Crônica

RADIONOVELAS

A novela é parte ou se confunde com o gênero literário do romance, narrativa de fatos humanos de forma exagerada, fantástica, ou simplesmente intrincada de modo a instigar a curiosidade por um desfecho que desde o início sabe-se que haverá, ou seja, a história não findará sem que aquelas complicações se resolvam e na expectativa favorável aos heróis que se identificam com o ideal do bem. Não obstante, durante o desenvolvimento da produção, o clima de suspense é essencial. Quando todas as pendências se resolvem e, em tese, a vida dos personagens fluirá daí em diante em um mar de tranquilidade, é o último capítulo. Não haveria mais audiência. A normalidade não interessa a ninguém, não emociona. Mesmo fictícias, essas histórias precisam ser verossímeis para que sejam envolventes.

Em países da América Latina, particularmente, novelas foram adaptadas com sucesso para apresentação seriada, primeiro no rádio, depois na TV. As clássicas mexicanas. As do Brasil, especialmente pródigo na produção do gênero. No rádio, as produções começaram com edições ao vivo até que as gravações em fita magnética propiciaram não apenas um produto mais bem acabado, mas também a reprodução, em emissoras de todo país, das novelas feitas no Rio de Janeiro e São Paulo. São icônicas as novelas da Rádio Nacional do Rio, com seus personagens incorporados às conversas cotidianas de pessoas de todos os extratos sociais, como Albertinho Limonta, Isabel Cristina e Mamãe Dolores, de O Direito de Nascer. Nomes como Ivani Ribeiro, Geraldo Vietri, Janete Clair, Moysés Weltman, tornaram-se conhecidos nacionalmente, associados à criação dessas histórias.

A Rádio Difusora de Mossoró apresentou inúmeras radionovelas gravadas em fita magnética, com atores de emissoras principalmente do Rio de Janeiro e teve, também, seu próprio elenco. Com script na mão, várias pessoas ao mesmo tempo no pequeno espaço da cabine, um só microfone, direção amadora e muita vontade, profissionais da locução, locutores e locutoras, transformados em radio-atores, tinham a desafiadora tarefa de produzir a emoção sugerida pelo texto, criar o clima perfeito para a imaginação, pelo ouvinte, do cenário e da imagem dos personagens, com o uso exclusivo da voz e, no máximo, algum recurso de sonoplastia.

Como os romances escritos, lidos por qualquer pessoa, as novelas de rádio tinham público eclético. Mas um forte preconceito na época as relacionava à audiência feminina. E a voz do locutor reforçava, ao início de cada capítulo, com uma expressão solenemente pronunciada: “Senhoras e Senhoritas!!!”

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