CRÔNICA

ONDE NATAL IA JANTAR

Todo visitante ilustre em Natal dos anos 1960 e 1970 jantava na Carne Assada. Do Lira ou do Marinho. Ficavam ambas nas proximidades da Vila Ferroviária, nas Rocas, a cinco minutos do centro da cidade. Se era ilustríssimo tinha o Restaurante do América ou Iate Clube, mais chiques. Mas o prato típico da cozinha regional, a carne de sol acompanhada de macaxeira e outros sabores da terra, aguçava a curiosidade e o apetite dos que vinham de fora e era a principal sugestão de quem os recebia.

Cidade à beira-mar, Natal não podia ignorar a culinária praiana. A Peixada da Comadre, também nas Rocas, Rua São João, supria bem esse item com insuperáveis preparados de peixes de alta qualidade e a singularidade de juntar em ambiente típico de uma residência comum nordestina, pessoas comuns e convivas importantes. Jantar em uma mesa tendo naturalmente em uma vizinha, governadores, parlamentares, empresários importantes ou artistas de expressão nacional.

A cidade não oferecia muita escolha para quem se dava ao luxo de jantar fora, mas não deixava sem opções quem quisesse fazê-lo. De Areia Preta ao Forte, contava-se com os Restaurantes Muqueca Capixaba, Saravá e o do Pâmpano. Não longe daí, perto do Iate, o Restaurante da Rampa. No segmento médio, o natalense daquela época lembra da Galinha de Mãe, na Rua do Areal, caminhos da Praia do Meio, com cardápio variado, mas sem deixar dúvidas, pelo nome do estabelecimento, sobre o prato principal, aquele que deveria fazer o paladar do cliente sentir-se em lugar especial. Para o outro lado da cidade, na direção do Alecrim, a escolha poderia ser a Churrascaria Don Pedrito, na Presidente Bandeira (Av. 2), esquina com a então Rua ABC. O restaurante foi um dos primeiros, se não o primeiro na cidade, a adotar a denominação de churrascaria, sugerindo preparo de carnes à moda gaúcha, embora o nordestino, tradicionalmente, goste mesmo é de carne assada. Outra opção muito conhecida na categoria média era o Feijão Verde de Zé Nunes, Rua Dr. José Borges, limites de Lagoa Seca e Boa Sorte, distância que na avaliação relativa dos daquele tempo, era dita “longe” por quem morava no centro da cidade ou arredores.

Quem gostava de locais mais informais ia à Tenda do Cigano na Praia do Meio, Picado do Monteiro, na Alexandrino de Alencar, Brisa Del Mare, no Paço da Pátria, ou podia esperar a noite de sexta-feira, véspera da Feira do Alecrim, para comer um picado a céu aberto, em uma barraca qualquer. Aí, até poderia encontrar Câmara Cascudo, Newton Navarro ou outro natalense que virou rua ou monumento.

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