VOLTA AO FUTURO
Da embalagem de simples produto a complexas superestruturas, em tudo hoje está o plástico. Brinquedos, automóveis, navios, aeronaves. Entre os seus usos mais perceptíveis, as embalagens de supermercados, que substituem o papel, o vidro, os tecidos de fibras diversas de antigamente. É uma grande solução e um grande problema atual. Não se tem encontrado material com tamanha adaptação a usos tão diferentes. É flexível, semiflexível, rígido, facilmente moldável, facilmente transformável. À medida que a se constata o efeito ambiental negativo de sua acumulação, parece que mais aplicabilidade para ele se encontra. Paradoxalmente, na área de saúde esse material que compromete a vida em todas as suas expressões assume a forma de seringas e agulhas para injeção e de avançados equipamentos de diagnóstico e tratamento. Nos supermercados, mercearias e lojas de grandes cidades, na vendinha da vila mais remota, uma colossal quantidade de plástico é usada e posteriormente descartada, mundo afora. E vai parar nos lixões, aterros sanitários, rios e no mares.
Mas nem sempre foi assim, claro. As atuais sacolas de supermercado tiveram como percussoras embalagens feitas de fibras e folhas vegetais, cipós e outros materiais encontráveis na natureza, que a ela eram reintegrados, no processo de decomposição após cumprido seu ciclo de vida útil. Caso, por exemplo, de nossas bolsas de palha de carnaúba, onipresentes em todos os estabelecimentos de vendas do que se chamava de “secos e molhados” (carnes, verduras, cereais, etc). Confeccionadas em tamanhos (ou volumes) diferentes, iam e voltavam pelas mãos dos membros da família, no cotidiano das compras da casa. Depois, descansavam penduradas por suas alças em um suporte qualquer, até que fossem novamente necessárias.
Com funções semelhantes havia os cestos, de junco, vime e outros vegetais de hastes finas, flexíveis, resistentes. Além do transporte de mercadorias serviam de utensílios para guardar em casa vários produtos (função atual, também, das vasilhas de plástico) desde que não fossem líquidos. Para estes últimos havia os vasos de cerâmica, alumínio, ágata, que mesmo sendo materiais extraídos da natureza, serviam a várias gerações antes de serem descartados.
Hoje o plástico desafia a inventividade humana em encontrar solução alternativa. Mas, pelo menos, na sua função como embalagem, o futuro poderia ser beneficiado por um pouco de passado. Seria prazeroso ver as pessoas passarem com bolsas de palha de carnaúba, trançadas pela hábil mão do artesão, da artesã. E, sobre a mesa da cozinha, a clássica cesta de ovos.