CRÔNICA

AS LUIZAS DE MARILLAC

Um grupo de mulheres de classe média formou-se em Mossoró no início dos anos 1960 com a denominação de “Luízas de Marillac”. Se a associação ainda existe, não temos informação. Mas, sua forma de atuação naquele período certamente é das coisas que se foram com as mudanças nas estruturas e hábitos promovidos na sociedade desde então.

O nome é claramente inspirado na santa católica francesa que viveu no século XVII e em 1960 foi declarada patrona das obras sociais pelo Papa João XXIII. A entidade tinha caráter filantrópico e era especificamente dedicada a ajudar financeiramente a manutenção do Abrigo Amantino Câmara, a mais antiga obra de caridade ligada à Diocese de Mossoró e situada na estrutura da Paróquia de São José.

A estratégia para a arrecadação de recursos era a promoção de festas, sempre no Clube Ipiranga, na Rua Mário Negócio. Essas festas ocorriam a intervalos regulares, mas havia destaque para a “Festa do Luar de Agosto”, talvez uma referência ao mês de nascimento de Santa Luíza de Marillac. Era também uma referência no calendário de festas dos chamados “clubes sociais” da cidade. A oportunidade de ajudar uma obra reconhecidamente meritória, a confiança na instituição, formada por pessoas conhecidas no universo social composto por habituais frequentadores desses clubes e o romantismo implícito no título da festa, numa época essencialmente romântica, faziam dela um “acontecimento” na cidade e, independentemente de tratar-se de uma festa profana, não deixava de ser uma bênção para os velhinhos do abrigo.

Rádios e jornais davam ampla cobertura. Não apenas os programas e páginas da chamada “crônica social”, na época um tipo de especialidade jornalística, mas, especialmente, o noticiário geral, sem falar em outras formas de divulgação, o que incluía aquela feita boca a boca, tudo concorrendo para o sucesso dessa festa e, depois, para sua repercussão. A cidade de modo geral via com simpatia o evento e a instituição de mulheres que o promovia, não obstante tratar-se de uma festa por várias razões direcionada a uma parte bem definida do estrato social, aquela que frequentava os clubes.

Sob qualquer ótica, todo mérito deve ser reconhecido no trabalho das Luízas de Marillac. Que com certeza inspirou (assim como foi inspirado) outros que se seguiram ou que ainda surgirão. E, quando isso ocorre ou vier a ocorrer, que a cidade também se inspire na lembrança saudosa de Willame Gurgel, dizendo, simpaticamente, pelas ruas da cidade, a um e a outro que encontrava, que era preciso prestigiar a festa das Luízas.

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