Baixo isolamento e alta taxa de ocupação de leitos aumentam pressão por lockdown
Rede hospitalar está com quase 100% de ocupação, enquanto que índice de isolamento não chega a 50%
A 5ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Natal e a Segunda Vara da Fazenda Pública da Comarca de Mossoró se debruçam sobre dois pedidos para decretação de lockdown. O da 5ª Vara, com efeito sobre a capital do Estado e a região metropolitana. O de Mossoró, com abrangência sobre todo o Rio Grande do Norte. As ações foram impetradas pelo Sindicato dos Trabalhadores em Saúde Pública do Rio Grande do Norte (SINDISAÚDE/RN).
Apesar de as chances de o Judiciário determinar o lockdown nas duas ações serem pequenas, duas situações, porém, pressionam no sentido de que o Governo do Estado adote o bloqueio total como medida para conter o avanço da Covid-19: os baixos índices de isolamento social registrados no Rio Grande do Norte e o aumento na taxa de ocupação dos leitos da rede hospitalar, tanto pública quando privada.
Ontem, em pleno domingo, a taxa de isolamento social registrada em território potiguar foi de apenas 47,93%. “Todo o esforço de abertura de leitos não resistirá se não melhorarmos o isolamento social, se o isolamento continuar nesse nível”, afirmou hoje, em entrevista coletiva, o secretário-adjunto de Saúde Público do Rio Grande do Norte, Petrônio Spinelli.
Além disso, o Estado se aproxima perigosamente de ter 100% de seus leitos ocupados com pacientes da doença, provocada pelo novo coronavírus. Na região Oeste, 97% dos leitos críticos para adultos já estão ocupados. Na região metropolitana de Natal, a taxa de ocupação é de 91%. No Seridó, o índice é 61%. “Estamos vivendo a pior fase da pandemia”, alertou Petrônio Spinelli.
“Estamos ajustando a abertura de leito justamente onde a pressão é maior, que hoje é a região Oeste a área metropolitana”, ressaltou Petrônio Spinelli, acrescentando que o número de leitos vai crescer até um certo limite
O secretário-adjunto de Saúde ressaltou que essa semana será de grande desafio porque haverá pagamentos na rede bancária. “Essas mortes e essas internações que temos hoje respondem exatamente a um pico de gente nas ruas, nas filas, de 14 dias atrás. Isso não pode se repetir”, alertou.
Petrônio encerrou sua fala fazendo um forte apelo. “Apelo às prefeituras, aos bancos, a toda a sociedade: vamos evitar transformar essa semana numa semana potencializadora de novas contaminações. Vamos garantir que quem sair de casa, e só saia de forma imprescindível, saia de máscara. Vamos envolver as estruturas públicas, particularmente a parte de assistência social, de saúde e de segurança pública para garantir que essa semana não seja uma semana que a gente venha a lamentar daqui a alguns dias”, finalizou.
Caso o apelo não seja atendido e, com isso os índices de isolamento não aumentem e de ocupação de leitos não diminuam, o lockdown poderá ser visto como medida inevitável.