Devido à presença de alto teor de colesterol, os ovos foram, durante muito tempo, considerados como “vilões”. Contudo, diversas pesquisas recentes têm evidenciado a associação entre o seu consumo e a melhora dos parâmetros lipídicos em doenças cardiovasculares e neurológicas, como o Alzheimer.
O colesterol presente nos ovos participa da síntese de hormônios lipossolúveis, que requerem o colesterol como matéria-prima para sua formação, o que explica, em parte, o motivo pelo qual a ingestão de ovos não eleva os níveis de colesterol no sangue, pois grande parte é consumida no processo de produção hormonal.
Em relação à saúde cerebral, um estudo publicado no American Journal of Clinical Nutrition mostrou que em adultos de meia idade acompanhados por 22 anos a ingestão de ovos não esteve associada com o risco aumentado de demência ou doença de Alzheimer. Pelo contrário, o consumo desse alimento foi correlacionado com melhor desempenho em testes neuropsicológicos. Interessantemente, a cada aumento de 0,5g de ovos consumidos por dia, observou-se uma melhora significante no desempenho dos testes neuropsicológicos aplicados em pacientes.
Ovos e suas características nutricionais
O ovo é uma excelente fonte de importantes nutrientes: proteína de alto valor biológico (fornecendo todos os aminoácidos essenciais), vitaminas (riboflavina, vitamina E, vitamina B6, vitamina A, ácido fólico, colina, vitamina K, vitamina D e vitamina B12), minerais (zinco, cálcio, selênio, fósforo), ômega- 3 e compostos ativos (luteína e zeaxantina).
Os ovos são uma boa fonte de luteína e zeaxantina, carotenoides que protegem contra a oxidação de lipoproteínas e estão envolvidos na acuidade visual, sendo essencial na preservação da mácula ocular. Além disso, podem reduzir os riscos de doenças oftalmológicas, como degeneração macular e catarata. Os ovos também são fontes de vitaminas E e D, compostos com ação antioxidante e anti-inflamatória que também vão auxiliar na proteção da visão.
Portanto, fica evidente que essa rica composição nutricional sobressai o seu teor de colesterol e atribui aos ovos os seus efeitos benéficos à saúde. Desta forma, considerando-se os efeitos do ovo nos níveis de colesterol plasmático e suas características nutricionais, ainda não há justificativas científicas para se limitar o consumo de ovo pensando na elevação do colesterol. A contraindicação do ovo se dá em casos de intolerância ou alergia individual.
Entretanto, para se obter seus efeitos benéficos, é importante se considerar a técnica dietética aplicada durante seu processamento.
Dentre as 3 formas de preparo, os ovos mexidos (com ruptura das gemas) apresentaram menores teores de luteína e zeaxantina em relação ao ovo cozido ou frito (com as gemas intactas), sendo que os cozidos foram superiores aos fritos em relação aos níveis de ambos os compostos, com o adicional de não conterem gorduras trans, como elucidado anteriormente. Os mecanismos para a perda de luteína e zeaxantina com a ruptura da gema ainda não foram esclarecidos, mas a hipótese é de que alterações químicas e estruturais de proteínas e lipoproteínas na gema de ovo durante o cozimento em diferentes condições possa influenciar na perda dos compostos bioativos para o meio em que o ovo foi preparado, considerando então que a melhor forma de preparo e que mais iremos obter todos os benefícios do consumo do ovo na sua totalidade será na forma cozido.
Espero ter esclarecido alguns pontos importantes sobre a ingestão do ovo e a melhor forma de consumi-lo. Até a próxima semana.