O chamado transtorno dimórfico corporal (TDC), um distúrbio que hoje atinge 2% da população, cerca de 4,1 milhões só no Brasil. Em tempos de redes sociais e culto à aparência em alta, o quadro encontra terreno fértil para crescer. Homens e mulheres são vítimas em igual proporção. No entanto, os jovens entre 15 e 30 anos sofrem mais. “Quem convive com o TDC apresenta preocupação exagerada com algum defeito imaginário em sua aparência física. “O indivíduo pode achar que tem um nariz tão grande que, se sair às ruas, vai assustar todo mundo. Ou, então, ficar paranoico por acreditar que todos estão olhando para ele por causa do seu queixo ou da sua orelha”.
Os primeiros sinais de TDC não costumam ser detectados por psicólogos ou psiquiatras, mas sim por dermatologistas e cirurgiões plásticos que, na maioria dos casos, atendem pacientes em busca de procedimentos estéticos ou intervenções cirúrgicas para corrigir as “falhas” que eles imaginam possuir. O principal deles é o comportamento obsessivo e compulsivo, semelhante ao de quem sofre de TOC propriamente dito. No dia a dia, na hora de sair de casa, o sujeito com o distúrbio checa, repetidas vezes, seu suposto defeito. Consumido por uma feiura imaginária, tenta disfarçá-la com roupas largas, óculos escuros ou maquiagem pesada. Não convencido, ainda pergunta: “E aí, estou bem?”. Por fim, o medo de passar vergonha é tão devastador que, muitas vezes, ele desiste de sair e se isola. Quanto mais cedo o distúrbio for detectado, melhor. Às vezes, a família ou o paciente só procura atendimento quando o quadro se agrava. Sem acompanhamento multidisciplinar, os dismórficos corporais podem cometer autoflagelo e até mesmo tentar o suicídio. Na eterna briga com o espelho, o que faz bem mesmo é zelar pela mente. Não deixe esses pensamentos guiar você, busque ajuda o quanto antes.
Glycia Thianne Paiva Cardoso, 26 anos, Mossoroense, graduada em psicologia pela Universidade Potiguar. CRP 17/5073