Quem conheceu o antigo Estádio da Liga Desportiva Mossoroense – LDM, na Rua Benjamim Constant, onde é a atual sede do SESI, sabe que o local era algo improvável para a prática do futebol. A areia fofa do campo de jogo era penetrada pelas travas das chuteiras e uma simples caminhada era um exercício contra resistência. Se considerarmos que os que ali jogavam levavam a semana trabalhando em outras profissões, não dispunham dos cuidados altamente especializados em medicina esportiva, incluindo preparadores físicos, nutricionistas, aparato tecnológico e o que mais se imagine, mais admiração causa a habilidade daqueles atletas. E tinha o fato de o jogo precisar começar no máximo às três da tarde, pegando o rescaldo da quentura do “pingo da mei dia”, pois não havia iluminação artificial e a partida tinha de terminar antes que o sol se despedisse no rumo do oeste.
Os que se interessam pela história desse nosso futebol podem deliciar-se com alguns livros sobre o assunto, especialmente os escritos pelo saudoso Lupércio Luiz de Azevedo que além do talento de pesquisador, escrevia com amor e conhecimento sobre essa atividade que ele vivenciou e pode observar de seus diferentes ângulos.
Voltando ao campo e aos atletas, mesmo assim eles fizeram acontecer maravilhosas tardes esportivas aos domingos, naquele estádio dotado apenas de um pequeno lance de arquibancadas malconservadas, de cimento duro, e cercado por muros também necessitados de melhor estrutura. Muros esses, aliás, marcados na parte externa de um dos seus lados por pequenas escavações distribuídas verticalmente a curtos intervalos, na medida dos pés da meninada, por via das quais se acessava ao interior do estádio sem as formalidades de passagem pela bilheteria.
Nos anos 1950 e 1960 Potiguar e Baraúnas já dividiam o protagonismo dos campeonatos locais, mas tinham a sombra do Salinistas, o time do Sindicado dos Salineiros, de bonito uniforme com listras brancas, vermelhas e azuis, mais de uma vez campeão. As forças intermediárias eram representadas pelo Ypiranga, o Fluminense, da Lagoa do Mato e o CID, dos Pereiros. Em determinado momento participava do campeonato o time organizado por funcionários da chamada fábrica de gesso, mas esse entrava apenas para justificar a clássica frase “o importante é competir”. Gesso era o nome do esforçado time.
Belas tardes de futebol. Sem heróis fabricados. Até porque a fama não rendia mais que eventual gratificação de algum benemérito. E uma laranja no intervalo.