Crônica

PORTO SANTO ANTONIO

A comunidade rural de Santo Antônio está a cerca de 6 quilômetros do centro de Mossoró, sentido norte, e compreende o antigo porto, na margem esquerda do rio e a área vizinha, por onde passa estrada de terra que antes levava às salinas e à Cidade de Grossos, ou até a Areia Branca, indo por Porto Franco e atravessando na balsa. Nessa parte, nos anos 50, aos que demandavam esses destinos era obrigatória uma parada na bodega de Antônio Batista, onde havia um telefone com “discagem” a manivela, alimentado por duas pilhas Rayovac de quase um litro de volume.

Caminho também para comunidades rurais vizinhas, Pau D’arco, do lado esquerdo do rio, Passagem de Pedras, Rincão, Umari, Alto de Pedras, Jurema Seca, Alagamar e Carmo, do outro lado.

O porto teve grande importância comercial no século XIX, quando Mossoró se transformou em entreposto comercial entre a região, incluindo áreas limítrofes de estados vizinhos, e demais regiões do país e mesmo com o estrangeiro. Funcionou até meados do século XX. Por lá, em pequenas embarcações, passavam mercadorias vindas de fora e, em sentido oposto, as que saiam daqui, até os navios ancorados ao largo em Areia Branca. Um desses produtos era o sal. Por essa via também eram transportadas pessoas. Em 1883 o porto era rota de fuga de escravos, levados por abolicionistas para o Ceará. Segundo o escritor Raimundo Nonato da Silva em seu livro “Ruas, Caminhos da Saudade” (Coleção Mossoroense, Vol. 23, 1973), foi pelo Porto Santo Antônio que, vindos de Natal, chegaram em 1913 o Professor Eliseu Viana, então futuro diretor da Escola 30 de Setembro, e sua esposa Celina Guimarães, primeira eleitora do Brasil e América Latina.

Próximo ao rio, a capela consagrada ao santo nascido em Portugal e um dos mais populares do Brasil resiste ao tempo e espera por uma recuperação que evite seu desaparecimento, como ocorreu à Capela do Convento do Carmo. Independentemente da condição de templo de uma religião, ela é um marco histórico e é significativa na memória afetiva de muitas famílias cujos descendentes estão na própria cidade, no estado e em outras partes do país. É fato comum no Brasil, e assim também entre nós, pessoas que viajando pela Europa, encantam-se com vilarejos e seus marcos preservados, especialmente capelas. Aí fazem suas fotografias prazerosamente enviadas a amigos e conhecidos. Por que, então, não poderiam os viajantes de fora encantarem-se igualmente por aqui e por que não poderíamos nós mesmos registrar em fotos a felicidade de visitar locais como esse, bem pertinho?

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