A denominação, Albem, para o Albergue de Mossoró, não surgiu por acaso, a OnG faz jus a palavra ‘Bem’ que carrega no nome. O Albergue de Mossoró é uma instituição filantrópica e foi criado para atender aos acompanhantes de pacientes que vem de outras cidades e precisam ficar internados. Apesar de ser um albergue, não funciona apenas como um abrigo solidário, mas oferece as pessoas que buscam o serviço, toda estrutura física e humana necessária para que os albergados, sintam-se abrigados, apoiados e abraçados. O Albem se tornou referência para toda a região oeste do Rio Grande do Norte por oferecer uma acolhida humanizada, um abrigo seguro e o ampara necessário. Toda a referência positiva atribuída a instituição, foi construída a muitas mãos e é mantida pela solidariedade de pessoas e empresas, porém, conta com um ‘pilar’ humano responsável por transformar um simples abrigo em um lugar agradável e de acolhida humanizada onde a dignidade é preservada. O advogado, Edson Oliveira, é o responsável por dirigir a OnG e é exemplo de inteligência, criatividade, abnegação e bondade. Um homem de palavras sábias, de ações simples, porém, eficientes, que conquistam, a cada dia, a admiração e o reconhecimento pelo trabalho que realiza a frente do Albem. Edson Oliveira, é o entrevistado de hoje, 21, do quadro Conversa da Semana e vai contar, com detalhes, como funciona o Albem, quais as necessidades da OnG, como se tornar um voluntário, como ser um doador e como contribuir para que a instituição continue fazendo o que de melhor sabe fazer, o bem.
PORTAL DO RN – Edson, o Albem é uma instituição que se tornou referência, funciona de forma filantrópica através de doações e não mantém qualquer vínculo governamental. Como é estar a frente de uma OnG que realiza um trabalho tão importante e que, apesar de sobreviver de doações, é exemplo de organização e eficiência?
EDSON OLIVEIRA – Qualquer coisa que se faça na vida, é preciso ter qualidade. O trabalho realizado aqui no Albem tem a marca, o DNA e a impressão digital de muitas pessoas. Quando nos reunimos e decidimos criar um abrigo para atender aos acompanhantes de pacientes que vinham de outras cidades, nós já colocamos como ponto importante que essa instituição não tivesse ligação com órgãos governamentais e nem com religião. Quando existe um envolvimento político partidário ou religioso, acaba afastando as pessoas que desejam doar. Por isso, quando o grupo decidiu criar a instituição já houve essa definição, inclusive, nós já rejeitamos emendas parlamentares por entender que ao aceitar este tipo de colaboração estaríamos desviando o nosso objetivo que é oferecer um serviço solidário e completamente independente.
PRN – O que é, exatamente, o Albergue de Mossoró e quais serviços os albergados tem ao seu dispor?
EDSON OLIVEIRA – O Albem recebe acompanhantes de pacientes vindos da zona rural e de outras cidades e todo o nosso relacionamento é feito através do SUS. Nós temos parceria com quatro unidades hospitalares aqui em Mossoró e a partir do momento em que o serviço social do hospital toma conhecimento da presença de um acompanhante já faz o encaminhamento para o Albem. O albergue receber os acompanhantes, devidamente, encaminhados pelos hospitais das 6h da manhã ás 22h. Quando o acompanhante chega aqui no Albergue é recebido por nossa equipe e tem uma frase que dizemos: A partir de agora você não está só e não se preocupe com o tempo. Cumprimos rigorosamente os horários por uma questão de segurança. Chegando aqui na unidade, o acompanhante preenche um cadastro, recebe as normas de funcionamento e tem acesso a dormitório, nós temos alojamentos masculino e feminino e quatro refeições diárias (café da manhã, almoço, lanche e janta). Todos os serviços são gratuitos e o albergado não paga nada.
PRN – Quando se houve que o Albem realiza um trabalho diferenciado e humanizado, o que exatamente significa?
EDSON OLIVEIRA – Quando o acompanhante chega no Albergue, depois que é alojado, é feita uma conversa com a nossa coordenação que procura saber a sua história e dar uma atenção ao seu problema. O nosso trabalho não se restringe a abrigar, mas sim a apoiar. Com esse sistema, nós acabamos por transformar o relacionamento em um ciclo de amizade porque o nosso objetivo é mostrar que o albergado não está sozinho, que ele pode contar com a ajuda dos que fazem o Albem.
PRN – Qual é a capacidade de abrigo do Albem?
