OUTRAS COPAS
Começou em 1930. mas antes de embalar, propriamente, os perrengues da Segunda Grande Guerra interromperam essa guerra menos traumática, disputada sobre um tapete de grama, por craques de futebol. E esse esporte desde então foi se tornando o mais conhecido, entendido, discutido e jogado ao redor do mundo, dos grandes estádios aos campinhos improvisados em qualquer pedaço de terreno disponível.
A partir de 1950 pegou de vez. E a Copa naquele momento estava aqui, no Maracanã que ainda em obras viu os brasileiros, em tese, todos torcedores de futebol nesse momento, passarem do êxtase à completa decepção, que se irradiou Brasil afora pelas ondas curtas das poucas emissoras de rádio que transmitiam o evento. De lá para cá, a cada quatro anos, a Copa do Mundo criou uma rotina de festas, que durante o tempo em que acontece toma o lugar daquela vigente nos outros meses do ano.
Em 1958 o primeiro título de campeão, na Suécia, chegou também ao Brasil pelo rádio, como ocorreria mais uma vez em 1962, no Chile. E “ver” o jogo pelo rádio não era menos emocionante. O narrador de futebol sabia (e sabe) tirar proveito da situação tornando-se ele mesmo a emoção a prender o torcedor. Aumentando repentinamente o tom de voz, levando a narração a um ritmo quase convulsivo, transmite ao ouvinte a sensação do gol iminente que na maioria das vezes termina em nada, para frustação do torcedor do time atacante e alívio do adepto do outro time. Acompanhar o jogo pelo rádio ainda era um privilégio. Nem toda casa possuía um “aparelho receptor”. Em cidades médias e pequenas, em que a rede elétrica não chegava a muitos bairros periféricos, era preciso deslocar-se para a casa de amigos, já que ainda não era conhecido o rádio transistorizado, ou rádio de pilha, que viria a se popularizar em seguida.
Em 1970 o país quase todo conheceu a grande novidade, os jogos na TV. Em momento singular da história de nossas seleções de futebol, a emoção foi potencializada pela experiência de ver em tempo real as imagens antes vistas apenas meses após conhecido o resultado, emoção requentada nas telas de cinema, nos jornais cinematográficos de Hebert Richers, narradas não mais no tom frenético de um Fiori Gigliotti ou Jorge Cury, mas no estilo de noticioso de Heron Domingues, o locutor do Repórter Esso.