OPINIÃO

O APELIDO DOS LOGRADOUROS

Ruas, avenidas e praças têm nomes oficiais, mas estes, às vezes, por um fato qualquer ou invenção de alguém, acabam sendo trocados por um apelido que faz até esquecer a verdadeira denominação.

Todo mundo em Mossoró sabia onde ficava o Rabo da Gata, embora esse nunca tenha sido o nome da região identificada com a calda da felina. As ruas dos Paredões, paralela ao rio em sentido leste/oeste, tinham e têm nome dos primeiros Presidentes da República. Mas quando a administração municipal criou um canteiro central de carnaubeiras enfileiradas, simbolismo para lembrar a ocorrência natural da planta em terras mossoroenses, especialmente naquelas margens de rio, a Rua Mal. Floriano, conhecida sobejamente das gerações anteriores pelo nome do seu patrono Marechal, passou a ser para as gerações atuais simplesmente “rua das carnaúbas”. O Presidente Wenceslau Braz, este sem patente militar, quase perde o domínio da rua que lhe homenageia. Muita gente se referia (talvez alguns ainda se refiram) à artéria como Rua São José, influência da igreja em honra do Santo Padroeiro do bairro, situada nessa mesma rua. A Praça Bento Praxedes trocou a identidade para Praça do Codó, em meio às querelas que permearam a política estadual dos anos 60. Hoje é Praça do Relógio. Bento Praxedes ficou conhecido apenas pelos carteiros e olhe lá. Tendência, pelo menos em cidades do RN, de chamar certas ruas no início de sua formação de casas mais simples, de Rua da Palha, a Rua Lopes Trovão, no Doze Anos já foi chamada assim. Alguém, talvez, ainda lembre.

Em Natal é quase mania trocar nomes de ruas e praças. A velha Praça Pedro Velho, dos namoros menos compromissados dos anos 50 e 60, perdeu praticamente sua identidade original e com a intensa colaboração do rádio, televisão e autoridades, virou Praça Cívica. Já o Prefeito Omar O’Grady cujas ideias de planejamento de Natal podem ser vistas anda hoje nos traçados lógicos de ruas de Petrópolis e Alecrim, nunca foi apresentado aos que transitam na via que leva seu nome, entre Candelária e Cidade Satélite. Ali é simplesmente o “prolongamento da Prudente de Morais”. Um dia houve uma feira de flores na Praça Aristófanes Fernandes, em Petrópolis. As flores sumiram até de seus minguados jardins, mas o apelido de Praça das Flores não. Pouca gente conhece o nome oficial daquele espaço público.

A tendência popular nessas mudanças de nome é compreensível. Mas a colaboração de autoridades para a confusão desrespeita homenagens e desinforma. Afinal, endereços, residenciais ou comerciais, têm o nome real do logradouro. Pelo menos a Prefeitura sabe disso na hora de cobrar IPTU.

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