Mossoró vive uma epidemia de arboviroses. A situação se deve, em grande parte, à pandemia da Covid-19. Nessa entrevista, o coordenador geral do combate às endemias da Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Adriano Gledson Eufrásio Freire, explica o porquê. Adriano Gledson fala sobre diversas questões relacionadas à vigilância epidemiológica, ao combate à Covid-19 e aos cuidados preventivos para essas doenças. Revela ainda que após 6 anos fechada, a unidade do Centro de Zoonoses de Mossoró foi reaberta. Acompanhe:
Por Márcio Alexandre
PORTAL DO RN – Como está a situação das doenças endêmicas em Mossoró?
ADRIANO GLEDSON – Hoje estamos muito preocupados com as arboviroses. Desde 2017 nosso departamento vinha com uma redução dos casos bastante significativa. Até ano o passado não tínhamos muitos casos. Como Mossoró vinha de uma epidemia em 2016 de muitos casos de dengue e chikungunya e 16 mortes, estávamos em alerta e em 2017, quando assumimos o setor arregaçamos as mangas e junto com os demais servidores conseguimos controlar as arboviroses, nos três primeiros anos no nosso município. Esse ano, infelizmente, a situação no momento é de epidemia por parte das arboviroses.
PRN – Qual o papel da população na prevenção dessas doenças? É possível se falar em erradicação delas?
AG – O papel da população é de grande importância porque mais de 80% dos focos estão nas residências e a prevenção está na mídia, nas escolas e e todos. Para fazer a prevenção. Para que isso ocorra, basta que todos executem as ações preventivas, como lavar seus reservatórios de água cobrir as caixas d´água, tanques e tonéis; ver calhas, plantas com jarros de água, enfim ser vigilante dentro da própria casa. Falar em erradicação neste momento é difícil porque já temos essa doença que é transmitida pelo mosquito já há mais de 25 anos no nosso pais.
PRN – Com a pandemia da Covid-19, as pessoas relaxaram um pouco nos cuidados preventivos em relação à dengue, chikungunya e zica?
AG – Com a pandemia a população relaxou sim com as arboviroses e por isso estamos enfrentando uma epidemia deste agravo em toda a cidade
PRN – Como coordenador da vigilância sanitária em Mossoró, qual a sua avaliação dos números da Covid-19 em Mossoró?
AG – Vou falar como coordenador das endemias da Vigilância em Saúde. Mossoró foi a primeira cidade do Estado a apresentar seu plano de contingência no Rio Grande de Norte no combate à Covid. A prefeitura vem investido pesado nessa pandemia, na qual temos três UPA´s (Unidades de Pronto Atendimento) recebendo pacientes e testando também. A população de Mossoró conta com uma UPA de referencia no combate à Covid-19, onde está montada uma grande estrutura, e na qual os pacientes menos graves ficam em tratamento, e os casos mas graves são encaminhados para o hospital de campanha. A Secretaria Municipal de Saúde fez um convênio para atender os paciente deste município. Hoje os casos vem diminuindo.
PRN – Uma das ações desenvolvidas no controle da proliferação são as barreiras sanitárias. Com qual frequência elas tem sido feitas e qual a importância delas?
AG – As barreiras sanitárias tiveram um papel muito importante nesta pandemia. Em março demos início à realização de barreiras nas BRs e RNs que cortam a cidade com apoio da Cruz Vermelha, Defesa Civil, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Guarda de Trânsito, equipe da Vigilância Sanitária e agentes de endemias. Todos desempenharam um grande papel na abordagem aos veículos que chegavam à cidade com diversas informações e distribuição de máscaras e encaminhamento de pessoas com suspeitas da doença aos equipamento de saúde. Quando é necessário, as barreiras sanitárias tem sido intensificadas nas quinta e sextas-feiras, dias em que há aumento no fluxo de pessoas vindo de outras cidade para Mossoró.
PRN – A fiscalização ao comércio, à redução das aglomerações também é outro instrumento importante. Há reclamações de que elas tem sido falhas em Mossoró. O senhor concorda?
AG – Em relação à fiscalização posso falar um pouco porque participei de alguns momentos com os fiscais. Foi um trabalho árduo que, na maioria das vezes, a população entedia que era necessário. Alertamos às pessoas na questão de alguns estabelecimento, orientamos para não aglomerar e tomar todas as medidas definidas protocolos publicados em decretos estadual e municipal.
PRN – Uma reclamação constante em Mossoró é em relação ao Centro de Zoonoses. Como está o trabalho do órgão? Ele está com sede fixa?
AG – Em relação ao Centro de Zoonoses, na última quinta-feira, foi reaberta, no bairro Nova Betânia, a unidade de Vigilância em Zoonozes, que estava fechada desde 2014, foi fechada na gestão passada. Agora temos um espaço físico onde passamos a funcionar. Antes, era uma sala na Secretaria de Saúde, mas hoje Mossoró ganha esta unidade, onde estamos organizando a parte administrativa e voltando alguns programas.
PRN – Espaço fica aberto para seus esclarecimentos e mensagem finais.
AG – Como coordenador das endemias gostaria de pedir aos munícipes para combater as arboviroses que vem assolando nossa cidade com um aumento de muitos casos e isso vem preocupando a equipe das endemias.