O Brasil e o mundo estavam nas matérias da revista “O Cruzeiro”. Dentro do país, era natural a maior cobertura aos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, cujas forças, econômica e política, resultavam no eixo político da vida da nação. A cidade do Rio era a Capital do Brasil o que por si só explica a ascendência sobre as demais. Rio Grande do Sul e Paraná vinham logo ali, em relação aos primeiros, nesse ranking dos mais influentes. Pernambuco era o estado mais importante do Nordeste. A Bahia era, então, parte da Região Sudeste. Nada muito diferente do que sempre foi, exceto pelo deslocamento da Capital Federal para o Planalto Central.
Política e políticos compunham a pauta diária. As principais lideranças partidárias concentravam-se na UDN (União Democrática Nacional), PSD (Partido Social Democrático) e PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Havia acirrada disputa entre a UDN, de um lado, e a coligação PSD/PTB, de outro, embora não fosse tão incomum alianças estaduais entre PSD/UDN em função de algum candidato. Sobressiam os nomes de Amaral Peixoto, Juscelino Kubitschek e Tancredo Neves, no PSD, Afonso Arinos, Carlos Lacerda, Jânio Quadros, na UDN, Getúlio Vargas, San Thiago Dantas, Leonel Brizola, no PTB. Além de Ademar de Barros, liderança paulista reincidente de candidaturas a Presidente da República, filiado ao pequeno Partido Social Progressista, o PSP.
Nos esportes, o futebol teve nesse período nomes como Leônidas da Silva, Domingos da Guia, Zagallo, Dequinha, Garrincha, Nilton Santos, Telê, Djalma Santos e, o mais brilhante, Pelé. As Copas de 1958 e 1962. No box Eder Jofre escreveu seu nome mundialmente; o salto triplo consagrou Ademar Ferreira da Silva; o basquete trouxe campeonatos mundiais com jogadores como Algodão e o técnico Kanela e até o tênis, esporte menos acessível às massas, deu ao Brasil a grande estrela Maria Ester Bueno. O destaque mundial no automobilismo era o argentino Juan Manuel Fangio. A importância do Brasil nesse esporte só viria em 1972, com Emerson Fittipaldi, quando a revista “O Cruzeiro” já não existia.
Nas páginas de “O Cruzeiro” estava o registro da realidade e da história do Brasil de sua época. A própria revista se comportava como personagem da política de seu tempo, na postura editorial e na atuação de seus articulistas, principalmente David Nasser e suas antológicas polêmicas com Leonel Brizola, transportadas da escrita para as chamadas “vias de fato” em casual encontro dos dois no saguão do Aeroporto do Galeão em 1963.