Madrugada fria de fevereiro de 2022, nós na Eslováquia assim como em outros países do mundo fomos acordados em meio a uma guerra.
Parecia ainda não ser real e até se ter a certeza que não passava de um pesadelo, não só os ucranianos, mas àqueles que sentem às dores da alma já suplicavam pela paz.
Será que ainda existe um horizonte para se viver em paz … fico lenitiva e meditando. Mas, não há tempo para pensar e no universo do front é preciso agir, tomar uma atitude: o sentimento é primeiro resistir, depois enfrentar.
Às vozes, que ecoam de um silêncio agitam o universo espiritual e muitos já não estão mais aqui. É, necessário seguir e sofrer as agruras da alma, ao mesmo tempo. Não há tempo para chorar, é se levantar e ajudar a salvar os que ficaram. E, aí se desnuda o sentimento de ser diminuto em ser humano.
Intempéries inesperadas e a condição de existência, tende a se refugiar numa antologia órfã de segurança. Nessas horas, só se pode olhar para os céus contemplar de cima e verificar que não há colunas para os fundamentos do mundo. Mas, há uma força motriz e uma existência sobrenatural na natureza.
Chegamos ao Criador e agora só podemos gritar: Deus, socorre–me!
Os que fugiram do cerco, sitiados pelos exércitos armados, buscam ainda uma solução para continuar vivendo. Já que, a única coisa que conseguiram foi saírem ilesos em meio ao embate. Mas, é crucial ter um sentido e criar novas identidades na vida. Reconstruir com as marcas do passado, denota feridas e conota uma realidade quase impossível de se ver novamente.
Se, enquanto à vida há esperança, então continuemos olhando para o alto aguardando o amanhã melhor que hoje. Deus, ainda faz milagres e muda o curso da história e tudo de repente pode mudar de lugar!
LUDIMILLA OLIVEIRA – Reitora da UFERSA
(manhã de março de 2022, em Trencin)