EDSON OLIVEIRA – O albergue foi projetado para abrigar 50 pessoas por dia. Nós já fizemos a experiência de abrigar 100% de nossa capacidade. Quando a ‘Operação Sorriso’ acontece em Mossoró, nós conseguimos lotar toda a nossa capacidade com os voluntários do programa que são mantidos com doações extras. Mas o investimento para manter 50 albergados é muito alto, porém, durante a ‘Operação Sorriso’ nós recebemos um volume maior de doação também para poder atender a este número. Atualmente nós abrigamos em média 15 pessoas, e a nossa meta é aumentar para 20 e a cada ano, aumentar a capacidade. Nós recebemos doações para garantir a alimentação, porém, temos sempre dificuldades com o que costumamos chamar de “mistura”. Somente nesse item, o investimento aqui no Albem é de cerca de R$ 2 mil reais mensais.
PRN – O Albem abriga, acolhe e fornece quatro refeições diárias aos abrigados, portanto, as doações são essenciais. Como O Albem faz a captação das doações e como consegue manter o atendimento a contento?
EDSON OLIVEIRA – Eu gosto da matemática porque ela é a ciência mais exata que existe. Nós temos aqui uma lojinha que é um bazar permanente onde nós comercializamos os artigos que são doados e nós recebemos doações de tudo, novos e usados e transformamos essa doação em receita. Nós vamos completar cinco anos de funcionamento e nesse período nós temos uma média de três pessoas por dia que fazem doação para o Albem sem a gente procurar e ainda temos uma campanha publicitária para captação das doações que é denominada de ‘O Bem está aqui’ e nessa campanha, as pessoas podem doar o que quiserem doar. As doações vão de frutas de época, roupas, calçados, livros, móveis, qualquer coisa. E toda doação que chega aqui garante o funcionamento do albergue. Nós estamos com um projeto de montar uma lojinha somente para móveis com divulgação nas redes sociais.
PRN – Você relatou que o Albem conta com o trabalho voluntário, como se tornar um voluntário para quem deseja?
EDSON OLIVEIRA – Eu costumo dizer que o Albem é um espaço para se praticar a solidariedade e quando alguém nos procura querendo ser um voluntário, primeiro nós mostramos toda a nossa filosofia, como tudo funciona e sempre estamos abertos a receber quem desejar contribuir com o nosso trabalho. Porque sempre é possível ajudar de alguma forma e quando se tem a oportunidade de fazer o bem é sempre muito gratificante e para fazer o bem a única coisa que precisa ter, é boa vontade.
PRN – Além das doações individuais, o Albem conta com doações de empresas?
EDSON OLIVEIRA – Nós temos a parceria com 20 colaboradores que fazem doações de seus produtos. Isso vai desde a padaria do bairro que faz a doação do pãozinho, a empresas de material de limpeza e supermercado que nos fornece um ‘voucher’ para a retirada de produtos e com essas parcerias conseguimos manter uma organização que garante um bom funcionamento do albergue. Esse número de parceiros ainda é pouco, mas nós temos uma deficiência muito grande de pessoal. Estamos precisando montar uma equipe para fazer umas visitas a algumas cidades para captação de mais parceiros. Porém, nós trabalhamos em um sistema que temos um parceiro por ramo, ou seja, se temos um supermercado colaborador então não buscamos outro supermercado e sim uma empresa em outro ramo e assim por diante. Essa é uma forma de valorizarmos as nossas parcerias.
PRN – O Albem vai ser agraciado com a Medalha da Abolição, como se deu essa escolha?
EDSON OLIVEIRA – A UERN vai completar agora em setembro, 53 anos de funcionamento e anualmente ela estabelece alguns critérios para reconhecer pessoas ou instituições por relevantes serviços prestados. Nesse ano a temática foi Direitos Humanos, Ciência e Educação e cinco instituições serão agraciadas com esta medalha e o Albem será uma dessas instituições. Para nós é um orgulho muito grande ser reconhecido pela universidade por prestar um serviço a população. Essa medalha tem o ouro das orações das pessoas que aqui participam, tem a prata dos voluntários que destinam seu tempo para somar conosco e tem o bronze das pessoas de bem que ajudam.
PRN – O que você como diretor do Albem diria hoje para as pessoas que querem ajudar o albergue e não sabem como?
EDSON OLIVEIRA – Nós estamos no momento realizando uma campanha para captar sócios financeiramente. Essa campanha tem a duração de 100 dias e será encerrada em 31 de outubro. Nessa campanha a pessoa que deseja ajudar faz a doação de R$ 9,99 através da Chave Pix CNPJ 12.703.179/0001-22. Também convido a todos que desejarem conhecer o trabalho do Albem, a nos fazerem uma visita e conhecer de perto o nosso funcionamento.
PRN – Edson, fique à vontade para fazer suas considerações finais
EDSON OLIVEIRA – Eu quero agradecer o espaço, a oportunidade da gente mostrar a existência de um trabalho sério onde procuramos deixar transparente todas as nossas ações e dizer que esse trabalho só existe pela generosidade das pessoas de bem de Mossoró e região. E faço o convite para que venham conhecer o Albem e trazer suas ideias, sua forma de ajudar. Fazer o bem compensa, pode ter certeza disso.