Crônica

NA BOCA DO POVO

O objeto da propaganda é vender produtos, serviços e até imagem pessoal, embora exista a propaganda negativa que vira tudo isso ao contrário. O Brasil é conhecido pela criatividade de sua publicidade. Como certamente ocorre também em outras partes, algumas peças publicitárias vão além e são incorporadas à linguagem popular, viram fenômenos de comunicação. Ocorra isso pela argúcia de quem criou a peça ou ao acaso, quando ela “pega” o produto é beneficiado por um dos mais antigos e eficazes meios de divulgação: a boca do povo. Exemplos nesse sentido surgem continuamente, mas, aqui, referimo-nos a alguns que estão na memória de poucos ou quase desapareceram, como é comum em fenômenos dessa natureza.

O tamanho das coisas sempre impressionou a mente das pessoas. Volume, extensão, qualquer forma de dimensão extraordinária. Não à toa, existe um livro dos recordes que registra qualquer tolice desde que seja grande. Como tudo tem seu oposto, a cultura popular criou o ditado “tamanho não é documento”, invocado sempre por razões que se podem imaginar e o Laboratório Farmacêutico Sidney Ross, que produzia as então conhecidas “Pílulas de Vida do Dr. Ross” jogou no ar o slogan que referenciava o pequeno volume da pílula. O slogan era mais interessante na versão radiofônica, pela pausa feita pelo locutor de voz encorpada, no meio da frase: “Pequeninas, mas….Resolvem! Não demorou muito para que isso fosse adotado pela fala comum, quando se queria exaltar as qualidades de pessoa ou algo, especialmente se feminino, não obstante o pequeno tamanho.

Dá um sorriso Colgate! (ouvia-se na hora da foto ou quando se pedia ou sugeria a alguém ser simpático). Desnecessário dizer que a expressão, que saía tão naturalmente, tinha como origem a publicidade do creme dental que “garantia” aos consumidores um sorriso mais alegre, maravilhoso, cativante. Aliás, já tinha sido, também, “sorriso Eucalol” e “sorriso Kolynos”, marcas, uma hoje inexistente, outra fora do mercado brasileiro, respectivamente.

É raro quem conheceu, hoje, um equipamento semelhante a um isqueiro e que servia para acender fogões a gás. Um desses produtos ficou conhecido por uma peça publicitária em que pessoas comuns, encontravam-se, perguntavam se estava tudo bem e a resposta, substituindo aquela intuitiva, comum, esperada, era que estava “tudo magiclick”. Em um comercial a frase era repetida duas vezes, em sequência rápida, de modo a ficar bem fixada na memória. Durante muito tempo, no cotidiano de pessoas que se viam em determinados lugares, era comum ouvir-se a resposta massificada pelo rádio, quando não a pergunta direta: “Oi! Tudo Magiclick?”

Notícias semelhantes
Comentários
Loading...
Page Reader Press Enter to Read Page Content Out Loud Press Enter to Pause or Restart Reading Page Content Out Loud Press Enter to Stop Reading Page Content Out Loud Screen Reader Support