Um pedido pela vida

A vida que levamos hoje em dia é um verdadeiro trem-bala. Nos envolvemos, ou nos deixamos levar, por tantas coisas que tudo parece acontecer em velocidade de supersônico. Os dias parecem cada vez menores. As horas passam cada vez mais rápido. Quase tudo se torna fugaz. Na miríade de afazeres com os quais nos comprometemos, somos desafiados diariamente a não esquecer o que é mais importante: o outro.

Quem ainda consegue dedicar, com vagar e paciência, tempo para uma tarefa escolar com o filho, não é mais regra, é exceção. Aqueles que dedicam pelo menos uma hora para um café e um papo despretensioso com parentes, é um herói.

Imagine, então, se temos como perceber um amigo, um familiar, um conhecido, um vizinho, com uma dor? Sobretudo se ela só fizer sangrar por dentro. Se machucar o peito e exigir aparências. Se ela, sorrateiramente, se instala sufocando, suprimindo a alegria natural e exigindo de suas vítimas que mantenham uma superficial impressão de que está tudo bem.

Não está. Nem com eles, nem com nós.

Porque, infelizmente, trocamos a ajuda pelo comentário maldoso. O apoio pela maledicência. A necessidade de dividir a dor pelo desejo de se sentir melhor.

Estamos, lamentavelmente, ignorando muitos que sofrem. Pela falta de tempo. Pela ausência de bom senso. Pela escassez de humanidade.

É preciso que compreendamos o pedido de socorro no sorriso dos que falam e no silêncio dos que gritam. Não é difícil. Basta que reservemos um tempo para nós, e que dividamos com o outro. E, especialmente, que saibamos calar. Porque a palavra só deve ser dita para acalentar, aliviar ou curar.

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