Crônica

AS FESTAS DE RAIMUNDO SACRISTÃO

Quando, nos últimos dias de maio, rádios e jornais mossoroenses começavam a noticiar as Trezenas de Santo Antônio, referiam-se sempre à data de seu início, primeiro de junho; ao local de sua realização, Rua 13 de maio, e ao organizador da jornada festivo-religiosa, Raimundo Nunes Rodrigues Filho.

A notícia servia para lembrar à cidade o que todos sabiam. O evento ocorria todos os anos e muita gente esperava para participar, como nos outros anos, das festas de Raimundo Sacristão.

Como sempre ocorreu no Brasil em relação a festas religiosas católicas de forte identificação popular, as 13 noites incluíam os momentos de devoção e profissão de fé, orações, leituras bíblicas, pedidos ao Santo e pregações, as trezenas propriamente ditas, e as chamadas festas profanas, momentos de congregação social dos participantes, incluindo aí aqueles católicos apenas nas estatísticas, todos envoltos em algo que se chamou espírito junino, uma alegria simples que não precisava de muito para acontecer.

Na celebração, programada para encerar-se em 13 de junho, data da morte do santo e dia instituído pela Igreja Católica em sua homenagem, o momento religioso era seguido pela festa popular. Havia músicas, brincadeiras e, principalmente, os leilões, onde as prendas doadas por pessoas ligadas à igreja ou simplesmente entusiastas da festa, eram disputadas no mesmo clima de divertimento que conduzia todo o desenrolar da programação.

Tudo se desenvolvia na frente da casa de Raimundo, na Rua 13 de maio, entre a Mal. Hermes e Av. Alberto Maranhão. A rua não era longa. Ia do encontro da Mário Negócio com a Pça. 15 de Novembro até a Alberto Maranhão, pois o prédio da fábrica Brasil Oiticica, impedia a continuidade do logradouro através da Av. Rio Branco, como se dá atualmente. Aliás, o nome da rua, referência à Lei Áurea no Brasil, por coincidência também se relaciona de algum modo à história de Santo Antônio. 13 de maio, o de 1232, é a data em que ele foi canonizado pelo papa Gregório IX.

As festas juninas no Nordeste eram eventos literalmente paroquiais. Tradição, mas não superprodução e atração turística. O comum a toda cidade eram as fogueiras e os fogos de artifício. Em Mossoró, o São João, por exemplo, era comemorado especialmente no Bairro 12 Anos, do qual é padroeiro, mesma razão para a maior movimentação regional na cidade de Assu. Nas homenagens a Santo Antônio, entretanto, a memória da cidade de então volta-se inevitavelmente para as festas de Raimundo Sacristão.

 

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