muito propositiva com o prefeito Allyson (Bezerra, do Solidariedade) e das outras cidades da região, com alguns vereadores também. Tem o veículo para a coleta de leite materno do Corpo de Bombeiros, tem a Liga Mossoroense de Estudos e Combate ao Câncer, a gente não esqueceu das entidades filantrópicas, e somando tudo dá mais de R$ 2 milhões só pra Mossoró. Acho que a gente tem feito um bom trabalho e estamos partindo agora para divulgar, realiar uma ação em torno disso, coisa que não conseguimos fazer ano passado por conta da pandemia. Isso é bom fazer na região, ir lá, visitar, conversar com as pessoas, colher críticas também e estamos fazendo isso agora. No próximo semestre, vamos trabalhar densamente aí na região para estar de novo conversando com as pessoas.

PRN – Em relação à Petrobras, que o governo atual praticamente eliminou a sua atuação no Rio Grande do Norte, não há mais nada a se fazer?

JP – Há algo o que fazer. Vamos nos comprometer aqui. O próprio presidente Lula conversando com a gente, e eu já dei a ele a segurança de que é possível fazer isso, uma vez que ele assuma mais uma vez a Presidência da República, vai reverter as decisões da Petrobras que a retiraram da Amazônia, do Nordeste, da região Sul e de Minas Gerais, transformando a Petrobras numa petrosudeste. A Petrobras está vendendo tudo no Nordeste, tudo na Amazônia, tudo em Minas, tudo no Sul. Ela vai ficar no Rio de janeiro e em São Paulo produzindo petróleo, refinando petróleo e tudo mais para venda, depois de já ter vendido a rede de postos BR, toda a rede de dutos (o chamado Nordestão), foi tudo vendido para fundos de pensão de fora do país, isso é uma vergonha. Agora está vendendo as Refinarias Umaúma, a Refinaria da Bahia está sendo vendida pela metade do preço que está escrito na apólice do seguro que a própria Petrobras fez. Vou repetir: a refinaria tem um seguro, e a apólice desse seguro que a própria Petrobras fez para ela mesma receber caso acontecesse alguma coisa, tem um valor que é o dobro do que ela está aceitando para vendê-la. Isto é um escândalo. Isso será apurado, todas essas vendas serão auditadas, e as que estiverem ilegais serão revertidas numa boa, absolutamente sem nenhuma ruptura política, nenhuma quebra de contrato. Apenas vai se chegar para quem comprou e perguntar porquanto comprou e devolver o dinheiro pago, reajustado. Porque não faz sentido você fatiar a empresa toda e vende-la aos pedaços para burlar a legislação que impede que se privatize a Petrobras sem passar pelo Congresso. Como não pode passar pelo Congresso poque não vai ser votado a favor, eles pegam e fatiam a empresa e vão vendendo aos pedacinhos. Isso está errado e o governo que entrar, qualquer que seja ele, a não ser esse atual, verá com maus olhos isso e terá que desfazer essas operações. Uma coisa que é importante para se dizer, quando alguém disser assim: é vocês falando da  Petrobras e ela agora está dando lucro. Veja, o lucro que está dando a Petrobras é exatamente porque ela está vendendo os seus ativos. Se a pessoa vender todos os objetos que tiver dentro de casa, amanhã essa casa vai dar lucro. A Petrobras vendeu a rede de postos, teve lucro. Vendeu a malha de dutos, deu lucro. Não foi gestão. Não caiam nessa, isso é mito.

PRN – E a privatização da Eletrobras é irreversível?

JP – Eletrobras é outro modelo. O que eles fizeram ali? Como ela é uma holding do sistema elétrico que tem quatro grandes subsidiárias, e nós do Rio Grande do Norte conhecemos amplamente uma delas, que é a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF), que é responsável pelas grandes linhas de transmissão que cortam o Nordeste, que é responsável pela grande operação de Paulo Afonso, e que até pouco tempo era festejada como a energia que chegou para o Rio Grande do Norte, e agora um outro festejo que a gente nunca fez que foi em 2009 e 2010, quando conquistamos – eu era o secretário de Energia – e a governadora Wilma e todos que trabalhara comigo, a autossuficiência em energia no Rio Grande do Nort, ou seja, poderíamos – figurativamente – ser desconectado de Paulo Afonso que a gente continuaria com tudo aceso, graças a eólicas, graças a Termoaçu, que foram obras daquele momento. Então essa Chesf, junto com Furnas, junto com Eletrosul e Eletronorte compõem a holding Eletrobras, que é dona de um terço da capacidade de geração de energia do Brasil, e de mais de dois terços das linhas de transmissão. Esse conglomerado está na Bolsa de Valores. É uma ação de uma estatal que você pode comprar e você compra pela estabilidade que ela representa. Por que? Porque é sócia do governo brasileiro, tem a garantia do governo brasileiro. O governo Bolsonaro propôs o seguinte: eu vou emitir mais ações da Eletrobras, e vou impedir que o Governo Federa acompanhe a compra dessas ações, então o governo deixará de ter a maioria das ações, perdendo controle da empresa. É outro escândalo. O que seria certo, mesmo eu sendo contra?  Que seria razoável? Fazer o que FHC fez com a Petrobras: vender as ações excedentes ao controle, mas manter o controle da Petrobras. Vendeu tudo que estava acima dos 50% mais um, mas não vendeu o controle. Por isso que digo que os liberais de agora, Paulo Guedes e companhia, são muito piores que os liberais eventualmente de FHC, que tiveram lá a intenção de dar uma guinada mais ao centro-direita, testaram isso, não deu certo e Lula veio e recuperou. A Petrobras cresceu no governo Lula 13 vezes. Tudo o que era pequeno lá, mesmo o eventualmente errado, cresceu de tamanho, proporcionalmente.

 

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