CRÔNICA

ROCAS-QUINTAS (02)

Continuemos o passeio iniciado em texto anterior, seguindo por aquela que por muitos anos foi a mais conhecida linha de ônibus urbanos na capital do Rio Grande do Norte: a Rocas-Quintas. No corredor de Rua Mário Negócio sucediam-se os marcadores que orientavam a mobilização no bairro das Quintas. Ultrapassada a linha férrea, na Guarita, começava o desembarque das pessoas com destino às várias ruas vizinhas daquela artéria principal. A Pedro Novoa, do conhecido Cinema São José, a São Geraldo, do mercado e da feira, a Nações Unidas, Alípio Bandeira, Marcos Cavalcante, Mário Lira. Um visitante, sem familiaridade com o bairro poderia pedir a colaboração do motorista ou cobrador do ônibus para descer na parada do Armazém Cacique, referência, naqueles tempos, no comércio de materiais para construção civil em toda aquela área. Ou próximo ao Hospital Dr. Luiz Antonio, também conhecido como Hospital da Liga, único, então, especializado em tratamento de câncer na capital. Esse ponto era relacionado também por sua proximidade com uma então importante empresa natalense, a Jossan, mas seria mais esclarecedor para o morador dali se o desconhecido dissesse que era perto da “fábrica de pregos”. Teria que caminhar por ali quem quer que fosse subir em direção à igreja católica das Quintas, a Igreja de Nsa. Senhora do Perpétuo Socorro, do Padre Tiago, na esquina da Luiz Fernandes com Marcos Cavalcante.

Seguindo em frente, passando ao largo da entrada para Igapó, à direita, e o antigo matadouro, do lado esquerdo, chegava-se ao pontilhão sobre o Rio das Quintas. Alguns metros antes, o encontro em terra batida do final da Av. Bernardo Vieira com a Mário Negócio era marcado por um considerável desnível do terreno, mais baixo no sentido sul e, por isso, o acesso ao rio era um barranco que a população das Quintas, principalmente mulheres, precisava escalar, subindo e descendo com as trouxas de roupa para lavar nas águas correntes e ainda limpas o suficiente para essa utilidade. Não era trabalho fácil, principalmente a subida, com a roupa molhada e, consequentemente, pesando muito mais.

O Bairro das Quintas ficara para trás. Daí até Peixe Boi, era a estrada de Macaíba, ou estrada de Mangabeira. Cerca de um quilômetro após o “Posto Fiscal” a “curva da morte”, uma mudança acentuada de direção para a direita que, junto com o declive do terreno, a precária estabilidade dos veículos da época e a sobra de desatenção, provocavam frequentes acidentes que rendiam ao logradouro a temível denominação. Ainda assim, felizmente, a viagem do Rocas-Quintas, na sua praticamente totalidade, terminava em paz.

Notícias semelhantes
Comentários
Loading...
Page Reader Press Enter to Read Page Content Out Loud Press Enter to Pause or Restart Reading Page Content Out Loud Press Enter to Stop Reading Page Content Out Loud Screen Reader Support