Com o anúncio de investimentos da Petrobras em torno de R$ 90 milhões para pesquisas em hidrogênio sustentável, o Rio Grande do Norte dá mais um passo para desenvolver a cadeia de hidrogênio, apontado como combustível do futuro. A estatal assinou Termo de Cooperação com o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), para a construção de uma planta piloto de eletrólise para estudo da cadeia de hidrogênio sustentável (baixo carbono). As ações devem seguir por três anos e serão utilizadas instalações da Usina Fotovoltaica da companhia no município de Alto do Rodrigues.
O objetivo é avaliar a produção e utilização do hidrogênio produzido a partir da eletrólise da água, com o uso de energia solar. Para o diretor do Senai/ISI-ER, Rodrigo Mello, o reconhecimento de uma empresa do porte da Petrobras pelo trabalho desenvolvido no instituto vai, naturalmente, fazer com que o estado seja referência em soluções para esse mercado, uma vez que serão desenvolvidas e baseadas em condições de produção do estado.
“Sendo o Rio Grande do Norte o líder do processo, com profissionais que estão aqui, com equipamentos que instalados no estado, toda uma cadeia de oportunidades de negócios, de fornecedores, prestadores de serviço e até de equipamentos, começam a surgir pelo Rio Grande do Norte”, destaca o diretor.
Ao longo da parceria entre a Petrobras e o SENAI-ER destacam-se: a instalação de estação meteorológica e operação e manutenção de sistema fotovoltaico de alta concentração; estudos da influência dos efeitos térmicos na modelagem do recurso eólico e da geração fotovoltaica centralizada e seu impacto no sistema elétrico e o desenvolvimento de metodologias para medição e avaliação do potencial eólico offshore.
O Senai/RN é a principal referência da rede no Brasil em Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) em energia eólica, solar e sustentabilidade, incluindo novas tecnologias em hidrogênio e combustíveis avançados. O instituto já trabalha há 20 anos com a Petrobras na área de energias renováveis e hidrogênio. “Então é um momento bem importante e de muita satisfação da gente ter fortalecido o elo de ligação que a gente tem com a Petrobras. O projeto foi contratado este mês e as equipes estão discutindo as estratégias e rumos, etapa a etapa, enfim, detalhes do projeto”, explica Mello.
A Usina Fotovoltaica de Alto do Rodrigues, construída originalmente para fins de pesquisa e desenvolvimento, será ampliada de 1,0 MWp (Megawatt pico) para 2,5 MWp, para suprir a demanda elétrica da unidade piloto de eletrólise a ser instalada. O hidrogênio produzido será também utilizado para avaliar o desempenho e integridade estrutural de microturbinas em função da combustão de misturas de hidrogênio e gás natural.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que entre os benefícios para a empresa estão o desenvolvimento de conhecimento sobre o comportamento de equipamentos em função da mistura de hidrogênio ao gás natural, visando modelos de negócio de interesse da companhia. “Esta é mais uma iniciativa que contribuirá para a análise de viabilidade econômica de projetos para produção de hidrogênio de baixo carbono e seus derivados”, afirma Jean Paul.
O interesse da companhia é avançar no conhecimento sobre a operação da tecnologia de eletrólise diretamente conectada à fonte de energia renovável, com suas características intermitentes.
Fiern e Aper: projeto é um marco para as energias renováveis
O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), Roberto Serquiz, comemorou mais essa parceria do Senai com a Petrobras. “O novo tempo de cooperação da Petrobras com o Instituto Senai de Inovação-ER é um reconhecimento da importância e da competência, tanto do Centro de Tecnologia Referência, como do Instituto de Inovação”, destacou.
Ele ressalta que esse é o momento em que serão realizados os estudos, pesquisas para desenvolvimento na cadeia do hidrogênio verde. “Portanto, a importância está não só no reconhecimento, mas também na qualidade do serviço que será prestado em prol exatamente da economia verde, do desenvolvimento desse novo produto que é o carro-chefe da energia offshore”, acrescenta Serquiz.
O presidente da Associação Potiguar de Energias Renováveis (APER/RN), Cassio Maia, considera que a assinatura do termo de cooperação é um marco para as energias renováveis no nosso estado. “Esse investimento faz parte dos R$ 5,5 bilhões que a Petrobras já tem definidos no seu planejamento dos próximos cinco anos, já a partir desse ano para investimento na área de solar, eólica, energia de baixo carbono de forma em geral. E a gente sabe que o hidrogênio verde é uma tendência mundial e que nosso estado já vem se posicionando muito bem quanto a isso”, disse.
Para ele, com a vocação para produzir energia limpa, o Rio Grande Norte deve se destacar na produção de hidrogênio verde. “A gente espera que a planta, que é um piloto, seja desenvolvida com sucesso, que seus estudos, suas análises também tragam bons resultados e que, a partir dela, venham muitos outros investimentos para nosso estado”, declarou o presidente da APER/RN.
Tribuna do Norte