Crônica

A TELEVISÃO CHEGA A MOSSORÓ

Em meados dos anos 1960, cerca de 15 anos depois de chegar ao Brasil, a televisão começa a se diferenciar do rádio, mas ainda se faz pela técnica do improviso que marcou sua estreia em território nacional. Improviso que não deve ser confundido com falta de profissionalismo, mas, sim, relacionado à insipiência da engenharia implícita na atividade de geração e transmissão de imagens e a um estágio inicial da percepção de novas ideias a que induzia a novidade tecnológica. Tal realidade fez fluir uma criatividade que, projetando-se para além do tempo em que era mera necessidade, findou por agregar qualidade à TV brasileira. A única rede nacional pertencia aos Diários Associados/Rede Tupi, com emissoras em alguns Estados, de nomes tirados do Tupi-Guarani, expressão do nacionalismo de Assis Chateaubriand. A TV Globo surge nesse momento, inaugurada em 1965.

E é nesse momento que ela, a televisão, chega a Mossoró através de uma repetidora na Serra Mossoró, com a programação da Tupi através da TV Ceará, Canal 2, de Fortaleza. Em preto e branco, como era no mundo inteiro.

O aparelho receptor, muito caro, restringia-se a poucas casas, repetindo o que ocorrera em São Paulo, em 1950 e, também como na capital paulista da metade do século XX, criava a figura do televizinho, pessoa que não tendo televisor em casa, via na casa do vizinho novelas, telejornais e, principalmente, o futebol que acontecera no domingo anterior e na quarta à noite era exibido através de outra maravilha tecnológica que acabara de ser inventada, o vídeo-tape. A outra possibilidade de ver TV era em praças dos bairros, geralmente ao lado de um templo católico. Um televisor da prefeitura municipal, colocado em um nicho elevado, com uma portinhola, de modo a ser visto por todos, e que em determinada hora era desligado e trancado por um sonolento funcionário encarregado do serviço.

Fato curioso é que uns dois anos antes de termos TV de fato, a Casa Rádio, de José Claudio & Cia, naquele momento a loja mais destacada na venda de rádios, então, o artigo eletrônico mais presente nas residências, expunha aparelhos de TV que ficavam ligados durante a noite e apesar de exibirem apenas aquele “chuvisco” característico, muita gente parava para ver e, talvez, imaginar que em breve veríamos naquele objeto as imagens em movimento que nos fariam uma cidade moderna,  por dispor da novidade tecnológica que a gente sabia só existir nas metrópoles do Brasil e do mundo.

Voltaremos ao tema na próxima para abordar alguns aspectos e até curiosidades dessa TV que, então, víamos aqui.

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