Linha de frente

O sacrifício dos pais que se distanciam dos filhos para combater a covid-19

O distanciamento familiar é um dos sacrifícios para quem está na linha de frente, no dia a dia, dedicando o seu tempo no tratamento dos pacientes

A pandemia do novo coronavírus está exigindo o sacrifício de milhares de profissionais de saúde no mundo todo. O distanciamento familiar é um dos sacrifícios para quem está na linha de frente, no dia a dia, dedicando o seu tempo no tratamento dos pacientes. Isso inclui separar pais e filhos, que tiveram suas rotinas e relacionamentos alterados pela pandemia.

Diretor do Hospital Hapvida Mossoró, o médico Narcísio Bessa tem um filho de apenas dois anos e pouco tem ficado com ele nos últimos meses. É que a pandemia exige que ele fique mais tempo no hospital e menos em casa. “A pandemia interfere diretamente no nosso relacionamento, pois ocupa mais tempo com o trabalho e acaba nos afastando”, relata.

Com a distância do pequeno Narcísio Neto, a saudade acaba sendo uma companheira diária na unidade hospitalar. E para amenizar um pouco esse sentimento, Narcísio recorre ao celular. “A gente faz chamadas de vídeo e liga para ouvir a voz, para ir amenizando um pouco a saudade”, conta.
Nem mesmo o Dia dos Pais, comemorado neste domingo (09/08), será livre para o médico. “Vou ter que dividir o dia entre ele (filho) e o hospital”, declara Narcísio.

O enfermeiro Ricardo Fernandes trabalha no setor de UTI para Covid-19 do Hospital Regional Tarcísio Maia, o segundo maior hospital público do Rio Grande do Norte, e também tem um filho de dois anos.

O profissional lembra a rotina que tinha com o pequeno Daniel Fernandes antes da pandemia, de chegar em casa e abraçar e brincar com ele. Rotina que foi deixada pra trás por medo de contaminação. “Vi muitos colegas de trabalho adoecendo e sempre tinha aquela dúvida: será que eu já estou com Covid-19 ou não?”, relata.

Ele conta que tomou várias medidas de precaução para não levar o vírus para dentro de casa. Uma delas foi se isolar dentro do quarto, em silêncio, para que o seu filho não percebesse que ele estava presente. “Diversas vezes escutei ele batendo na porta do meu quarto, chorando e pedido para entrar. Ficava triste com a situação, mas sabia que era para o bem dele”, testemunha.
O sacrifício de se distanciar dos filhos pequenos encontra amparo no orgulho de estar ajudando a milhares de pessoas a se recuperar da Covid-19. “Quando escolhemos uma profissão da área de saúde, sabemos da missão que estamos assumindo. Missão que exige ainda mais compromisso em momentos como esse de pandemia”, conclui o médico Narcísio Bessa.

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