Coluna Vida – Movimento Contínuo I

Iniciamos nossa coluna salientando que o objetivo aqui é fornecer oportunidades de conhecimento sobre o Movimento Humano e a Vivência Corporal e suas relações com a Saúde e a Qualidade de Vida.

Muitas vezes somos questionados sobre como “entrar em forma”.

Muitas pessoas são pontuais em seus objetivos em relação ao corpo; seja para se preparar para o verão, conseguir vestir uma roupa com uma dada numeração (geralmente menor que a usual do momento), impressionar alguém por qual esteja atraída(o), entre outras situações cotidianas que o Educador Físico está acostumado a ouvir. Outras pessoas têm objetivos mais definidos ou definitivos, como aquelas pessoas que desenvolveram, por vários motivos, comorbidades e necessitam ter cuidado especial sobre alguns hábitos que devem ser regulados e/ou implementados; são determinados por ordens médicas a regular a alimentação, manter uma prática de exercícios,  evitar consumir substâncias que possam vir a agravar a situação de saúde em que se encontram, enfim são obrigadas, para manterem-se vivas, à mudanças no modo de viver.

O “entrar em forma” trazido do meio militar para o cotidiano, nem tão contemporâneo assim, mas que se mantém em uso, nos traz a ideia de padrão, de forma definida por alguma força superior, que dever ser seguida, ou perseguida, para que façamos parte do modal em voga.

Sendo assim, acreditamos que esta coluna vem trazer luz sobre o assunto. Tentando de forma direta e acessível abordar um assunto que muitas vezes pode parecer óbvio, mas que é de uma profundidade tamanha que nos remete à épocas bem distantes do nosso século, e que devem ser refletidas.

Sobre o questionamento citado acima é preciso evoluir em um tipo de conhecimento nominal acerca da Atividade Física (AF), Exercício Físico (EF) e Esporte.

Relembrando a Matemática Básica, especificamente o conteúdo Conjunto, a AF é o conjunto que contém o EF e o Esporte. Esse grande conjunto também contém nossa vida, visto que ela abarca toda atividade humana viva – pensando que a ausência de movimento é a aproximação da morte. A Na AF encontramos as Atividades da Vida Diária (AVD), que são cuidados com a casa, os cuidados com a família, o trabalho, o Lazer, os deslocamentos, carregamentos, empurrões, equilíbrios e desequilíbrios, alterando ou não nossas funções vitais (ponto de diferenciação) nos causando vivências e sensações do poder fazer, junto com suas recompensas.

A AF se caracteriza, na sua maioria, por uma vivência corporal em horários de obrigações, não se obtém condicionamento físico nesses momentos, mas se faz necessário ter algum para conseguir executá-los bem. Por exemplo, aquelas caminhadas no supermercado quando carregamos alguns pacotes até o local onde tomaremos um transporte.

Nos primórdios das sociedades é ponto comum ver que nossos ancestrais tinham um estilo de vida nômade, característica que foi ultrapassada pelo estilo de vida sedentário (com moradia fixa, domínio de técnicas agropecuárias), este bem menos ativo que aquele.

O sedentarismo tomou outra conotação nos nossos dias, se tornando o termo coloquial para a situação de hipocinesia (pouca movimentação corporal no dia-a-dia), sempre citado pelos mais velhos sobre a situação das crianças que têm predominância de horas diárias usando as “telas” (assunto para outra ocasião), de como antigamente as brincadeiras eram mais ativas…

Então sempre que uma pessoa me questiona como entrar em forma, muitas vezes esperando uma fórmula instantânea, ou um convite a ir na academia “malhar”, eu sempre pergunto como é o dia da pessoa, se seu deslocamento é de forma ativa ou passiva? Qual a distância de casa para o trabalho? Qual seu objetivo com a AF (estética, saúde, socialização)? Acredito que muitas vezes decepciono, no sentido das expectativas do ouvinte. Pois o conselho inicial é que tente tornar seu dia mais ativo. Planeje um ou dois dias, se possível, de acordo com o tempo e distância, clima, para ir se deslocar de forma ativa até o trabalho/escola/faculdade, se reside em edifício subir alguns lances de escada, para que com isso se crie o hábito de ser corporalmente ativa(o). Esclareço que não haverá grandes transformações em termos de performances, mas seu corpo recompensará e sentirá a necessidade algo mais forte; digo que o corpo humano é muito hábil em se poupar e irá estranhar no princípio, mas a sua memória construída historicamente na genética acordará e aí sim é o momento de se lançar em mares mais profundos.

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