Nossas perdas, nosso vazio, nossa indiferença
Poderão morrer 300 no Rio Grande do Norte, dizem uns. As mortes chegarão a mil, preveem outros. Propagam-se óbitos apenas com a frieza dos números. Apesar de parecer inevitável que as mortes aconteçam, parece ainda mais claro que não lidamos com elas com misericórdia que o momento exige. Com o sentimento que a situação merece.
Perdemos o popular “Boquinha”. Morreu o não menos carismático e boa gente Neto da Panelada. Não temos mais o não menos bondoso Luís Di Souza. Tombou o não menos batalhador Luís Alves. Assim como as duas outras pessoas também vitimadas pela Covid-19 em Mossoró (cujos nomes não tivemos conhecimento, mas com certeza com tantas virtudes e atributos que os quatro que citamos). Pessoas com sonhos, desejos, expectativas, levadas à lápide sem direito sequer às homenagens últimas.
Talvez só os mais próximos estejam sentindo o vazio, que deveria ser da maioria. Talvez só os amigos e familiares lamentem as perdas, que são de todos nós.
Mas existe algo que é muito comum a nós todos, inevitavelmente: a indiferença. Se não fosse o nosso desprezo pela dor alheia não teríamos ruas tão movimentadas, supermercados tão cheios, filas tão imensas. Sequer estaríamos discutindo se o isolamento social é o meio mais eficaz ou não: estaríamos todos isolados.
Quando a dor do outro não nos toca, talvez não mereçamos nem o sentido da dor, porque como disse Osvaldo Giacoia, “o insuportável não é só a dor, mas a falta de sentido da dor, mais ainda, a dor da falta de sentido”.
SEM PAGAMENTO
Chegamos a um terço do mês de abril e a prefeita Rosalba Ciarlini ainda não pagou o retroativo da correção salarial do Piso do Magistério. Além de não pagar, a prefeita sequer anunciou quando será pago. Nas redes sociais, desencontro de informações. De forma oficial, nenhum pronunciamento.
SUPERMERCADOS E PADARIAS
Acredito ser necessário deixar supermercados e padarias abertos também nos finais de semana. Se as pessoas estão indo cada vez mais a esses locais, diminuir tempo de funcionamento é aumentar as possibilidades de aglomerações.
REDUÇÃO EM REPASSES
O duodécimo dos Poderes Legislativo e Judiciário, a ser repassado pelo Governo do Estado, sofrerá redução. A diminuição no valor, é importante deixar claro, é resultado de consenso construído pela governadora e presidentes da Assembleia e do Tribunal de Justiça. Arrecadação caindo com a crise, nada mais justo que todos arquem com parte do sacrifício.