UFERSA quer aumentar nota mínima para ingresso de novos alunos
Medida desagrada o movimento estudantil que prevê maior dificuldade para estudantes oriundos das classes populares
A segunda reunião ordinária do Conselho Universitário (Consuni) da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), prevista para esta sexta-feira, 7/2, a partir das 8h30, na Sala dos Conselhos Superiores promete.
É que um dos pontos em análise e votação (item 4 da pauta) prevê o estabelecimento do aumento do ponto de corte para ingresso de novos alunos em seus cursos de graduação, a partir da pontuação obtida pelos estudantes no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM/Sisu).
A reclamação é maior porque, segundo os alunos, o aumento na nota de corte não será na média geral, mas por cada componente curricular. Para representantes do movimento estudantil, aumentar a nota de corte significa dizer que os filhos da classe trabalhadora terão cada vez menos acesso à universidade.
O Portal do RN contatou a UFERSA sobre o assunto. A universidade informou que não se trata de nota de corte, mas de uma nota mínima. Segundo o pró-reitor de Graduação, Rodrigo Codes, atualmente não há exigência de nota mínima para ingresso na UFERSA. Ele acrescentou ainda que a medida a ser adotada pela UFERSA se baseia no que já ocorre na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
O Portal do RN teve acesso ao relatório do professor Rodrigo Silva da Costa. Nele, o docente da uma informação contrário ao que revelou o pró-reitor de Graduação Rodrigo Codes, de que a UFERSA não adota pontuação mínima. O relatório ressalta que há sim estabelecimento de pontuação mínima por componente curricular.
“A proposta mais impactante nesta minuta se refere ao aumento na nota mínima para aprovação passando de 300 pontos para 350 pontos nos domínios Ciências da Natureza e suas tecnologias, Ciências Humanas e suas tecnologias, Linguagens, códigos e suas tecnologias, Matemática e suas tecnologias, e de 300 pontos para 500 pontos na Redação”, aponta Rodrigo em seu relatório.
A coordenadora geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE/UFERSA), Ana Flávia Lira, contesta o argumento da Universidade de que aumentar a nota mínima por cada componente colocará a UFERSA nos padrões da UERN e UFRN. “Essas instituições tem notas mínimas de corte por componente curricular para alguns cursos que estão abaixo daqueles que a UFERSA já utiliza”, acrescenta.
A estudante diz acreditar que aumentar a nota mínima de cada componente para ingressos de novos alunos é fechar as portas da universidade para estudantes oriundos das camadas mais humildes da população. “São estudantes que sofrem com as dificuldades de sobrevivência diária, com a precarização do ensino público. Então, aumentar a nota mínima é dificultar o cesso dessas pessoas à universidade”, conclui.