Uso de máscara universalizado reduz velocidade de contágio
Equipamento de proteção deve ser usado sempre que sair de casa ou no domicílio, durante cuidado com pessoas com suspeita de infecção
Por Thays Teixeira — Do LAIS/UFRN
Desde que iniciou a pandemia associada a Covid-19 os protocolos para o uso generalizado de máscaras para toda a população mudaram. Atualmente as máscaras têm sido recomendadas como uma ferramenta potencial para combater a pandemia do novo coronavírus, porque reduzem os riscos de contágio direto.
A máscara deve ser usada sempre que você sair de casa ou no domicílio, durante cuidado com pessoas com suspeita de infecção, e na falta da máscara cirúrgica. A mudança de protocolo para o uso de máscara para a população em geral aconteceu em virtude das experiências em diversos países.
“O uso da máscara artesanal, ou máscara de tecido pela população em geral, acabou tendo uma recomendação recente, como uma medida complementar para conter a pandemia de Covid-19, em razão de experiência de alguns países como Hong Kong e República Tcheca, e a revisão de trabalhos feitos por ocasião de avaliações em epidemias anteriores por outros vírus respiratórios”, justifica a médica infectologista e pesquisadora do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (NESC/UFRN), Marise Reis de Freitas.
Em países orientais por exemplo, o uso de máscaras de forma generalizada é recorrente e apresentaram evidências diferentes em relação ao uso desse equipamento.
“Esses países possuem uma experiência maior no uso de máscaras, porque viveram outras epidemias de transmissão pelo ar como é o caso da SARS (Síndrome respiratória aguda grave). Pouco a pouco, se foi constatando que onde o uso da máscara era mais universal havia menor velocidade de contágio”, explica o epidemiologista Ion Andrade, do Centro de Formação de Pessoal Doutor Manoel da Costa Souza (CEFOPE) e pesquisador do LAIS.
Os especialistas explicam que essas alterações são necessárias na medida em que se conhece melhor o comportamento da pandemia e do vírus que a causa. Isso implica na atualização de documentos normativos. “O documento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) coloca explicitamente que máscara de tecido não é recomendado. Essa recomendação continua presente para os profissionais de saúde, ou seja, no ambiente de saúde ele deve utilizar máscara cirúrgica ou as máscaras N-95 que são respiradores, que são filtros em situações especiais”, reforça Marise Freitas.
Isso significa que nos ambientes hospitalares os profissionais devem usar obrigatoriamente as máscaras profissionais, e que a população em geral fica recomendada aquelas máscaras produzidas de forma artesanal. “Ela é uma medida complementar a todo o resto, junto com a higiene de mãos e o afastamento entre as pessoas. A máscara artesanal acaba tendo um papel complementar importante e objetivo o dela é reduzir a transmissão do vírus pela via respiratória. Na medida que eu protejo a face eu vou reduzir o acesso livre dele, esse é o motivo”, diz ainda a infectologista.
SAIR DE CASA SOMENTE DE MÁSCARA
As máscaras artesanais ou profissionais funcionam como uma barreira para evitar o contágio direto pelas vias respiratórias. Isso a transforma em uma importante ferramenta de combate ao contágio da Covid-19. Assim, a melhor forma para sair de casa quando necessário é usando a máscara. E existem recomendações para garantir maior segurança.
O tecido correto, o tempo de duração com a máscara no rosto, higienização e manejo são vitais para que elas possam garantir a efetividade de seu uso. “Uso incorreto é sempre um problema e pode ter o efeito contrário sim. É importante ressaltar que a pessoa deve pegar na máscara pelas alças e não deve tocar nas superfícies interna ou externa, sempre lavar a mãos antes e após colocar ou retirar a máscara”, alerta Marise Reis. Diante disso não existe medida única de proteção.
“A proteção da face, que é a porta de entrada do vírus seguramente deve trazer algum benefício, mas é preciso usar uma máscara que minimamente consiga filtrar as partículas maiores e utilizar de forma segura para evitar a contaminação”, relata a médica e pesquisadora. A infectologista reforça ainda que as demais medidas sanitárias como o isolamento e distanciamento social, a lavagem das mãos com frequência também são imprescindíveis para reduzir os índices de contágio.
O uso da máscara não estabelece uma proteção intransponível, é preciso que as pessoas continuem tendo os demais outros cuidados e que se forem sair de casa estejam munidos de todos eles. “Então, o uso da máscara não torna menos necessária todas as outras medidas higiênicas, inclusive a do próprio distanciamento social entre as pessoas. Ela é uma medida complementar, importante, que reduz o contágio, mas todas as outras continuam necessárias”, reitera Ion Andrade.
Materiais, higienização e tempo de uso das máscaras artesanais – Não importa o estilo, a cores ou formato, o mais importante é a funcionalidade e a capacidade proteção que as máscaras precisam ter. Como vimos o uso de máscaras caseiras passa a ser um fenômeno internacional no enfrentamento do Covid-19, visando minimizar o aumento de casos.
As pesquisas têm apontado que a sua utilização impede a disseminação de gotículas expelidas do nariz ou da boca do usuário no ambiente, garantindo uma barreira física à disseminação do vírus. Diante desse cenário, recomenda-se que a população possa produzir as suas próprias máscaras caseiras em tecido de algodão, tricoline, TNT, ou outros tecidos, que podem assegurar uma boa efetividade se forem bem desenhadas e higienizadas corretamente.
Segundo o “Protocolo Máscaras de Tecido para a População” elaborado pelo Instituto de Medicina Tropical (IMT) do Rio Grande do Norte existem recomendações necessárias para garantir a efetividade desse equipamento. No protocolo constam as instruções de como fazer, que tecidos devem ser utilizados, os cuidados com as máscaras e os procedimentos que devem ser cumpridos na chegada em casa.
“O importante é que ela esteja em boas condições, que ela esteja íntegra, que não esteja furada, estragada, que ela se adapte bem ao rosto da pessoa”, reforça o infectologista Ion Andrade.
Marise Freitas reforça ainda que a cada três ou quatro horas, o equivalente a um turno de trabalho, é preciso trocar de máscara. “No entanto a máscara deve ser trocada se apresentar umidade porque a pessoa falou muito, espirrou ou tossiu”, reitera. Isso faz com que a pessoa necessite de pelo menos três máscaras para trocar sempre que necessário.
* Reportagem produzida em parceria entre o Laboratório de Narrativa Hipermídia (HiperLAB/UERN) e o Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN)