Ações

Consórcio do Nordeste traça estratégias para identificar origem dos resíduos em praias

Já foram coletadas mais de 20 toneladas de lixo no litoral do RN, PB e PE

O Consórcio Nordeste anunciou, nesta terça-feira, 27/4, a criação de uma rede de apoio entre os Estados para combater o lixo do mar e estabelecer medidas emergenciais devido ao aparecimento de uma grande quantidade de resíduos no litoral do Rio Grande do Norte e da Paraíba. Divulgada por meio de nota, as iniciativas visam reforçar os trabalhos de análise do material encontrado nas praias, identificação do responsável pelo descarte irregular e reparação dos danos ambientais.

As medidas são o resultado de uma reunião realizada por videoconferência na segunda-feira, 26/4, por secretários, superintendentes e representantes das pastas do Meio Ambiente, que compõem a Câmara Temática do Consórcio. O diretor-geral do Instituto de Desenvolvimento e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte, Leon Aguiar, que propôs o encontro, apresentou um panorama da crise ambiental.

Até o momento, já foram coletadas 20 toneladas de lixo, aproximadamente. Os resíduos consistem em garrafas plásticas, chinelos, bolsas, panfletos, recipientes de marmita, pedaços de eletrodomésticos e até seringas descartáveis.

“Em Nísia Floresta, por exemplo, o lixo encontrado é de característica urbana, com muitas embalagens de iogurte, margarina, sapatos, envelopes plásticos e canudos; alguns, com marcas de degradação. A maior preocupação está com os resíduos hospitalares, que ainda se apresentam em alguns municípios, como Baía Formosa. Uma das possibilidades de investigação é que o incidente possa ter relação com as últimas chuvas, que provocou inundações”, relatou.

Aguiar falou, ainda, sobre uma etiqueta encontrada vinculada ao município de Maragogi, Estado de Alagoas, e uma do município de João Pessoa, na Paraíba, mas a maior parte está com identificações associadas ao Estado de Pernambuco.

O diretor do Idema-RN, mencionou as orientações repassadas, inicialmente, aos municípios para o descarte correto e que foram encontradas 3 tartarugas e um golfinho mortos, mas a necropsia realizada pela Projeto Cetáceos Costa Branca da UERN, não associou ao incidente ambiental.

Em tratativas com as cidades atingidas, o Idema-RN recebeu a informação da presença de vegetação característica de região de água doce, o que indica também a probabilidade do incidente ter advindo das enchentes, ocorridas recentemente no Nordeste, que podem ter arrastado resíduos depositados em rios e córregos.

O secretário de Meio Ambiente de Pernambuco (SEMA-PE) e coordenador da Câmara Temática de Meio Ambiente do consórcio, José Bertotti, ressaltou que o encontro dos estados buscou adotar iniciativas concretas e articuladas. “O Consórcio Nordeste vai atuar conjuntamente contribuindo com Estados e Municípios atingidos. Apesar de ser um problema restrito a Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, nada assegura que não possa se estender a outros estados. Por isso, a necessidade do rastreamento e da boa política de resíduos sólidos, que prevê, orienta e educa. Este episódio não pode ficar sem respostas, alguém precisa ser punido”, destacou.

Ainda, segundo Bertotti, os municípios afetados com o incidente ambiental devem seguir as orientações do Programa de Combate ao Lixo no Mar, do Ministério do Meio Ambiente. Outra linha de trabalho, segundo José Bertotti, será a busca do auxílio de universidades e instituições de pesquisa para aprofundar as ações investigativas com o uso de mapeamento georreferenciado.

Neste sentido, a Superintendente de Inovação e Desenvolvimento Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente da Bahia (SEMA-BA), Clarisse Amaral, citou os pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que recentemente contribuíram com o estado da Bahia. “O know-how da UFRJ é muito positivo, nas pesquisas por satélite das correntes oceânicas durante a crise do óleo, também no Nordeste, eles ajudaram bastante. Faremos o contato com eles para verificar possibilidade de colaborar neste incidente”, disse.

Já o superintendente de Meio Ambiente da SEMAS-PE, Bertrand Sampaio, declara que, em Pernambuco, todos os municípios litorâneos dispõem de aterros sanitários. “As cidades possuem o Manifesto de Transporte de Resíduos e o documento permite o rastreio e gravimetria, não só com a tipologia, mas prevendo a quantidade e endereço do local de descarte”, explicou.

 

Ainda segundo o superintendente, é possível que as chuvas intensas de 9 a 10 de abril, na Região Metropolitana do Recife, possam ter contribuído com o ocorrido. Outra hipótese é a existência de Vórtices Aquáticas; “mas é estranha essa possibilidade, em razão da grande quantidade de lixo”, comentou Sampaio.  Resíduos que podem ser reciclados com a política de Educação Ambiental, como frisou Djalma Paes (Pernambuco), diretor presidente da Agência Estadual de Pernambuco–CPRH. “É preciso tratar e educar para o futuro”, como afirmou o subsecretário de Projetos do Consórcio Nordeste, Sérgio Leite.

O superintendente de Administração do Meio Ambiente da Paraíba (SUDEMA-PB), Marcelo Cavalcanti, falou que o material encontrado na região é semelhante ao do Rio Grande do Norte. “Fizemos um sobrevoo com equipes nas áreas de Goiana-PE a Pipa-RN e não localizamos manchas no oceano relacionadas ao incidente.

Na Paraíba, foram encontrados resíduos sólidos em Conde, João Pessoa e Cabedelo. Contabiliza- se cerca de 12 a 14 toneladas, mas estamos aguardando, ainda, comunicado oficial das prefeituras sobre os quantitativos coletados. Fomos informados pela Capitania dos Portos que não há nenhum registro de naufrágio na região. E uma outra informação é que também existe muita vegetação de água doce junto aos resíduos”, pontuou Cavalcanti.

Até o momento, os Estados de Alagoas, Sergipe e Bahia não encontraram registros do material vindo do mar. Participaram da reunião, Fabiana Santos, Ailton Rocha e Robson Henrique, representantes das Secretarias de Meio Ambiente de Alagoas, Sergipe e Rio Grande do Norte, respectivamente.

Visita técnica – A rede de apoio entre os estados já realizou, na manhã desta terça-feira, 27/4, uma visita técnica aos municípios atingidos pelo lixo nas praias com a participação de técnicos do Idema-RN e da Agência Estadual de Meio Ambiente do Pernambuco – CPRH, além de perito Ambiental da Polícia Federal. O objetivo é averiguar a situação in-loco e realizar coleta de informações e amostras para perícia técnica e Ambiental.

 

Notícias semelhantes
Comentários
Loading...
Page Reader Press Enter to Read Page Content Out Loud Press Enter to Pause or Restart Reading Page Content Out Loud Press Enter to Stop Reading Page Content Out Loud Screen Reader Support