Por Nazareno Silva
Em 2024 a história da fé do povo de Deus de Areia Branca se repete com o mesmo fervor.
113 anos de procissões e fé de um povo que é maior do que sua vulnerabilidade, porque a fé uma expectativa certa da realidade. É uma busca pela consciência da verdade que só pode ser encontrada na Casa do Senhor, onde não existe Satanás.
O nosso povo litorâneo por natureza, e firme na sua certeza, é trabalhador, tem fé em Nosso Senhor mesmo nas estações brutais, é gigante na dor e sua esperança é muito mais.
A história de Nossa Senhora dos Navegantes, hoje a epopeia da gente areiabranquense, teve sua ascendência quando os atribulados homens do mar revolto num instante de desespero e pavor, foram impelidos a usarem a fé que estava entre o céu e o mar.
Para os incrédulos, a Santa Milagrosa jamais disperdiçaria suas graças com homens rústicos e pesados de língua. Ledo engano. O grito lancinante naquela noite voraz, soou para a Santa do Mar como notas dulcíssimas do alaúde árabe, se transformando num canto de louvor nas ondas que rolavam num turbilhão de espumas. A noite triste – acreditem -, sugou o sono dos olhos quase apagados dos marinheiros que pareciam ter o coração feito de escuro, como escuro estava o mar.
Mas…em um momento fé fé, o auxílio divino minimizou a ferocidade das ondas e o batéu foi conduzido pela Mão Poderosa ao porto salvador. A fé dos marinheiros foi a tirada ao mar, como uma espécie de crucifixo e em breve a borrasca parou. Foi a Deusa do Mar. Em paz, os homens puderam chegar à praia porque, para eles, Areia Branca é a terra dos amores, alcatifada de flores, onde a brisa fala de amores, nas belíssimas tardes de agosto. Em agosto, até o jangadeiro triste vai esconder suas mágoas no mar, porque é no mar de Areia Branca que o homem amargurado dar novas cores ao céu e recebe novas vozes, e novas asas à alma exausta das coisas da terra.
Em agosto, Areia Branca é assim: cheia de encantos, milagres e flores à Deusa do Mar.
Areia Branca da Senhora dos Navegantes, 15 de agosto de 2024.